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Caixa Geral de Depósitos deu bónus de 167 mil euros a Armando Vara

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Paulo Novais / Lusa

O ex-ministro Armando Vara

No ano em que trocou a Caixa Geral de Depósitos pelo BCP, Armando Vara recebeu um bónus de 167.426 euros do banco público referentes a 2007.

Esse ano marca, de acordo com a auditoria independente da EY à Caixa, o início de um período negro na história do banco público, com processos de concessão de créditos milionários que violaram ou, pelo menos, ignoraram os alertas de risco.

O bónus atribuído ao antigo administrador da Caixa, e revelado pelo Correio da Manhã um dia depois de arrancar a fase de instrução da Operação Marquês, consta dos autos do processo. Os mais de 167 mil euros estão referidos numa declaração de rendimentos que Vara entregou ao Fisco em 2008 e dizem respeito a prémios de gestão atribuídos ao antigo administrador do banco público em 2007.

Vara terminou o mandato de administrador da CGD a 9 de janeiro de 2008, para ir com Carlos Santos Ferreira para a administração do BCP. Como Vara recebeu aquela verba da CGD quando já era administrador do BCP, o prémio de gestão diz respeito a 2007, quando foram concedidos a vários clientes créditos milionários ruinosos.

O relatório da CGD sobre o Governo da Sociedade, no qual são apresentadas as remunerações, indica que Vara recebeu da CGD, em 2008, um prémio de gestão de 117 841 euros. Como a Caixa pagou a Vara um valor superior a esse montante, a diferença a mais dirá respeito a bónus relativos a cargos de gestão exercidos por Vara noutras empresas do Grupo CGD.

Enquanto foi administrador da CGD, entre agosto de 2005 e 9 de janeiro de 2008, Vara recebeu da CGD cerca de 870 mil euros brutos, segundo a acusação da Operação Marquês. Na CGD, Vara tinha uma remuneração-base na ordem de 240 mil euros brutos por ano.

Quando foi para a administração do BCP, em janeiro de 2008, Vara passou a ganhar o dobro da remuneração que tinha na CGD. Em 2008, recebeu, segundo os dados dos autos da Operação Marquês, mais de 496 mil euros brutos. No ano seguinte, ganhou 520 mil euros brutos.

Armando Vara não foi o único administrador da CGD a receber prémios de gestão. Além dele, o banco público pagou, em 2008 e 2009, bónus a mais 12 administradores. Por gestor, o valor anual do prémio de gestão variou entre o máximo de 202 mil euros, atribuído ao presidente Carlos Santos Ferreira, e o mínimo de 108 mil euros a vogais. No total, em 2008, a CGD pagou em bónus mais de um milhão de euros.

Na terça-feira, o CM revelou que Bárbara Vara, filha de Armando Vara, recebeu um empréstimo da CGD no valor de 231 mil euros para comprar uma casa de mais de 600 mil euros.

A filha do ex-ministro contou que pagava pouco mais de 200 euros de prestação mensal – o que significa que aos 31 anos tinha de viver pelo menos mais 90 anos para pagar a casa. Além disso, a dívida não poderia nunca somar juros.

A auditoria ao banco público, divulgada há dias, revela que é precisamente a partir de 2007, e num período que se arrasta até 2010, que se são disponibilizados créditos milionários que se traduziriam em perdas para a Caixa Geral de Depósitos.

O trabalho da EY mostra que o maior número de situações identificadas dentro destes quatro modos de atuar ocorreu entre 2007 e 2012. Nesses anos, 7% das operações analisadas foram autorizadas contra os pareceres de análise de risco desfavoráveis.

ZAP //

2 Comments

    • claro que sim
      se ele era gestor, tinha que receber o premio de gestao (apesar dos prejuizos eles recebem sempre)
      sp que essa gestao foi para os amigos e para o bolso dele, rssss
      agora é obriga-lo a devolver esse dinheiro

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