O ministro das Finanças disse, esta quinta-feira, no Parlamento, que não irá deixar que o Novo Banco seja prejudicado por “um debate parlamentar sem qualquer sentido”.
“Não permitirei, enquanto ministro das Finanças, que uma instituição bancária com as portas abertas possa ser prejudicada por um debate parlamentar sem qualquer sentido“, disse Mário Centeno no debate dos Programa de Estabilidade e Nacional de Reformas, acrescentando que não se pode confundir o que foi a resolução do BES com o Novo Banco.
O ministro das Finanças reiterou ainda que “não houve nenhuma injeção de capital no Novo Banco sem auditorias”. “Podemos e devemos tomar decisões com o máximo de informação disponível, mas não há ausência de controlo“, assegurou.
O governante disse ainda que a quebra económica associada à covid-19 não deve afetar “as instituições, a estabilidade económica e financeira e bancária de longo prazo, nem muito menos a estabilidade social e institucional”.
Centeno afirmou que, “nos últimos quatro anos, Portugal demonstrou uma solidez das suas instituições sem paralelo no contexto europeu” e considerou que “a estabilidade, previsibilidade e transparência das decisões de política económica são essenciais para a confiança e o investimento”.
“Voltaremos, em conjunto, a conquistar o futuro para que de forma tão árdua trabalhámos nos últimos quatro anos, com verdade e com a responsabilidade de apresentar todas as consequências das propostas que fazemos”, prosseguiu Mário Centeno, reconhecendo ainda que devido à pandemia de covid-19 o Programa de Estabilidade “não pretende responder a desequilíbrios macroeconómicos ou a défices excessivos”.
Ministro “faz de conta”?
Depois de ser desafiado pelo deputado do PSD Álvaro Almeida a dizer se “era um ministro de faz de conta” e qual seria “o preço a pagar” pela reafirmação da confiança política do primeiro-ministro, Mário Centeno respondeu no mesmo tom.
“Vai ser obrigado a ficar no Governo? Teve de abdicar do lugar no Banco de Portugal em troca de outro cargo internacional?”, questionou o social-democrata, dando-lhe os parabéns pela “vitória frente o primeiro-ministro”.
“Para fazer esse desempenho de faz de conta espero que tenha pago um preço baixo para estar nessa bancada, senão foi enganado”, disse, levando Álvaro Almeida a pedir a defesa da honra.
“Em vez de explicar aos portugueses porque não cumpriu a lei de enquadramento orçamental, fez insinuações sobre a forma como cheguei a deputado. Cheguei a deputado porque o povo português me elegeu, ao contrário do senhor que foi escolhido pelo primeiro-ministro”, disse o social-democrata.
E Centeno voltou a responder: “Fui eleito deputado como o senhor, felizmente os portugueses deram mais votos à lista onde eu estava do que a lista em que estava o senhor deputado e por isso eu estou aqui e o senhor deputado está na oposição”.
António Costa recebe partidos em São Bento
Catarina Martins deixou uma referência sobre Mário Centeno em declarações aos jornalistas, depois de ter sido recebida pelo primeiro-ministro em São Bento.
“Tanto quanto me é dado a perceber, Mário Centeno irá fazer Orçamento Suplementar. Será esse o compromisso que tem. Mas o mais importante é travar injeções para a Lone Star, travar os bónus no Novo Banco e proteger o erário público”, declarou.
“Considero lamentáveis as declarações de que o primeiro-ministro seria irresponsável por pretender uma auditoria antes de se injetar mais dinheiro na Lone Star. Irresponsável, seguramente, é continuar a injetar dinheiro num acionista privado do Novo Banco, que faz o que bem lhe apetece e não presta contas ao país”.
Depois da mesma reunião, o líder do PSD, Rui Rio, negou-se a comentar as suas declarações no Twitter sobre a continuidade de Centeno no Governo, tendo considerado que “não é educado, bonito, nem elegante” comentar o caso “em casa do Governo”.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, também se recusou a comentar o caso, advertindo que não se espere dos comunistas uma tentativa para “salamizar” o Governo.
“O PCP nunca defendeu o princípio de que a política se faz arrumando ministro a ministro. Há um coletivo, há um Governo e um primeiro-ministro que tem essa responsabilidade particular. Não temos essa visão de trabalhar à peça”.
“Não peçam ao PCP para ir salamizando o Governo, porque a responsabilidade é do Governo no seu conjunto. O primeiro-ministro decidirá e atuará”, acrescentou.
O CDS-PP, por seu lado, nas palavras do seu líder, considerou que o Presidente da República deve cingir-se aos seus poderes, não se deixando arrastar para os conflitos no Governo.
Falando aos jornalistas, Francisco Rodrigues dos Santos deixou também um reparo indireto ao PSD, considerando que “é um frete ao Governo” estar a pedir-se a cabeça do ministro das Finanças.
O porta-voz do PAN, André Silva, considerou que houve “responsabilidade política não só do Governo, mas também do Presidente da República ao criarem, de facto, uma crise, uma eventual crise política com a saída do ministro das Finanças, que se anteviu, num cenário que não era de todo desejável, porque neste momento aquilo de que o país precisa é de estabilidade política”.
“Independentemente das razões que existam ou não, esta é uma crise que foi alimentada em grande parte pelo senhor Presidente quando, de facto, a situação interna no Governo estaria a ser resolvida. E, de facto, o senhor Presidente da República não esteve bem, como não esteve o Governo”.
ZAP // Lusa
Prejudicados são os contribuintes Anos a fio, com a ladroagem do BES !….afirmações desta natureza é insultar os Portugueses e negar o direito Democrático ao escrutínio !