Celebridades vitimas de covid-19. China já não consegue esconder mortes

Alex Plavevski/EPA

O número crescente de figuras públicas cujas mortes foram anunciadas nos últimos dias na China tem levado a população a questionar o número oficial de mortes por covid-19 contabilizado pelo governo.

A morte em dezembro da cantora de ópera Chu Lanlan, de 40 anos, foi um choque para muitos, tendo em consideração o quão jovem era. A família da artista declarou estar triste com a “partida abrupta”, mas não deu detalhes sobre a causa da morte.

Em dezembro, a China abandonou a sua rígida política de “Covid zero” e está atualmente a sofrer um rápido aumento de infeções e mortes. Há relatos de hospitais e crematórios sobrecarregados, noticiou a BBC News Brasil.

O país parou de divulgar diariamente o número de casos da doença e registou, desde dezembro, apenas 22 mortes por covid-19. No final do ano passado, a China alterou os critérios para definir mortes pelo coronavírus: agora, apenas aqueles que morrem com quadros respiratórios, como pneumonia, são contabilizados.

Na quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a China estava a subnotificar o verdadeiro impacto da covid-19 no país, em particular os óbitos.

Outra morte que causou desconfiança foi a do ator Gong Jintang, no dia do Ano Novo. Gong, de 83 anos, era conhecido pela atuação na série de TV mais antiga do país – em inglês, “In-Laws, Out-laws”, no ar desde 2000. Não se sabe ao certo a causa da morte, mas nas redes sociais relacionam a sua morte à de outras pessoas.

O aclamado roteirista Ni Zhen, de 84 anos, também morreu recentemente. Ficou famoso pelo filme “Raise the Red Lantern”, de 1991, considerado por vários críticos como um dos melhores filmes chineses.

Já Hu Fuming, jornalista e professor aposentado da Universidade de Nanjing, morreu a 02 de janeiro, aos 87 anos. Foi o principal autor de um famoso artigo publicado em 1978, que marcou o início do período “Boluan Fanzheng” da China – tempo de uma relativa normalização após a Revolução Cultural liderada por Mao Tsé-Tung.

De acordo com alguns cálculos que circulam na media chinesa, 16 cientistas dos principais institutos do país morreram entre 21 e 26 de dezembro. Nos obituários, nenhuma das mortes foi associada à covid-19.

Nas redes sociais também circulam críticas aos manifestantes que, em raros protestos, saíram às ruas em novembro pedindo o fim da política de “Covid zero”.

O líder chinês, Xi Jinping, pareceu referir-se indiretamente aos protestos no seu discurso de Ano Novo, quando disse que é natural que num país tão grande as pessoas tenham opiniões diferentes. Mas instou a população a unir-se nesta nova fase de combate à covid-19 na China.

As autoridades chinesas estão cientes do ceticismo generalizado quanto à sua política e aos dados divulgados, mas continuam a minimizar a gravidade da atual onda de covid-19.

Em entrevista à TV estatal, o diretor do Instituto de Doenças Respiratórias de Pequim admitiu que o número de mortes de idosos até agora é “definitivamente maior” do que em anos anteriores, destacando que os casos graves continuam a ser uma minoria no número total de casos de covid-19.

Esta semana, o People’s Daily, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, apelou aos os cidadãos para trabalharem para uma “vitória final” sobre a covid-19 e rejeitou críticas à antiga política de “Covid zero“.

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