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O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, considerou que o BCE deve atuar com cautela depois de na quinta-feira ter anunciado um aumento histórico de 75 pontos base nas taxas de juro, alertando para o risco de subidas salariais excessivas.
À Bloomberg, considerou “muito importante” a decisão de acelerar a subida dos juros, mas salientou a necessidade de os responsáveis do banco central “continuarem previsíveis e atuarem na margem com tantos passos pequenos quanto possível”.
Depois de um primeiro aumento de 50 pontos base em julho, o Conselho do BCE decidiu subir a fasquia com um aumento “jumbo” este mês, elevando a taxa de depósito para 0,75%.
Ainda que considere que o anúncio foi “o sinal apropriado a dar”, Centeno sublinhou que “o pior cenário para quem define a política é ser visto a andar para a trás e para a frente com as decisões e andar a reboque dos dados económicos”.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, justificou o aumento com a necessidade de concentrar a subida das taxas no início do ciclo de aperto monetário. “Significa que estamos a agir mais depressa do que prevíamos em junho ou mesmo julho”, referiu igualmente Centeno, mas “isso não significa que estejamos a movimentar para cima o ponto final”.
O governador do Banco de Portugal referia-se à “taxa terminal”, o ponto mais alto previsto para o ciclo de subidas, que não quis determinar. A estratégia sugere que os próximos passos serão menores, se a taxa terminal não subir, disse Centeno.
O antigo ministro das Finanças deixou alertas sobre o mercado de trabalho, afirmando que para manter a taxa de desemprego num mínimo histórico de 6,6% na Zona Euro, “os salários não podem aumentar acima daquilo que o mercado pode pagar”.
Disse também que a decisão da semana passada do BCE torna todos os participantes em negociações salariais “muito conscientes dos riscos que enfrentamos”. “Gostava de apelar aos participantes do mercado de trabalho para não serem muito exuberantes”, acrescentou.
