Os elevados tempos de espera continuam a limitar o bom funcionamento da linha SNS24, que está a gerar críticas entre médicos e utentes.
A Linha SNS24 atendeu desde 22 de abril, dia em que a máscara deixou de ser obrigatória, até à passada quarta-feira, cerca de 474 mil chamadas, mais do dobro face ao mesmo período de 2021. A elevada afluência tem levado a um verdadeiro caos na linha de atendimento.
Não é algo sem antecedentes. Ainda em dezembro do ano passado, havia relatos de utentes que tinham de esperar mais de três horas para serem atendidos e premir a tecla 1 para que a chamada não seja desligada.
Na altura, o Governo falou numa “pressão muito elevada e repentina” trazida pelo grande aumento de novos casos com a variante Ómicron, mas este cenário já era semelhante ao que tinha acontecido em 2020.
Este novo aumento da pressão coincide agora com o aumento de casos e o fim dos testes antigénio gratuitos. O Estado deixou de financiar a testagem gratuita à covid-19, realizada nas farmácias, a 1 de maio, o que acaba por fazer com que as pessoas se dirijam às unidades de saúde para serem testadas, colocando esses serviços sob mais pressão.
Os hospitais e unidades de saúde familiar estão a receber mais pacientes com covid-19 do que o esperado. Profissionais de saúde denunciam que isto parte de uma referenciação feita “indevidamente” por parte da linha SNS24.
Bom dia. Hoje é segunda-feira, nove de maio de 2022. Está sol e calor. Às 11:30 já temos quase todo o dia cheio de consultas abertas na USF. Metade delas por COVID-19 sintomático. SNS24 deixou de conseguir orientar adequadamente, vêm imensos enviados para cá.
— André Nóbrega (@anobrega85) May 9, 2022
“O SNS24 continua a enviar indevidamente doentes para o Serviço de Urgência com situações simples”, acusou Nelson Pereira, diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva do Hospital São João, citado pela CNN Portugal.
“Não é uma coisa gigantesca, mas há mais utentes a virem a partir do momento em que deixou de haver testes gratuitos, fazem o autoteste em casa, têm dúvidas e contactam o SNS24, que agora começou a enviar esses utentes para as unidades”, corrobora Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.
Não são apenas os médicos que se queixam da situação. Nas redes sociais, são vários os relatos dos elevados tempos de espera. Há ainda relatos de atrasos no envio de códigos para a realização de testes
Tenho os pais positivos p/covid-19. Ambos sintomáticos. A mãe, q tem sarcoidose pulmonar, a passar bastante mal. Estou há + de 24h a tentar contactar o SNS24 s/ sucesso. E ñ csg parar de pensar como é q, perante o aumento do número de casos, o reforço da linha ñ é imediato. pic.twitter.com/NLWV7SRAzx
— A enfermeira imperfeita (@enfermeira_a) May 13, 2022
Face à complicação de contactar com o linha SNS24, há quem opte por se deslocar a uma farmácia para fazer um teste, pagando pelo mesmo. O facto de muitos utentes precisarem de apresentar uma justificação à entidade patronal leva a que procurem resolver o assunto pelas próprias mãos.
Gustavo Tato Borges, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, considera que “a linha não tem sido dotada de recursos, tem de ser capacitada, mais recursos humanos, melhores algoritmos”.
Coronavírus / Covid-19
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Desorganização, já estamos tão habituados que nem estranhamos! Quanto ao SNS no geral está mais que provado que aqueles que mais o aplaudem são os seus maiores coveiros!