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O buraco na camada de ozono está a fechar

Arctic Zone Watch

É uma “notícia fantástica” e surpreendente. O buraco na camada de ozono, que protege a vida na Terra, está a fechar e poderá ficar totalmente recuperado até 2066, de acordo com dados divulgados pela ONU.

Um novo relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) garante que as medidas tomadas para a redução do consumo de químicos nocivos para a camada de ozono estão a resultar.

O buraco descoberto na cama de ozono em 1985, está a fechar e poderá estar totalmente fechado daqui a 43 anos, ou seja, em 2066, de acordo com o painel de especialistas apoiado pela ONU.

“Se as políticas actuais continuarem em vigor, a camada de ozono deverá recuperar para valores de 1980 (antes do aparecimento do buraco de ozono) por volta de 2066 sobre a Antártida, em 2045 acima do Ártico e em 2040 no resto do mundo”, indica a ONU em comunicado.

“Eliminação de 99% das substâncias destruidoras de ozono”

Este relatório da ONU foi elaborado no âmbito da avaliação que é feita a cada quatro anos da camada de ozono, tendo sido apresentado na 103ª reunião anual da Sociedade Meteorológica Americana (AMS na sigla original em inglês) que decorre nesta semana.

O painel de especialistas que recorreu a novas tecnologias, como a geoengenharia, para analisar a actual situação, “confirma a eliminação gradual de quase 99% das substâncias destruidoras de ozono proibidas”, frisa a ONU.

A aplicação do Protocolo de Montreal, que entrou em vigor em 1989, foi decisiva para estes resultados animadores, ajudando a eliminar gases, incluindo os clorofluorcarbonetos (CFC), responsáveis pelo aparecimento do buraco na camada de ozono sobre a Antártida.

Uma emenda ao Protocolo de Montreal aprovada em 2016 exige a eliminação gradual do uso de hidrofluorcarbonetos (HFC) que, embora não danifiquem directamente o ozono, contribuem para as mudanças climáticas.

De acordo com o painel científico do Protocolo, a progressiva eliminação do uso de HFC reduzirá o aquecimento global em 0,3 a 0,5 graus Celsius até 2100.

“É uma notícia fantástica”

A secretária executiva do Secretariado do Ozono do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, Meg Seki, considera que estas conclusões são “uma notícia fantástica”.

“O impacto que o Protocolo de Montreal teve na mitigação das alterações climáticas não pode ser ignorado. Nos últimos 35 anos, o Protocolo tem sido um verdadeiro defensor do meio ambiente“, realça Seki citada no comunicado da ONU.

“O nosso sucesso na eliminação gradual de produtos químicos que danificam o ozono mostra-nos o que pode e deve ser feito – com urgência – para fazer a transição dos combustíveis fósseis, reduzir os gases com efeito de estufa e, assim, limitar o aumento da temperatura”, aponta ainda o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas.

A OMM também colaborou na avaliação cujas conclusões são agora anunciadas.

Cientistas deixam avisos

Apesar das boas notícias, é preciso ter cuidado e o relatório alerta que os esforços para arrefecer artificialmente o planeta, colocando aerossóis na atmosfera para reflectir a luz do sol, poderem diminuir até 20% a camada de ozono na Antártida.

O projecto de geoengenharia designado de Injecção Estratosférica de Aerossóis (SAI, na sigla em inglês) foi proposto como um método possível para limitar a quantidade de luz solar que chega à superfície da Terra, para, assim, reduzir as alterações climáticas.

Mas o painel científico adverte que a SAI poderá afectar as temperaturas da estratosfera, a circulação e produção de ozono, bem como as taxas de destruição e transporte do gás, aponta-se no comunicado da ONU.

A camada de ozono, ou ozonosfera, é uma área da estratosfera que protege o planeta dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol, absorvendo entre 97 e 99% da radiação.

Sem aquela protecção, a radiação ultravioleta do Sol prejudicaria irreversivelmente a vida na Terra.

ZAP // Lusa

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