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Álvaro Santos Pereira indigitado governador do Banco de Portugal

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// Estela Silva / Lusa

Álvaro Santos Pereira

O economista Álvaro Santos Pereira é o escolhido para governar o Banco de Portugal (BdP), sucedendo no cargo a Mário Centeno.

O ZAP já tinha noticiado, na manhã desta quinta-feira, que Álvaro Santos Pereira era o favorito à sucessão de Mário Centeno.

A confirmação de que o ex-ministro da Economia e do Emprego (2011-2013) é o novo Governador do Banco de Portugal chegou ao início da tarde.

A indicação foi tomada na reunião de do Conselho de Ministros, esta quinta-feira, e anunciada no final, em conferência de imprensa, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares.

António Leitão Amaro que revelou que o nome de Álvaro Santos Pereira foi uma proposta de Joaquim Miranda Sarmento – que, curiosamente, foi ausência nesta reunião do Executivo.

“Por decisão do Conselho de Ministros, por proposta do ministro das Finanças, [o novo governador] será o professor doutor Álvaro Santos Pereira”, anunciou Leitão Amaro.

Álvaro Santos Pereira é, desde o início do ano passado, economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Há cerca de duas semanas, numa entrevista ao Expresso, o ex-governante afirmou estar “muito feliz” no atual cargo de economista-chefe da OCDE

Na mesma ocasião, sobre a possibilidade de vir a ser o próximo Governador do BdP preferiu não comentar: “Não vou comentar quem será o futuro governador — pode ser governadora também — nem qualquer outro tema sobre o Banco de Portugal. Não me cabe a mim comentar”.

No entanto, deixou, depois, críticas indiretas à governação Mário Centeno: “O mais importante é que o Banco Central seja independente do poder político. O Banco Central não pode ser político, tem de ser independente e técnico”, apontou.

Questionado diretamente sobre se considerava que Mário Centeno tinha sido um governador independente, Álvaro disse: “não vou comentar”.

Embora tendo sido ministro do Governo PSD/CDS-PP, Álvaro não é militante de nenhum dos partidos. Terá sido, precisamente, o perfil independente de Santos Pereira que terá sido uma das motivações para esta escolha Executivo.

“O professor Álvaro Santos Pereira não é governante há mais de uma década, não é membro de nenhum partido político, nunca foi candidato por um partido político, serviu Portugal”, disse.

Por seu turno, criticou Mário Centeno e a alegada falta de independência, defendendo que a “boa preservação da independência” teria recomendado um “período mínimo de dois/três anos” entre o Governo e o Banco de Portugal.

“A experiência de cargos executivos pode ser uma mais-valia, desde que sejam garantidas as condições de independência, e não haja uma passagem quase como de mudar de barco sem molhar os pés”, reforçou.

Santos Pereira só em setembro

O economista de 52 anos sucede a Mário Centeno, cujo mandato terminou no último domingo.

Santos Pereira tem pela frente um mandato de cinco anos; e será o membro nacional do conselho de governadores do Banco Central Europeu responsável pela condução da política monetária da Zona Euro.

O nome do próximo governador terá de passar agora pela Assembleia da República para uma audição. No entanto, as comissões parlamentares apenas funcionam até esta sexta-feira (25), indo depois para férias parlamentares. Neste cenário, Santos Pereira só deverá entrar em funções em setembro.

Carneiro lamenta decisão

Em reação, o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, considerou que a substituição do atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, “é uma decisão negativa que quebra um compromisso histórico de reconduzir o titular do cargo”.

“Do meu ponto de vista, foi uma decisão negativa não reconduzir o governador do Banco de Portugal, porque não se viu colocar em causa o seu mérito e a sua competência, o seu prestígio, o seu estatuto internacional”, disse o líder socialista.

Luís Montenegro havia elogiado a competência de Centeno, no último fim-de-semana, o que ainda fez crer que o ex-ministro socialista iria ser reconduzido.

José Luís Carneiro reforçou os elogios e diz não entender a decisão de não recondução: [“Mário Centeno] é uma das personalidades que mais prestígio tem no sistema de bancos europeu. É reconhecido pelos seus pares, o Banco de Portugal tem cumprido as suas funções primordiais e hoje temos o sistema financeiro devidamente consolidado – o próprio primeiro-ministro reconheceu esse mérito”, acrescentou José Luís Carneiro, na casa Episcopal de Setúbal.

O líder socialista lembra que “é a primeira vez em muito tempo que se quebra um compromisso histórico de reconduzir o governador do Banco de Portugal”.

“Espero que não se venha a desenvolver este padrão, porque é um padrão que tem vindo já a ser demonstrado em outras decisões do Governo”, acrescentou, considerando que se está perante o mesmo padrão que determinou a substituição da ex-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge.

“Assumir uma opção e depois procurar encontrar matérias para colocar em causa o bom nome das pessoas que serviram a instituição, não é adequado. É imoral”, concluiu o líder socialista.

ZAP //

1 Comment

  1. “… o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, considerou que a substituição do atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, “é uma decisão negativa que quebra um compromisso histórico de reconduzir o titular do cargo””.
    Estes sujeitos do PS não se recordam do que fizeram desde 2015 a 2024, que mais não foi do que quebrar acordos e tradições, que perduravam na política.
    O sujeito do “poucochinho” do PS, António Costa, destrona o seu “compagnon de route”, José Seguro, e fica a chefiar o PS. O PS do António Costa perde as eleições legislativas de 2015 e faz uma geringonça com a esquerda e governa durante quatro anos, impondo ainda ao País o presidente da Assembleia da República do PS.
    Mas outras diatribes fez António Costa do PS, designadamente a nomeação do Sr. Mário Centeno como Governador do Banco de Portugal, que no dia anterior era Ministro das Finanças, fazendo gato sapato do anterior Governador do Banco de Portugal. Mais, deita pela borda fora o chefe do Estado Maior da Armada e nomeia Gouveia e Melo, que agora apareceu a embaralhar as contas do PS para as Presidenciais.
    Este PS já não se recorda das diatribes que fez enquanto poder.
    O PS de António Costa até consegue implodir-se, não chegando ao fim da legislatura, quando era maioria absoluta, para que António Costa fosse para a Europa!
    Agora, no tempo do PS no poder, até os Governos de maioria absoluta caem, tal é o equilíbrio do PS.
    Que autoridade tem o PS para se lamentar da libertação do Sr. Mário Centeno de Governador do Banco de Portugal, que nestes últimos dias se soube das diatribes que fez, desde a assunção da construção de uma nova sede de milhões, nomeações de amigalhaços e talvez outras coisas que se vão conhecer, sabendo que talvez não se manteria como Governador de Portugal.
    Agora, o Sr. Centeno pode candidatar-se a 1.º Ministro, em vez de José Luís Carneiro, quando chegar a hora, como queria António Costa, ou até candidatar-se a presidente da República. Era esta a independência do Sr. Mário Centeno.

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