“Champions”? Ontem foi dia de andebol. O que a nossa seleção está a fazer é histórico

Stian Lysberg Solum / EPA

Emoção dos jogadores portugueses, após a vitória frente a Alemanha no Mundial de Andebol

Portugal apurou-se esta quarta-feira pela primeira vez para as meias-finais do campeonato do Mundo de andebol, ao vencer a vice-campeã do Mundo e olímpica, Alemanha, nos quartos-de-final, por 31-30, após prolongamento.

Alguém falou em Benfica? Sporting? Champions? Passagem aos play-offs? Ontem foi, sim, um dia histórico para o desporto português, mas não pelo futebol.

A seleção portuguesa de andebol derrotou a vice-campeã do Mundo e olímpica, na noite desta quarta-feira, em Oslo; e, pela primeira vez, vai marcar presença nas meias-finais do mundial.

A seleção portuguesa entrou melhor no encontro e chegou ao intervalo com quatro golos de vantagem, 13-9, tendo os germânicos recuperado na segunda metade, que terminou igualada 26-26.

No prolongamento, as duas equipas mantiveram-se sempre próximas no marcador, tendo Portugal acabado por triunfar por 31-30, com um remate, no último “suspiro” de Martim Costa.

Portugal defronta agora nas ‘meias’ a tricampeã em título Dinamarca, esta sexta-feira, às 19h30, em Baerum, na Noruega, num jogo a ser transmitido em direto na RTP2.

Portugal continua a fazer história

Só com a presença nos ‘quartos’ Portugal já tinha assegurado o seu melhor resultado de sempre em seis presenças em Campeonatos do Mundo (1997, 2001, 2003, 2021, 2023 e 2025). A melhor classificação tinha sido, até então, o 10.º lugar em 2021.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou Portugal pelo apuramento inédito para as meias-finais do Mundial de andebol

“O entusiasmo, a determinação e a enorme vontade de vencer, têm sido na nossa seleção, nos seus atletas, treinador e equipa técnica, uma constante que honra e orgulha todos os portugueses”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, em nota publicada no site da presidência.

De recordar que o início desta caminhada foi algo atribulado, depois do craque da seleção Miguel Martins ter acusado positivo num teste de doping.

Além disso, a polémica de Portugal ter levado menos um jogador também fez algum ruído, antes da competição começar.

O treinador Paulo Jorge Pereira chutou responsabilidades para o presidente da Federação Luís Miguel Laranjeiro.

Recorrendo às redes sociais, onde fez questão de mostrar que esteve a ver o jogo, o primeiro-ministro Luís Montenegro também felicitou a seleção.

“E agora simplesmente PARABÉNS. Brilhante Heróis do Mar”, pode-se ler na mensagem deixada no X pelo governante luso, após o triunfo diante da equipa germânica.

“Este foi um trabalho de muitos anos, de muita gente, dos clubes…”, enalteceu o presidente da Federação de Andebol Luís Miguel Laranjeiro, em declarações à rádio pública. “É um grupo unido, focado, profissional… É um grupo de excelência que alia juventude a experiência”, acrescentou.

“Do melhor que há no Mundo”

Em declarações à agência lusa, Paulo Faria, que esteve na primeira presença portuguesa num Mundial de andebol, em 1997, considera que a seleção tem  jogadores “do melhor que há no mundo”.

“Tem sido inédito atrás de inédito. Este jogo foi soberbo. A maturidade incrível que estes jogadores tiveram. Estiveram a vencer grande parte do jogo, passam a perder o jogo, têm um vermelho [para Luís Frade] altamente discutível, aguentam, e conseguem voltar a passar para a frente”, disse, esta quinta-feira.

O triunfo, que colocou a equipa nas ‘meias’, evidenciou “a capacidade de sofrimento, mas também a qualidade individual”, de um grupo que já foi uma vez visitar durante esta fase final.

O sofrimento, refere, faz parte do nível alto a que estão a jogar, seguindo-se, sexta-feira, “a melhor equipa do mundo”, a tricampeã mundial Dinamarca, mas a ambição vai de mãos dadas com os feitos históricos.

“A partir do momento em que atingimos os quartos de final, o Paulo Jorge Pereira, e todos nós, pensam em ser campeões do mundo. Claro que é um passo de cada vez, mas o sonho é sermos campeões do mundo. No meu colégio, temos 500 alunos e estão todos a acompanhar o Mundial, todos querem ser campeões do mundo. A seleção merece que o país inteiro esteja a celebrar”, declara.

De olho em nova viagem para a Noruega, para voltar a estar perto desta histórica seleção, Paulo Faria vê este grupo de trabalho como estando no topo de todos os que Portugal já teve.

“Efetivamente, esta geração, e esta seleção não é bem uma geração, tem diferentes idades, este grupo de atletas, nos últimos quatro ou cinco anos, tem demonstrado muita qualidade. Fizeram coisas que nós no meu tempo não conseguiríamos fazer. Vencemos a Alemanha uma vez, mas esta maturidade lindíssima, esta capacidade de sofrimento… para não ofender ninguém, digo que pode haver outras gerações iguais, mas melhor que esta não há ninguém”, atira.

Assim, o que fica é “mesmo inveja boa”. “De todos nós. Quem me dera a mim estar lá dentro de campo, a jogar. Mas sei que o que estão a viver são momentos tão bons que temos é de estar orgulhosos. Termos inveja boa é a melhor coisa que há”, afirma.

Paulo Faria jogou no Sporting, no ABC e no Águas Santas, treinando depois os ‘leões’ e a formação da Maia, e atuou em 118 jogos da seleção principal portuguesa, que representou no Europeu de 1994 e, depois, no Mundial de 1997, o primeiro a que Portugal chegou.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.