O Estado-Maior das Forças Armadas polacas anunciou esta segunda-feira que fez descolar vários aviões de combate para fiscalizar o espaço aéreo do país devido a um “intenso” ataque russo no oeste da Ucrânia.
“Devido ao intenso ataque aéreo da Federação Russa no território da Ucrânia, aviões polacos e aliados começaram a operar no espaço aéreo polaco durante a manhã”, anunciou o Estado-Maior polaco na rede social X.
“Os caças de serviço foram posicionados em pares e os sistemas de defesa aérea e de reconhecimento por radar baseados em terra atingiram o nível de alerta máximo”, acrescentou o estado-maior, especificando que se trata de ações ‘de natureza preventiva’.
Este tipo de intervenção é comum quando os mísseis ou drones russos têm como alvo regiões do oeste da Ucrânia que fazem fronteira com a Polónia, membro da NATO.
“Dezenas” de drones e mísseis russos atingiram a região de Rivne, no oeste da Ucrânia, na noite de domingo, disse o presidente da câmara da cidade, Oleksandr Tretyak, na rede social Telegram. De acordo com o governador regional, Oleksandr Koval, Rivne teve “uma noite muito difícil”, devido a um “ataque aéreo inimigo maciço”, que feriu pelo menos um civil.
A cidade de Kiev também foi alvo de um ataque que danificou um edifício, segundo o chefe da administração da cidade, Tymour Tkatchenko.
Rússia critica NATO
A Rússia considera a NATO um “instrumento de agressão e de confrontação” e reserva-se o direito à liberdade de ação após o fim da moratória russa sobre mísseis, afirmou hoje o porta-voz do Kremlin.
“A NATO, depois de ter tirado a máscara, demonstra de todas as formas possíveis a sua natureza de instrumento de agressão e de confrontação”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante a conferência de imprensa telefónica diária.
A declaração surge numa altura em que o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, deverá apelar aos países membros da organização para que aumentem em 400% as capacidades de defesa aérea e antimíssil, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
“O que está em causa é que os contribuintes europeus estão a gastar o seu dinheiro na luta contra uma ameaça que dizem vir do nosso país. Não é mais do que uma ameaça ilusória”, afirmou, também citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O porta-voz também aludiu ao possível levantamento da moratória russa sobre a instalação de mísseis de curto e médio alcance em resposta às ações da NATO. Referia-se às limitações autoimpostas por Moscovo depois de Washington ter abandonado unilateralmente o tratado de eliminação de mísseis de curto e médio alcance (INF), assinado em 1987 pelos Estados Unidos e pela União Soviética, em 2019.
“De uma forma ou de outra, a Rússia terá de responder a essas ações expansionistas e agressivas por parte da NATO e dos países membros da NATO, novos membros da NATO, bem conhecidos por nós, que estão muito próximos das nossas fronteiras”, afirmou Peskov, citado pela agência russa Interfax.
Peskov respondia a uma pergunta sobre a possibilidade de a Rússia instalar mísseis em regiões do mundo vulneráveis, após o fim da moratória russa sobre mísseis de alcance intermédio e de curto alcance. Em tal situação, a Rússia manterá a “liberdade de ação”, afirmou Peskov.
“É claro que, a certa altura, quando nada limitar as nossas ações, manteremos essa liberdade de ação para nós próprios”, disse o porta-voz do Presidente Vladimir Putin.
Desde que invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Rússia viu a Finlândia e a Suécia tornarem-se membros da NATO, a sigla em inglês por que é conhecida a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo Serguei Riabkov disse no domingo à agência oficial TASS, que a moratória russa está a chegar ao fim, uma vez que o Ocidente não apreciou a medida de Moscovo. Riabkov disse que, sob a administração do Presidente Donald Trump, os Estados Unidos pretendem intensificar os esforços na implantação de mísseis de alcance intermédio e curto.
“Neste momento, não vemos quaisquer mudanças (…) nos planos dos Estados Unidos sobre a implantação de mísseis terrestres de alcance intermédio e curto nas várias regiões do mundo”, referiu.
Segundo Riabkov, Washington tem dado “passos práticos” na implementação do programa, o que demonstra que “essa atividade só irá aumentar”.
O diplomata disse que a “contenção da Rússia na realidade pós-Tratado INF” não foi apreciada nem correspondida pelos Estados Unidos e seus aliados.
“Consequentemente, declarámos aberta e diretamente que a nossa anterior moratória unilateral sobre a instalação de mísseis de alcance intermédio e curto lançados do solo está a chegar ao seu fim lógico”, afirmou.
Riabkov disse ainda que Moscovo terá de reagir ao aparecimento de quaisquer ameaças de mísseis, tal como determinou Vladimir Putin. “As decisões sobre os parâmetros específicos desta reação cabem aos nossos militares e, naturalmente, aos dirigentes russos”, acrescentou.
Os Estados Unidos planeiam instalar mísseis na Alemanha a partir de 2026. Na cimeira da NATO de 2024, Alemanha, França, Itália e Polónia concordaram em desenvolver conjuntamente mísseis de cruzeiro com um alcance superior a 500 quilómetros.
Drones ucranianos atingem aeródromo militar russo
Pelo seu lado, o Ministério da Defesa russo informou que 49 drones ucranianos tinham sido intercetados no domingo à noite nas regiões fronteiriças com a Ucrânia e na Chuvashia, cerca de 600 km a leste de Moscovo.
”Drones do exército ucraniano atingiram na noite passada o aeródromo militar de Savasleika, na região de Nizhny Novgorod, na Federação Russa, de onde descolam regularmente aeronaves MiG-31K, que transportam mísseis hipersónicos Kinzhal.
“O atacante russo está a utilizar [o aeródromo] para atacar território ucraniano”, refere a nota do Estado-Maior-General que relata o ataque. A nota acrescenta que, de acordo com informações obtidas pela Ucrânia, um MiG-31 e outro Su-30 ou Su-34 russo ficaram danificados no ataque.
O Estado-Maior-General tinha anunciado antes que atingiu uma fábrica de antenas de ‘drones’ Shahed num ataque contra a retaguarda inimiga na noite passada. A fábrica em causa também produz outros componentes para sistemas de navegação de bombas aéreas e outros tipos de armas russas.
ZAP // Lusa
Guerra na Ucrânia
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