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Cabras anãs e “recursos ilimitados”. Fundador da Prozis diz que não precisa de Portugal, nem da empresa

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CV (YouTube)

Miguel Milhão, Prozis

Miguel Milhão, fundador da Prozis

“Não preciso de Portugal, não preciso da Prozis, tenho recursos ilimitados”. Foi deste modo que o fundador da Prozis, Miguel Milhão, se defendeu da onda de críticas depois de ter assumido que é contra o aborto numa altura em que há relatos de um ambiente insólito na empresa, com cabras anãs no escritório.

Miguel Milhão era quase desconhecido do grande público até esta semana. Depois de ter assumido na rede social LinkedIn que é contra o aborto, congratulando-se com a decisão do Supremo Tribunal dos EUA que limita este direito naquele país e salientando os direitos dos “bebés não nascidos”, o empresário foi bombardeado de críticas.

Por tabela, a Prozis também sofreu ataques e vários influenciadores digitais ligados à marca resolveram afastar-se, por uma questão de “princípios” e por não se reverem nessa posição anti-aborto.

Milhão fez, então, um directo no YouTube, onde alguns esperavam que viesse deitar água na fervura. Mas ele fez precisamente o contrário, repetindo a sua posição anti-aborto e fazendo declarações ainda mais controversas.

O empresário que vive, actualmente, nos EUA, assumiu que “não estava à espera” de reacções tão agressivas. “A mim não me faz grande diferença”, sublinhou ainda. “Não vivo aqui, não tenho nada a ver com Portugal“, apontou ainda.

Não preciso de Portugal, não preciso da Prozis, tenho recursos ilimitados”, acrescentou, frisando que é “incancelável”.

Milhão também notou que é um “meio burro” que, apesar disso, conseguiu “fazer algumas coisas da vida”. “Tenho carta de barco e carta de avião, fiz filosofia na Universidade. Para meio burro não está mal”, atirou.

“Se é para cancelar, que me cancelem a mim”

Num podcast interno da Prozis intitulado “Conversas do Karalho”, Milhão considerou ainda que é “perturbador” todo o ambiente gerado pela sua posição anti-aborto.

Falando numa “ditadura das ideias”, o empresário destacou que o objectivo da onda de críticas é “destruir” a sua pessoa por não gostarem do que diz.

“As minhas ideias são as minhas ideias, a Prozis não tem ideias“, vincou também, notando que “é uma empresa privada, não é uma instituição”. “Tem accionistas, tem trabalhadores, tem parceiros, e todos têm opiniões diferentes”, frisou, apontando que “há um montão de gente que é a favor do aborto”.

“Se é para cancelar, que me cancelem a mim” em vez de “cancelarem pessoas que dependem da Prozis”, constatou.

“Matar embrião é o mesmo que matar criança”

Quanto ao aborto em si, Milhão vincou a ideia de que é contra porque “matar um embrião é o mesmo que matar um feto, um recém-nascido, uma criança ou um adulto”.

Se eu tivesse uma filha que fosse violada, ou a minha mulher fosse violada, eu tentaria falar com ela e cuidava dessa criança”, marcou ainda Milhão.

O empresário contou também que nasceu “cego do olho esquerdo” quando a mãe tinha apenas 19 anos e era solteira. “Eu era um candidato fixe para o aborto“, considerou, notando que aconselharem a mãe a abortar, mas que ela “pensou diferente”.

“Sei que estou a fazer um bom trabalho e não é por estar a salvar o mundo, é porque sei que ao meu redor as pessoas estão mais felizes. Isso é que é uma vida útil de serviço”, concluiu.

Cabrãs anãs no escritório

Todo este burburinho em torno de Milhão está, entretanto, a levantar rumores de casos de assédio laboral na Prozis. Além disso, surgem relatos que falam de um ambiente insólito no seio da empresa, com cabras anãs no escritório.

Um antigo trabalhador do departamento de informática da empresa de nutrição desportiva, que lá trabalhou em 2019, revela à NiT que apanhou “uma altura de transição” quando a empresa estava “a mudar da antiga sede em Esposende para a nova, na Maia”, e diz que se vivia um “ambiente pesado”.

“Saí dali também por estar desalinhado com a cultura da empresa. Em Outubro, do nada e sem qualquer aviso prévio, vimos um cercado com palha dentro do escritório, como se fosse uma quinta. Depois apareceu lá uma cabra anã“, relata este ex-funcionário.

Foi numa altura em que se falava das empresas unicórnio em Portugal, uma expressão de que Milhão não gostaria, segundo o mesmo ex-trabalhador que diz que ele preferia falar da Prozis como uma GOAT. Este termo é muito usado no futebol para falar de Cristiano Ronaldo e de Messi, significando “cabra” e representando as iniciais de Greatest Of All Time (ou seja, o maior de todos os tempos).

“No segundo dia, quando chegámos ao escritório, havia muitas fezes e mais uma cabra extra. Os animais estavam com liberdade de movimento, então havia sujidade por todo o lado, até onde fazíamos as refeições”, revela o antigo funcionário à NiT.

“Não houve preocupações com as queixas” dos trabalhadores, diz ainda. “Era só porque o senhor Miguel Milhão queria. Basicamente, era trabalhar e não questionar“, constata.

O ex-trabalhador refere que os animais acabaram por ter de ficar confinados “a um pequeno espaço, dentro do escritório, onde já não se podiam movimentar tão facilmente”.

Na altura do Natal, no ano passado, a Prozis terá convidado vários influencers e celebridades para passarem o dia no escritório. O socialite José Castelo Branco, um dos embaixadores da marca, terá sido um dos convidados. “Passou parte do dia no escritório a rebolar no cercado com as cabras“, refere o mesmo ex-trabalhador.

Num vídeo partilhado com a NiT por antigos funcionários, Castelo Branco surge a brincar com uma das cabras anãs no cercado, alegadamente dentro dos escritórios da Prozis.

ZAP //

20 Comments

  1. Que tal ser democrático e aceitar a diversidade de ideias?? As regras são construídas pela vontade da maioria… que medo é esse da diferença e que democrático é forçar a um “pensamento único”??!!

    Parabéns pela coragem em se expressar ao Miguel Milhão!!!

  2. Toda a razão! Mais do que concordar ou discordar com a visão dele, eu sobretudo discordo de uma ditadura de ideias onde só se possa pensar legitimamente quando se concorda com os Woke e os Cancel.

    Existe uma espécide de cavalice mental, que é a de achar que so há uma forma admissivel de se pensar.

    Parabéns ao Milhão não especificamente pela sua opinião, mas pela coragem (incrivel ter de falar em coragem para isto) de expressar uma opinião diferente das dos Woke.

    Claro que agora lhe vão inventar todo o tipo de defeitos. Vai ser o assédio, a violação, o racismo, a homofobia, a pedofilia, etc… O homem de repente vão-se-lhe descobrir trinta mil defeitos inventados a la minuta.

  3. Toda a razão! Mais do que concordar ou discordar com a visão dele, eu sobretudo discordo de uma ditadura de ideias onde só se possa pensar legitimamente quando se concorda com os Woke e os Cancel.

    Existe uma espécide de cavalice mental, que é a de achar que so há uma forma admissivel de se pensar.

    Parabéns ao Milhão não especificamente pela sua opinião, mas pela coragem (incrivel ter de falar em coragem para isto) de expressar uma opinião diferente das dos Woke.

  4. Quando se usa precisamente o argumento dos valores para defender o aborto está tudo dito. Concorde-se ou não com ele, o aborto nunca será um acto de liberdade, empodoramento das mulheres ou demonstração de valores supremos, será sempre um acto deprimente e moralmente hediondo que na minha opinião e por tudo o que envolve em vários aspectos, deverá ficar à consciência de cada um. Assim, não concordando com Miguel Milhão, que é um proibicionista assumido, compreendo e aceito perfeitamente o seu ponto de vista e gabo a sua coragem. My body my choice nao deixa de ser uma afirmação repugnante e completamente desconexa de qualquer noção de humanidade.

    • Claro porque não está só o body delas em jogo. Se pusermos de lado o tamanho (que não é argumento), são sempre duas vidas e dois corpos em jogo. O da mulher é apenas 50% da questão. Enquanto não inventarem uma forma de gravidez que não envolva o corpo da mulher, será sempre assim.

      Pessoalmente estou deserto que a ciência consiga fazer com que a gravidez não precise do corpo da mulher pra nada.

  5. Os ataques à diversidade de ideias são permanentes. Esta a verdadeira falta de coragem das máfias identitarias que mentirosamente se dizem a favor da diversidade, quando nem diversidade de ideias toleram.

    A máfia Woke/Cancel está hoje em dia infiltrada como um polvo nos media, nas redes sociais e na politica.

    • Concordo 100%.
      Os médias estão reféns das classes políticas e dos seus contributos.
      Quando existe uma suposta agencia noticiosa que “dita” noticias (e/ou a perspetivas da mesma) está tudo dito.

  6. Concordo, e também acho que o Sr. Milhão deveria aceitar as criticas de forma natural que lhe fazem. A Democracia e a liberdade de ideias é uma via com dois sentidos, daí a sua força e riqueza!

  7. Então a democracia é isto !
    Ele é contra o aborto ! tudo bem… cada um com a sua opinião !
    E as pessoas que não são contra o aborto teem o direito de o ser e também teem o direito de não se relacionarem com a empresa Prozis se o entenderem.

    Por exemplo:
    Se eu não gosto de alguém que trabalha ou é dono do Restaurante XPTO, simplesmente não vou lá !
    estou no meu direito !

    • Então e se alguém disser “eu não gosto de bacalhau e como tal exigo que todos os restaurantes que vendem bacalhau fechem as portas e ninguém pode comer bacalhau”.

      Não se trata apenas de ter uma opinião anti-aborto. Trata-se de querer limitar a liberdade de quem tem uma opinião contrária.

      • Mas quando se está no campo dos valores há opiniões que valem pouco. Alguém poderá ser a favor do assassínio e não é por isso que a sua opinião é válida no desenho dos valores societários…

  8. Não sei que diga…
    Se não podemos expressar as N/ ideias ou convicções vivemos numa ditadura, vivemos amordaçados!
    Se expressamos as N/ convicções ou opiniões que colidem com as opiniões de outros somos “enxovalhados”.
    enfim “presos por ter e presos por não ter”…
    Só espero que eu destes dias a liverdade de dizer tudo aquilo que nos apetece nas redes sociais seja de certa forma “cortada” pois uma coisa é manifestarmos opinião outra é de forma gratuita “enxovalhar” os outros apenas e só porque tem opiniões diferentes das N/.

  9. Pessoalmente gostei das cabras anãs. Uma cabra anã no escritório elimina todo o stress e provavelmente ainda come alguns apontamentos e fotocópias… Só virtudes

  10. Não é só ele , eu tb!..
    Devemos ser mais de metade da população, mas fizeram referendos atrás de referendos e campanhas até dar sim!..
    É só fazer outro referendo e uma campanha contra o o aborto acaba se também, se não for a primeira vai a segunda, ou só vale se for contra o homem?!
    Como está, é a completa discriminação do homem e puro feminazismo!
    Mas vale tudo contra o homem no estado misandrico!

  11. Parece-me que o mundo anda doido e os Tugas facilmente manipuláveis idem !!!
    É óbvio que qualquer pessoa tem o direito de ser contra ou a favor do aborto, isto chama-se liberdade. No entanto mais uma vez o que está em questão não é o ser ou não ser a favor, mas sim tirar a liberdade a uma pessoa de o poder realizar, ou seja este Sr pode ser contra o aborto mas criminalizar quem o decida fazer é completamente absurdo. Amanhã meia dúzia de pessoas com poder poderá achar que os podcast manipulam as pessoas e por conseguinte decidam proibir a realização de podcast tal como o feito com este sr, e assim se rouba a liberdade de opinião independentemente de ser a favor ou contra podcast.

    • Ai Joe Joe, o seu argumento não faz sentido, senão vejamos:
      “Parece-me que o mundo anda doido e os Tugas facilmente manipuláveis idem !!!
      É óbvio que qualquer pessoa tem o direito de ser contra ou a favor do canibalismo, isto chama-se liberdade. No entanto mais uma vez o que está em questão não é o ser ou não ser a favor, mas sim tirar a liberdade a uma pessoa de o poder realizar, ou seja este Sr pode ser contra o canibalismo mas criminalizar quem o decida fazer é completamente absurdo”
      O que é crime ou não depende dos valores de uma sociedade, bem ou mal espelham a visão da maioria ou dos princípios éticos dos indivíduos. Em Portugal jogar à sueca com amigos a dinheiro é crime, o aborto é um assunto bem mais grave que um jogo de cartas, é óbvio que haverá sempre quem defenda que é crime,

      • Espanta-me que não tenha usado o homicídio como comparação em vez de canibalismo, dentro da absurdidade causava mais impacto
        Voltando ao que disse qualquer individuo numa sociedade livre tem direito a opinião por mais controversa que possa parecer, agora misturar opiniões com criminalização é absurdo principalmente quando essa criminalização foi feito sem qualquer referendo, decretada por um supremo tribunal com uma dezena de indivíduos provavelmente de maioria masculina e decidir o destino de milhões de mulheres, indo contra aquilo que defende “O que é crime ou não depende dos valores de uma sociedade, bem ou mal espelham a visão da maioria ou dos princípios éticos dos indivíduos”.

  12. Há um grande problema fundamentalista com a lei nos EUA: ainda se a vida da mãe está em perigo e o feto já claramente está a apodrecer no útero, muitos médicos “por consciência” não querem fazer aborto e querem esperar até o cadáver sair sozinho. Mas muitas vezes isso não acontece. Há casos claros quando a lei falha, e põe a vida das mães em risco. Também acho que só porque alguém é violada terá de ter mais uma (ou a primeira) criança com p.e. 45 anos ou 15 anos.
    Do outro lado: parabéns ao Miguel. Neste novo mundo todas as opiniões e todos com opiniões ligeiramente diferentes das ideias liberalistas ditadas são cancelados, demonizados, mal tratados. Por amor de deus, isso é a democracia? Gritam liberdade e democracia cada vez mais agressivamente que lentamente vai se tornar contraproducente e repugnante.

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