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Congresso do Chega. Direção de André Ventura eleita com 79%

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Paulo Novais / Lusa

A direção nacional do Chega, proposta pelo líder e deputado André Ventura, foi eleita com 79% dos votos naquele que foi o III congresso nacional do partido.

A direção de André Ventura foi eleita com 79% este domingo. O líder do partido tinha pedido uma “maioria reforçada”, acima dos 50% dos votos, quer para a sua lista quer para a moção global de estratégia, que se se considera ser votada juntamente com a direção nacional.

Para a direção nacional, votaram 377 delegados, tendo-se registado 312 votos a favor, 29 abstenções e 36 nulos.

Os resultados foram anunciados pela mesa do congresso cerca das 16h00, pouco antes de começar a sessão de encerramento, já com uma hora de atraso. Depois, foram anunciados os resultados para o conselho nacional, a que concorreu apenas a lista de Ventura, que obteve 311 (83%) em 364 congressistas.

No conselho de jurisdição nacional, a que concorreram três listas e votaram 364 delegados, venceu a lista B, de Rodrigo Taxa, com 201 votos (54%), seguido pela lista C, de José Dias, com 94 votos (25%) e pela lista A, de Carlos Monteiro, com 64 votos (17,2%).

Um empate a 180 votos entre as listas A e B para a mesa do congresso nacional vai obrigar à repetição da eleição para este órgão no congresso do partido, confirmando a notícia já avançada pelo Observador.

Foram ainda empossados a comissão política nacional, órgão de consulta do presidente e por ele nomeado, liderado por Diogo Pacheco de Amorim, e também a comissão de ética, presidida por Rui Paulo Sousa.

Salvini no congresso do Chega

O ex-vice primeiro-ministro italiano Matteo Salvini disse hoje que o seu objetivo é juntar no Parlamento Europeu as famílias políticas dos populares, conservadores e identitários.

“O meu sonho é juntar o melhor destas três famílias para contrastar com os socialistas e comunistas e contra os que são contra a Europa dos povos e da liberdade”, disse o convidado do Chega, partido que integra o grupo europeu Identidade e Democracia (ID).

Numa intervenção fortemente aplaudida, Salvini deu as boas-vindas ao Chega na entrada naquela “grande família europeia”, cujo seu objetivo é “alargá-la”, e elogiou o “excelente” resultado de Ventura nas eleições presidenciais de janeiro deste ano, nas quais obteve cerca de meio milhão de votos.

O político italiano, que é contra a imigração, disse que partilha com o líder do Chega as mesmas ideias sobre o trabalho, a segurança, família e liberdade, “numa Europa livre”. Salvini disse ainda que vai ser julgado com muita honra pela falta de auxílio à imigração ilegal para “defender a Itália e a Europa”.

Dirigindo-se diretamente aos militantes do Chega, alertou que os adversários políticos não estão dentro do partido, “mas lá fora”, e desejou que o partido de André Ventura chegue ao Governo português.

Na sua intervenção, anunciou que vai na segunda-feira visitar o santuário de Fátima, enquanto símbolo, “porque a Europa é cristã, Portugal é cristão”.

Matteo Salvini ocupou, de 2018 a 2019, os cargos de vice-primeiro-ministro de Itália e ministro do Interior.

O outro convidado do Congresso do Chega, Ludovit Goga, do Sme Rodina, da Eslováquia, também da família europeia ID, relatou que o partido entrou no parlamento com oito deputados e hoje tem 17 parlamentares e está no Governo com mais três partidos.

PSD: “Foram ultrapassados os limites da decência”

O PSD desistiu de estar presente na cerimónia de encerramento do congresso do Chega por considerar que foram ultrapassados os “limites da decência e bom senso” na forma como os sociais-democratas foram tratados durante os trabalhos.

O anúncio foi feito pela direção nacional de Rui Rio, uma hora antes do início da sessão de encerramento, onde deveriam estar presentes o vice-presidente Maló de Abreu e o líder da distrital de Coimbra, Paulo Leitão.

Há limites que a decência e o bom senso não permitem que possam ser ultrapassados, quer na forma, quer no conteúdo das alocuções” durante o congresso e “esses limites, tal como é seu timbre, foram, mais uma vez, ignorados pelo líder do Chega”, lê-se no comunicado.

Na nota, o PSD visa mais do que uma vez André Ventura. “Em face do conteúdo e da forma como o líder do Chega se referiu nas suas intervenções ao PSD, o Partido Social Democrata decidiu não se fazer representar na cerimónia de encerramento para a qual estava convidado”.

O partido justificou a aceitação do convite para “estar protocolarmente presente no encerramento” do congresso do Chega porque essa é “a atitude que a direção nacional do PSD entende dever tomar, relativamente a todos os partidos com assento parlamentar – da direita à esquerda – sempre que recebe idêntico convite”.

Os sociais-democratas, alega-se no texto, afirmaram ser “óbvio que há muitíssimas diferenças” entre os dois partidos e que, “em democracia, ninguém pode estranhar que, num congresso partidário, essas diferenças sejam evidenciadas”.

“Nós próprios sempre o fizemos em todos os nossos congressos, relativamente aos nossos adversários políticos”, continua o documento. É por isso que, se “o presidente do Chega é livre de adotar a forma, o conteúdo e a teatralização política que achar que melhor lhe convém”, então o PSD “é igualmente livre para escolher a resposta que entende como mais adequada às opções seguidas pelos seus adversários”.

Durante o congresso, Ventura rotulou Rui Rio de “mau líder do PSD” e chegou a dizer que um eventual governo, sozinho, dos sociais-democratas seria idêntico a um governo do PS, de António Costa.

E desde sexta-feira que tem insistido na tese de que o Chega deve fazer “exigências” e deve “impor as condições” a um eventual acordo à direita para o Governo, com o PSD.

// Lusa

2 Comments

  1. A melhor parte foi o anúncio de que amanhã o Ventura vai visitar o local das “alucinações” de Fátima – porque “Portugal é cristão”!…
    Ahahahaaa… muito me ri…
    Foi pena a Le Pen ou o Putin não terem aparecido na festa…

    • A melhor parte foi o anúncio de que, hoje, o Ventura não vai visitar o local das “visões” de Fátima – porque “Portugal é cristão”!…
      Ah, ah, ah, ah, ah… muito me ri…
      Não foi pena a Le Pen ou o Putin terem aparecido na festa…

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