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Há centros de saúde que só conseguem vacinar dois dias por semana

Carlos Ramirez / EPA

A primeira fase do plano de vacinação contra a covid-19 está evidentemente atrasado. Em alguns casos, há centros de saúde que só estão a conseguir vacinar um ou dois dias por semana.

O plano de vacinação contra a covid-19 não está propriamente a correr como planeado. A uma semana da data inicialmente prevista para o fim da primeira fase de vacinação, a 31 de março, apenas 30% das pessoas pertencentes a este grupo foram vacinadas e só 61% recebeu a primeira dose.

Visto que o prazo já não será cumprido, o período para completar a primeira fase de inoculações foi adiado para o final de abril. As autoridades de saúde justificam a demora com as falhas na entrega de vacinas.

De acordo com o Diário de Notícias, quem está no terreno denuncia que o sistema de convocatória por SMS, que impõe prazos para agendamento e que não é facilmente aceite pelos mais idosos, é um dos maiores constrangimentos.

“Há centros de saúde que chegam a ficar só com um dia ou dois na semana para vacinar utentes”, explica ao DN o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto.

Nos grupos dos maiores de 80 anos, só 205.339 têm a vacinação completa e 415.314 receberam apenas a primeira dose. No grupo dos 65 aos 79 anos, há apenas 3% com a vacinação completa (41.529) e 6% levaram uma só dose (97.230).

“Na região onde trabalho [Alentejo], há concelhos mais pequenos que vão parar a vacinação porque já não têm mais ninguém para vacinar nesta primeira fase. Portanto, aqui a operação já se cumpriu a 100%, mas em concelhos maiores, sobretudo de áreas metropolitanas, estamos muito longe disto, ficando-se nos 3% e nos 6% da população elegível”, explica o médico.

Nuno Jacinto diz que o sistema atualmente usado “não está a ser bem aceite pelos mais idosos, que não respondem sequer ao SMS”. O facto de “a esmagadora maioria das convocatórias está a ser feita por telefone”, faz com que demore “muito mais tempo”.

Há ainda casos de unidades que nem sequer podem o usar o sistema de convocatória por SMS porque a plataforma de que dispõe não integra esta função.

“Na região Norte, muitos agrupamentos usam o sistema informático SONHO, que nem sequer tem a função de sala de espera. Portanto, desde o início que estão impedidos de fazer convocatórias por SMS e têm feito tudo por telefone”, explica o presidente da APMGF.

O Diário de Notícias escreve ainda que um erro informático do Serviço Nacional de Saúde (SNS) levou a uma “concentração anormal de pessoas” esta quarta-feira no Centro de Vacinação Carlos Queiroz, em Carnaxide, Oeiras. O SNS fez a marcação de 400 utentes para a mesma hora.

Daniel Costa, ZAP //

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