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Campos de reeducação servem para reduzir o número de uigures, diz estudo chinês

Um relatório chinês confirma que os campos de reeducação para onde o Governo envia os uigures da província de Xinjiang têm como objetivo diminuir a população uigur. O documento foi publicado acidentalmente online

Depois de uma grande especulação em torno do assunto, e com a China a negar as acusações, o relatório constitui agora mais uma prova da perseguição de que a minoria étnica tem sido alvo.

O estudo, realizado por académicos da Universidade de Nankai e com o propósito de ser mostrado a altos membros do Governo, acabou por ser publicado online em 2019, tendo sido retirado em 2020. No entanto, uma cópia tinha sido entretanto arquivada pelo académico Adrian Zenz.

Ao longo dos anos, o Governo chinês tem vindo a negar as acusações de trabalho forçado em Xinjiang e as transferências de trabalhadores para outras zonas do país, defendendo que os programas de educação fazem parte de medidas para diminuir a pobreza e o desemprego rural na província do Noroeste da China.

Numa resposta à BBC, Pequim referiu que o estudo “reflete apenas a visão pessoal dos autores e muito do seu conteúdo não corresponde aos factos”.

Porém, as informações do relatório revelam o contrário. O documento indica que as transferências de uigures para outras regiões são uma medida a longo prazo que “não só reduz a densidade da população uigur em Xinjiang, como é também um método importante para influenciar, dissolver e assimilar as minorias uigures”.

“Deixem que gradualmente mudem o seu entendimento e a sua maneira de pensar, e que transformem os seus valores e a atitude perante a vida através de uma mudança de ambiente e através do trabalho”, lê-se no documento.

A pesquisa realça que as autoridades foram longe demais na perseguição aos uigures, tendo provocado discriminação e estereótipos.

No relatório incluem-se outros dados, nomeadamente uma análise jurídica do antigo consultor do Museu Memória do Holocausto dos Estados Unidos, Erin Farrell Rosenberg, que declara ter encontrado provas que o levam a concluir que os campos de trabalhos de Xinjiang representam crimes contra a humanidade.

“Existem provas substanciais de que o Governo chinês está a levar a cabo um ataque extenso e sistemático contra a população civil uigur”, afirma Rosenberg.

Calcula-se que cerca de um milhão de pessoas foram levadas a uma esterilização forçada, violação de mulheres, destruição de tradições e locais culturais e religiosos, além da vigilância intensiva.

Neste sentido, está a ser discutida uma visita à região da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, avança o Público.

ZAP //

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