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Chega considera que voltar atrás no desconfinamento pode ser “triplamente trágico”

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António Pedro Santos

O presidente do Chega, André Ventura, considerou que “Portugal não aguenta voltar atrás no desconfinamento” e que isso “pode ser triplamente trágico”, embora ressalvando que “a saúde está sempre em primeiro lugar”.

André Ventura falava esta segunda-feira aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que está a ouvir os partidos políticos com assento parlamentar sobre o Orçamento Suplementar para 2020 e o Programa de Estabilização Económica e Financeira do Governo.

A propósito do aumento do número de casos de covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, o presidente e deputado único do Chega afirmou que “Portugal não aguenta voltar atrás no desconfinamento numa altura em que toda a Europa está a desconfinar“.

“Estaríamos a confinar em contraciclo. Se já foi trágico nos primeiros meses do confinamento, pode ser triplamente trágico agora”, considerou.

Para o Chega, no entanto, “a saúde está sempre em primeiro lugar“, há que “ouvir os especialistas” e “se for necessário voltar atrás, tem de se voltar atrás”. “Mas é uma decisão que não pode ser tomada com a pressa, com a leviandade e com o contraciclo que foi a primeira”, acrescentou o presidente do Chega.

André Ventura acusou Governo de ter prejudicado “a imagem de Lisboa a nível internacional” com a sua “incapacidade de comunicação” e alegou que “a situação em termos de capacidade hospitalar” na região “está a deteriorar-se muito significativamente”.

Adiantou que “não avançaria, para já, com cercas sanitárias, sem ter a informação toda”.

Voto contra no Suplementar

Em relação ao Orçamento Suplementar para 2020, o presidente do Chega disse ter transmitido ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, as razões para o voto contra o diploma do Governo “e que se prendem com a inexistência de uma estratégia efetiva que possa acautelar os riscos da crise” atual.

O deputado defendeu que deveria haver “uma estratégia de almofada em relação à situação fiscal e financeira do país” e que o Governo, com este Orçamento, se limita a “ficar à espera de mão estendida que venha o dinheiro da Europa para cobrir a falta de liquidez”. “Arriscamos a estar daqui a uns meses a ter as mesmas soluções que tivemos há nove anos com a crise“, sustentou André Ventura.

De acordo com o relatório desta segunda-feira da Direção-Geral da Saúde, desde domingo registaram-se mais quatro mortes com covid-19 e mais 259 infetados, a maioria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde tem surgido a maioria dos novos casos.

Em Portugal, os primeiros casos desta doença foram confirmados no dia 2 de março e já morreram 1.534 pessoas num total de 39.392 casos contabilizados.

Manifestação “é de tudo menos de supremacia branca”

Na mesma intervenção a partir do Palácio de Belém, o presidente do Chega afirmou que a manifestação que está a promover para sábado “é de tudo menos de supremacia branca” e que não estará ao lado de quem defende essa ideologia.

“É uma manifestação de tudo menos de supremacia branca, de tudo menos de nazis. É uma manifestação que quer juntar forças políticas que condenaram a associação do racismo, esta ideia de que há racismo por todo o lado, esta ideia de que os portugueses são racistas e de que as forças policiais são uns criminosos e uns bandidos”, declarou André Ventura aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.

O deputado único do Chega fez questão de referir que a manifestação sob o lema “Portugal não é racista” que o seu partido está a organizar “não foi assunto” de conversa com Marcelo Rebelo de Sousa e “é matéria que ficará para outro fórum”.

“Nós, obviamente, respeitaremos as indicações da Direção-Geral da Saúde (DGS). O que para nós é claro é isto: o tempo em que a esquerda dominava a rua acabou em Portugal e nós vamos mostrar isso já no próximo sábado”, afirmou.

Confrontado com o facto de essa mesma afirmação ter sido proferida a meio deste mês pelo neonazi Mário Machado, num vídeo em que pede ao Chega que promova ações de rua, e questionado sobre em que medida aceita ou rejeita a ideia de supremacia branca e uma aliança com os grupos neonazis, André Ventura respondeu: “Rejeitamos completamente”.

Sempre o dissemos, voltamos a dizê-lo. A esquerda e a extrema-esquerda têm interesse em fazer estas associações, porque pensa que afasta eleitorado. Como se vê nas sondagens, não afasta. Portanto, podem continuar a tentar, ninguém acredita nisso. Ninguém acredita que aqui é um partido de neonazis ou de nazis, as pessoas acham isso ridículo”, acrescentou André Ventura.

Interrogado se não estará ao lado de quem defende essa ideologia, declarou: “Não. Eu nunca estive, portanto, também não estarei. Estarei lado a lado com os portugueses de bem, com os portugueses comuns, com aqueles que estão fartos disto e que querem um país diferente. Esses é que vão sair à rua no sábado”.

Segundo o presidente do Chega, “as pessoas estão fartas da hipocrisia do politicamente correto, estão fartos dos coitadinhos que são sempre os coitadinhos e as forças de segurança são sempre os mauzões” e o que se vai ouvir no sábado é que “os portugueses não são racistas, as forças de segurança merecem o nosso respeito e as minorias têm direitos, mas também têm deveres”.

Ventura disse que a manifestação de sábado foi decidida e será concretizada pelo Chega.

“Aliás, como é público, eu convidei o [presidente do PSD] doutor Rui Rio, convidei o [presidente do CDS-PP] doutor Francisco Rodrigues dos Santos, convidei o [deputado da Iniciativa Liberal] doutor João Cotrim Figueiredo e até o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa“, realçou.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Podiam ter apagado a luz totalmente antes de terem tirado a foto! Viam-se melhor as ideias úteis que o Ventura tem para transmitir à sociedade em geral! Chega de publicidade enganosa, que é o que esse partido é!!

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