Os rebeldes huthis do Iémene poderão estar a preparar-se para intensificar os seus ataques de retaliação pela guerra de Israel na Faixa de Gaza visando os cabos submarinos de telecomunicações no estreito de Mandeb.
Segundo um artigo de opinião publicado no Gulf International Forum, os rebeldes imemenitas podem estar a planear atacar a infraestrutura global de telecomunicações, alvejando os cabos submarinos no estreito de Mandeb.
O texto cita uma publicação num canal do Telegram ligado aos huthis que mostra mapas das redes de cabos submarinos no Mar Vermelho, Mediterrâneo, Mar Arábico e Golfo Pérsico.
O post em causa sugere que o Iémene tem uma a posição estratégica próximo de alguns dos principais canais submarinos de telecomunicações, que ligam continentes inteiros — não apenas países.
Estes cabos são hoje o maior ponto fraco de praticamente todos os países do mundo: apesar de serem responsáveis por praticamente todas as grandes transações globais, não possuem qualquer mecanismo de defesa.
A sua localização pode ser descoberta em mapas públicos e fáceis de serem alcançados por qualquer pessoa com o equipamento de mergulho adequado.
Embora a publicação não mencione alvos específicos, a ameaça de ataque a estes alvos é consistente com as recentes ações dos huthis contra navios comerciais que considera estarem a dirigir-se para Israel ou de terem ligações com o país.
Desde meados de outubro, os rebeldes lançaram mais de 100 drones e mísseis em ataques direcionados a navios de carga no estreito de Mandeb, por onde passa cerca de 10% do tráfego marítimo global.
Estes ataques obrigaram as companhias de navegação a reencaminhar o tráfego através do Cabo da Boa Esperança, aumentando os custos de transporte e os tempos de percurso das suas cargas.
Em resposta, os EUA formaram uma coligação naval internacional para proteger o tráfego marítimo e conduziram ataques aéreos com o Reino Unido contra alvos huthis.
Apesar destes esforços, os huthis não mostram intenção de parar os ataques, sublinhando a sua ambição de desempenhar um papel significativo na região.
Perante as crescentes preocupações com a potencial expansão do conflito em Gaza, os aliados dos huthis, incluindo o Hezbollah do Líbano e várias milícias iraquianas associadas ao Irão, poderão apostar agora em diversificar os seus alvos — e atacar a infraestrutura global de telecomunicações.
O estreito de Mandeb é um dos três principais pontos de congestionamento de cabos do mundo, tornando-o um alvo potencialmente apetecível para sabotagem.
Dadas a relativamente pequena profundidade das águas do estreito, o autor do artigo considera que os rebeldes não precisariam de tecnologia de submersão sofisticada para realizar os ataques, podendo simplesmente recorrer a mergulhadores com minas navais para inutilizar os cabos.
Está na altura de resolver de vez este problema. Deixem-se de ‘paninhos quentes’.