CDS em busca de um líder e da salvação. Há um quarto candidato, mas ainda não é o tal “Messias”

Manuel de Almeida / Lusa

O eurodeputado Nuno Melo fala aos jornalistas à chegada à reunião do Conselho Nacional do CDS-PP

O eurodeputado Nuno Melo

O Congresso do CDS arrancou, neste sábado, no Multiusos de Guimarães, com a missão de eleger um novo líder. Nuno Melo parte na frente como o principal favorito e o militante Bruno Filipe Costa é o quarto candidato anunciado. Mas ainda se espera por uma surpresa que tenha estatuto para ser o “Messias” de que o CDS precisa nesta altura.

São quatro os candidatos à liderança do CDS – Nuno Melo (eurodeputado e líder da distrital de Braga), Miguel Mattos Chaves e Nuno Correia da Silva (ambos vogais da Comissão Política Nacional), e o militante e ex-dirigente concelhio Bruno Filipe Costa.

Este último anunciou a sua candidatura na sexta-feira à noite, numa tertúlia num bar em Lisboa, apresentando-se com o objectivo de unir o CDS que quer que seja “o grande partido da direita”.

Numa altura em que está sem representação no Parlamento, pela primeira vez na história da democracia portuguesa, o CDS precisa de encontrar um novo rumo. Nuno Melo surge como o principal candidato à liderança, até porque tem o apoio de figuras como Paulo Portas e Assunção Cristas.

À espera de Manuel Monteiro

Manuel Monteiro também vai ao Congresso e a sua intervenção é uma das mais esperadas. Admite-se que o ex-líder centrista pode manifestar o seu apoio a Nuno Melo. Mas também se tem especulado que poderia surgir como um eventual candidato-surpresa à liderança do CDS.

Nesse caso, poderia ser uma figura de peso capaz de agregar as várias facções do partido, surgindo como o tal “Messias” necessário para encarreirar de novo o partido na vida política portuguesa.

Mas esse cenário é, para já, meramente especulativo. O que pode mesmo acontecer no Congresso é o enterrar do “machado de guerra” entre Monteiro e Portas. Os dois homens estão zangados há 24 anos e Monteiro já disse que “o que passou, passou”, dando um “sinal de reconciliação”.

Contudo, Portas não confirmou a presença no Congresso. Em declarações ao Expresso, o actual comentador político salienta contudo que, dentro ou fora do Congresso, vai dar “um sinal de reconhecimento ao Nuno Melo”.

“Fui 16 anos presidente do CDS e, obviamente, sei que os resultados das últimas eleições puseram o partido numa situação de muito risco. Admiro a determinação do Nuno Melo em candidatar-se nestas circunstâncias”, destaca Portas.

Apoiantes de Melo temem “peixeirada”

O ex-líder do CDS Francisco Rodrigues dos Santos vai fazer o seu último discurso por volta do meio-dia deste sábado e apoiantes de Nuno Melo confidenciaram ao Expresso receios de que o Congresso acabe por se transformar numa “peixeirada”, com desejos de ajustes de contas. Um cenário que seria péssimo para a recuperação da imagem do partido.

Neste primeiro dia de Congresso, serão também apresentadas e debatidas as 10 moções de estratégia global apresentadas, documentos que visam “fixar a orientação geral do partido” para os próximos anos.

Para as 22 horas está previsto o início da votação das moções, em urna, que acontece em simultâneo com a discussão, e os resultados só deverão ser conhecidos já de madrugada.

A votação das moções será um dos momentos decisivos do Congresso, dado que é uma espécie de primeira volta para escolher o líder. E quem vencer, por norma, apresenta uma lista candidata à Comissão Política Nacional e demais órgãos do partido.

O 29.º Congresso nacional do CDS-PP termina no domingo com a eleição dos órgãos nacionais, a sessão de encerramento e o discurso de consagração do novo presidente, que ficará em funções por dois anos, até 2024.

ZAP // Lusa

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