134 palestinianos foram recebidos como heróis em Gaza e na Cisjordânia ocupada. 13 reféns israelitas, entre eles uma luso-israelita, foram libertados do outro lado. Este sábado decorre o segundo de quatro dias de tréguas.
O diretor do Serviço de Informação do Estado, Diaa Rashwan, que atua como porta-voz do Governo egípcio, disse este sábado que 134 palestinianos regressaram na sexta-feira à Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, na fronteira egípcia com o enclave, no primeiro dia da trégua concordada com Israel.
A partir deste sábado, os palestinianos que permaneceram no Cairo e noutras províncias egípcias poderão regressar a Gaza, uma vez que apenas os que se encontram no norte do Sinai, que faz fronteira com o enclave palestiniano, foram autorizados a fazê-lo na sexta-feira.
Este sábado é o segundo dia da trégua temporária mediada pelo Egito, Qatar e Estados Unidos entre Israel e o Hamas, na qual continuará a troca acordada de reféns por prisioneiros palestinianos.
Cânticos, lágrimas e violência em receção de heróis
Segundo fontes oficiais dos dois lados, 13 reféns israelitas, entre eles uma luso-israelita de 72 anos, foram libertados na sexta-feira no âmbito das tréguas, bem como 10 tailandeses e um filipino no âmbito de um acordo paralelo.
Após a libertação dos reféns, Israel permitiu o regresso de 39 prisioneiros palestinianos, incluindo mulheres e crianças.
Os prisioneiros foram recebidos como heróis na Cisjordânia ocupada. A fila de prisioneiros libertados, alguns acusados de delitos menores e outros condenados por ataques, levou multidões de palestinianos a um frenesim de cânticos, palmas, acenos de mãos e gritos, num posto de controlo fora de Jerusalém, de acordo com a agência de notícias Associated Press.
Enquanto 15 jovens, ainda envergando uniformes da prisão cinzentos e manchados, passavam pelas ruas nos ombros dos pais, com lágrimas nos olhos, o céu noturno iluminava-se de fogo de artifício e ouvia-se música pop patriótica palestiniana.
Alguns dos libertados estavam envoltos em bandeiras palestinianas, outros nas bandeiras verdes do Hamas.
“Não tenho palavras, não tenho palavras”, disse Jamal Brahma, um dos prisioneiros recém-libertados. “Graças a Deus”, acrescentou o jovem de 17 anos, enquanto era levado aos ombros do pai, Khalil Brahma.
As forças israelitas detiveram Jamal na sua casa, na cidade palestiniana de Jericó, na primavera passada e o jovem esteve até agora na prisão sem ser acusado ou ir a julgamento.
“Eu só quero voltar a ser pai dele”, disse Khalil.
Cerca de 2.200 palestinianos – um recorde histórico – estão atualmente em “detenção administrativa” em Israel, com base em provas secretas, sem terem sido acusados ou levados a julgamento, de acordo com o Clube dos Prisioneiros Palestinianos.
Embora a atmosfera fosse festiva na cidade de Beitunia, perto da prisão israelita de Ofer, na Cisjordânia, as pessoas estavam nervosas.
O Governo de Israel ordenou que a polícia impedisse quaisquer celebrações da libertação dos prisioneiros.
A certa altura, as forças de segurança israelitas lançaram bombas de gás lacrimogéneo contra a multidão, fazendo com que jovens, mulheres idosas e crianças pequenas fugissem enquanto choravam e gritavam.
A fronteira de Rafah, que separa o Egito da Faixa de Gaza, foi aberta em 2 de novembro pela primeira vez para permitir a retirada dos feridos e a partida de cidadãos estrangeiros.
Anteriormente, tinha sido aberta em várias ocasiões, mas apenas para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, enquanto as autorizações anunciadas constituem a primeira para os palestinianos regressarem às suas casas na Faixa de Gaza desde o início do conflito.
ZAP // Lusa
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