Nove milhões de pessoas já responderam aos Censos. Associação promove “Censos paralelo” para aferir identidade de género

A primeira fase do Censos 2021 terminou esta segunda-feira, com um total de 3,7 milhões de respostas. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), mais de 80% dos alojamentos já responderam, representando mais de 9 milhões de pessoas recenseadas.

Segundo o INE, durante a primeira fase de resposta ao Censos 2021, que arrancou no dia 19 de abril e terminou na segunda-feira, foram registadas cerca de 3,7 milhões de respostas, num total que representa mais de 9 milhões de pessoas recenseadas.

“Todas as regiões apresentam um nível elevado de resposta, sendo a Região Autónoma da Madeira, com 90%, a que regista o valor mais elevado”, refere o INE.

Já a Área Metropolitana de Lisboa, segundo o Eco, é onde se respondeu menos (pouco mais de 70%).

A resposta aos Censos 2021 foi dada maioritariamente através de resposta pela Internet (eCensos), que registou cerca de 90% do total de respostas. Os restantes 10% das respostas foram dadas pelo eBalcão, disponível nas juntas de freguesia, por via telefónica ou resultaram de apoio direto por parte do recenseador, acrescenta o o gabinete estatístico.

O instituto sublinha ainda que, na última semana, o número de respostas diárias variou entre as 100 e as 200 mil, com os valores mais elevados a serem registados no domingo, dia 2 de maio.

O ritmo de respostas e a “excelente colaboração” recebida por parte da população permitiu antecipar uma etapa da recolha, refere o INE, informando que, a partir desta segunda-feira e até ao final do mês, os alojamentos que ainda não responderam vão receber um aviso de contacto ou a visita do recenseador a lembrar a necessidade de resposta aos Censos e prestar todo o apoio necessário à população.

A Internet continua a ser o modo de resposta preferencial para responder aos Censos 2021, “em particular tendo em conta a situação de saúde pública”, lembra o instituto.

No entanto, mantém-se a possibilidade da população responder pelo telefone através da linha de apoio (21 054 2021), pelo ‘eBalcão’ (nas juntas de freguesia) e por autopreenchimento dos questionários em papel, entregues pelos recenseadores. Caso não tenha recebido nenhuma carta, deverá ligar para a Linha de Apoio.

O INE solicita que a resposta seja dada com a maior brevidade possível, garantindo uma maior proximidade ao dia de referência dos Censos 2021 (19 de abril) e evitando o contacto por parte do recenseador, “que poderá direcionar os seus esforços no apoio às pessoas com maior dificuldade na resposta”, lembra.

Nos casos de ausência de receção de carta com códigos para resposta, a população deve contactar a linha de apoio ou aguardar a visita do recenseador.

Ao todo, estão envolvidas na realização e tratamento dos dados do Censos 2021 cerca de 15.000 pessoas.

Associação promove “Censos paralelo” nas redes sociais para aferir identidade de género

Para colmatar o que diz ser uma falha e uma oportunidade perdida do Censos 2021, a Associação para a Promoção da Igualdade (IPA) promove um “censos paralelo” nas redes sociais para aferir a identidade de género dos portugueses.

Em comunicado, a associação lamenta que o Censos 2021 tenha limitado as opções de identidade de género à opção binária de masculino e feminino.

A possibilidade de alargar as opções para melhor responder à identidade de género com a qual cada um mais se identifica num levantamento estatístico nacional com a dimensão dos Censos permitiria obter um maior esclarecimento e ajudaria a combater a discriminação”, defende a IPA.

Para tentar colmatar essa ausência do Censos oficial, a IPA promove uma consulta paralela nas suas redes sociais. “Através de uma story no Instagram, a IPA convida os utilizadores a assinalarem sexo, identidade de género e orientação sexual, deixando ainda assim abertura a outras opções que possam não constar nas escolhas existentes”, explica a associação em comunicado.

 

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A ação #Censuradxs2021 pretende não deixar de fora o que o Censos 2021 deixou “para trás” e acontece “numa altura em que as questões de igualdade de género e representação ganham uma elevada relevância no contexto social, tendo em conta que a população está protegida constitucionalmente e legalmente de atos discriminatórios”.

A IPA recorda que os dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística através do Censos 2021 relativos a habitação, saúde, trabalho ou transportes vão permitir definir políticas públicas para os próximos 10 anos, pelo que lamenta que a oportunidade não tenha sido aproveitada para saber mais sobre a comunidade LGBTI portuguesa.

“Os Censos 2021, realizados virtualmente, teriam sido uma oportunidade para o levantamento do perfil de género e orientação sexual da população portuguesa e para perceber em que condições socioeconómicas vivem estes cidadãos e cidadãs e aferir se existem discrepâncias discriminatórias ao nível das condições de trabalho, rendimentos e habitação”, refere a IPA.

Num debate parlamentar na semana passada, o BE questionou a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, sobre a ausência de perguntas de caracterização da comunidade LGBTI no Censos 2021, com a deputada Fabíola Cardoso a defender que “sem dados credíveis não é possível delinear políticas públicas sólidas nestas áreas” e que a “invisibilidade” da comunidade no Censos é uma forma de “perpetuar discriminações“.

Mariana Vieira da Silva respondeu que na fase de discussão pública do Censos “essa questão nunca surgiu” e que se tal tivesse acontecido poderia ter sido discutida, ainda que tenha manifestado a opinião de que incluir o tema no Censos não acrescentaria nada.

Fabíola Cardoso disse ainda que “a bandeira do arco-íris tem ficado no armário da presidência portuguesa da União Europeia“, uma ideia que a ministra rebateu, afirmando não se rever na descrição feita e sublinhando que os temas LGBTI têm sido discutidos no âmbito da presidência portuguesa e sê-lo-ão também na Cimeira Social desta semana.

ZAP // Lusa

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