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17 anos depois, Câmaras ainda devem 55 milhões dos estádios do Euro 2004 (só 2 já pagaram tudo)

SC Braga / Facebook

Estádio Sp. Braga

Estádio Municipal de Braga, conhecido como a “Pedreira”.

Apenas duas Câmaras municipais já não têm dívidas no âmbito da construção de estádios para o Euro 2004. Ao cabo de 17 anos, as autarquias ainda têm cerca de 55 milhões de euros para pagar com Leiria à cabeça, cidade onde o estádio é utilizado no Campeonato de Portugal, a chamada III divisão.

A Câmara de Leiria devia, no final de 2020, cerca de 20 milhões de euros relativos ao Estádio Dr. Magalhães Pessoa, um dos que acolheu o Euro 2004 que se realizou em Portugal.

Este valor consta do relatório de Contas da Câmara, como reporta o Jornal de Notícias (JN).

A publicação consultou os documentos similares nas demais autarquias envolvidas nas obras realizadas nos estádios para o Euro 2014, apurando que, no total, ainda há cerca de 55 milhões de euros para pagar.

Das nove autarquias que aplicaram fundos públicos nos Estádios para o Euro 2004, só Porto e Lisboa não têm dívidas associadas às obras.

Entre as sete que ainda têm facturas por pagar, além de Leiria, surgem também Braga, Coimbra, Guimarães, Aveiro, Faro e Loulé.

O caso do Estádio Municipal de Braga, conhecido como a “Pedreira”, é particularmente paradigmático, uma vez que o valor final do seu custo ainda não foi totalmente apurado.

O projecto inicial da “Pedreira” previa um investimento de 37 milhões de euros, mas esse valor derrapou, depois, para os 79 milhões. Porém, em 2018, o Tribunal de Contas apontava que a factura estaria nos 153 milhões de euros.

Entretanto, além dos 9,5 milhões de euros de empréstimos que a autarquia devia no final de 2020, é preciso somar ainda mais 14,5 milhões a pagar ao arquitecto Souto Moura.

Além disso, aguardam-se as sentenças finais relacionadas com queixas de construtores que podem aumentar o custo em mais 9,5 milhões de euros.

Assim, quando se fizerem as contas finais, a factura pode aproximar-se dos 200 milhões de euros.

Contudo, já é possível notar que o Municipal de Braga foi o estádio “que teve o maior custo por lugar, a maior factura e a maior derrapagem de todos do Euro 2004″, como salienta o JN.

Em 2019, o actual presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, apontava, numa crítica ao seu antecessor, Mesquita Machado, que o custo do Estádio era “superior ao do Hospital” da cidade.

Em Leiria, a conta anual em empréstimos é da ordem do um milhão de euros por ano, o que, segundo o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, é “bastante exigente”, como assume ao JN.

Gonçalo Lopes também admite que o investimento no Estádio “atrasou outros investimentos fundamentais na área da saúde, educação e ambiente“.

No âmbito do Euro 2014, 10 estádios foram construídos ou alvo de obras de melhoramento. Desses, apenas seis são ocupados por equipa do principal escalão do futebol nacional, respetivamente Sporting, FC Porto, Benfica, Sp.Braga, Vitória de Guimarães e Boavista.

Os restantes estádios acolhem jogos da II Liga (Académica de Coimbra), da III Divisão (União de Leiria) e dos campeonatos distritais de Aveiro (Beira-Mar), sendo que o Estádio do Algarve não tem clube fixo.

ZAP //

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