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Cerca sanitária em Odemira. Autarcas surpreendidos falam em “incompetência deste Governo”

Luís Forra / Lusa

Os autarcas de São Teotónio e de Almograve, as freguesias do concelho de Odemira que estão em cerca sanitária, dizem-se surpreendidos e lançam críticas ao Governo.

As freguesias de São Teotónio e de Almograve, no concelho de Odemira, estão em cerca sanitária, devido à elevada incidência de casos de covid-19, sobretudo em trabalhadores do setor agrícola.

O presidente da câmara de Odemira, no distrito de Beja, assumiu hoje ter sido dele a sugestão de uma cerca sanitária em partes do território do concelho, mas contesta a resposta do Governo.

O executivo municipal de Odemira reivindica a tomada de medidas imediatas para o “apoio ao tecido económico local de Odemira”, devido à tomada de uma medida tão drástica.

Paralelamente, os presidentes das duas juntas de freguesia de Odemira afetadas sentem-se “surpreendidos” e “preocupados” pela decisão do Governo.

“Parece que me passou um comboio por cima”, atirou a presidente da junta da Longueira-Almograve, Glória Pacheco, em declarações ao semanário Expresso. “Ainda estou meio adormecida. Fui apanhada de surpresa e não estava à espera. É uma situação muito complexa que me ultrapassa”.

Por sua vez, o presidente da junta de São Teotónio, Dário Guerreiro, argumenta que “a freguesia está a ser mais uma vítima da incompetência deste Governo, revelada através da incapacidade demonstrada em lidar com as condições de habitação neste território ao longo dos últimos anos, colocada agora ainda mais a descoberto devido à pandemia”.

A circulação por via rodoviária de e para as duas freguesias em cerca sanitária do concelho de Odemira está interdita, assim como a permanência na via pública, exceto nas situações previstas no diploma publicado em Diário da República.

Glória Pacheco critica ainda o facto de o Governo ter tomado esta decisão sem ter feito um aviso prévio. Além disso, defende que não lhe parece que haja assim um número tão grande de infetados na freguesia: “Parece haver casos sobretudo nas habitações no interior das explorações agrícolas”.

“Não posso deixar de considerar surpreendentes as afirmações do primeiro-ministro, nas quais se mostra agora preocupado com a sobrelotação das habitações, o que isso representa para a saúde pública e a violação gritante dos direitos humanos. Mediante tais declarações depreendo que António Costa ou esta mal informado, ou não fala com os seus ministros ou secretários de Estado, pois há mais de três anos que em várias reuniões com membros do atual Governo, tenho vindo a alertar para a gravidade desta situação”, expôs o autarca de São Teotónio.

Dário Guerreiro considera que a cerca sanitária é uma fatura “demasiado pesada” para a população desta freguesia. “É uma situação preocupante, pois só no futuro conheceremos as reais consequências a nível social, económico e também a nível da saúde mental dos São Teotonienses”, sublinhou ao Expresso.

Daniel Costa, ZAP //

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