Chega “apanhado” durante audição à PGR

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Estela Silva / LUSA

Cristina Rodrigues e Pedro Pinto durante a convenção do Chega

Deputada criticou outros partidos porque chamar Lucília Gago é condicionar a Justiça – mas o Chega fez o mesmo.

Lucília Gago esteve nesta quarta-feira em audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

A procuradora-geral da República falou com os deputados, com o assunto central a ser o relatório anual de actividades do Ministério Público, apresentado no mês passado.

Esta audição tinha sido aprovada em Julho, mas não por todos os partidos – o Chega foi o único a abster-se (PCP e Livre não votaram).

Na altura, Cristina Rodrigues explicou que o partido preferiu a abstenção porque acha que estes requerimentos – de BE e PAN – “não foram inocentes”; foram resultado da “realidade mediática” dos últimos dias.

Dois meses depois, em plena audição, a mesma deputada apontou: “O Chega não é advogado de defesa do Ministério Público, mas não concorda com qualquer tentativa de linchamento público desta magistratura por fazer o seu trabalho”.

Cristina Rodrigues acha que Lucília Gago foi chamada a São Bento para “prestar contas sobre decisões que o Ministério Público tomou de forma legítima”.

E acha que esta audição foi uma consequência do “frenesim cívico”, centrado no manifesto a favor da reforça da Justiça, que tem “o apoio de partidos políticos”.

“É o sistema a proteger o sistema, a querer disciplinar o Ministério Público“, reforçou.

A deputada assegurou que o Chega defende a independência da Justiça e a autonomia do Ministério Público.

Por outro lado, concorda com a vinda da procuradora para apresentar o relatório anual, “sem qualquer folclore, aproveitamento político ou pressão sobre o seu trabalho”.

E ainda deixou um recado a outros partidos: “Não deixa de ser interessante que, durante anos, nunca tenha sido solicitada a sua vinda. No entanto, esse facto nunca preocupou os outros partidos – excepto agora, curiosamente, no seguimento das notícias sobre determinados processos, envolvendo certos actores políticos”.

Esta foi só uma introdução, depois vieram as perguntas. Mas Fabian Figueiredo esteve atento.

O deputado do Bloco de Esquerda interrompeu a sequência de perguntas para fazer uma interpelação à Mesa: perguntou se a comissão se lembrava de quando o Chega apresentou um requerimento em Fevereiro de 2020… para ouvir Lucília Gago no Parlamento.

O requerimento não foi aprovado, interrompeu Paula Cardoso, deputada do PSD e presidente desta comissão.

Fabian Figueiredo insistiu: “Mas tinha só que perguntar à senhora presidente se o Chega apresentou esse requerimento, na medida em que ouvimos a senhora deputada do Chega dizer que chamar a procuradora-geral da República (ao Parlamento) seria condicionar a actividade do Ministério Público“.

Paula Cardoso disse que a comissão tem esse registo, mas mostrou que não gostou desta interrupção: “Mas agradeço que, numa audição destas, não se interrompa para esse tipo de ressalvas”, atirou a presidente da comissão.

Cristina Rodrigues ficou a ‘engolir em seco’.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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3 Comments

  1. A Sr.ª Deputada, Cristina Rodrigues, está a mentir ao proferir a declaração de que «…É o sistema a proteger o sistema, a querer disciplinar o Ministério Público…» associando o problema ao manifesto «Por uma Reforma da Justiça – Em Defesa do Estado de Direito Democrático», liderado pelo Presidente Rui Rio, quando na verdade quem está a proteger o sistema, as falhas graves da Sr.ª Procuradora-Geral, e as ilegalidades e deficiências do Ministério Público, é o próprio Partido Chega demonstrando assim ser uma fraude, uma força política do sistema e situacionista, assim como os restantes, que se fingem combater uns aos outros mas estão todos alinhados com o sistema político-constitucional ainda vigente.
    O Presidente Rui Rio tem toda a razão e o que está no manifesto «Por uma Reforma da Justiça – Em Defesa do Estado de Direito Democrático» é correcto e todos os Portugueses o devem ler.

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