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Brasil. Assassinato de motoristas da Uber pode ser a “vingança” por viagem cancelada

O assassinato de quatro motoristas da Uber e de outro serviço de transportes de passageiros numa favela brasileira pode ter sido motivado por vingança depois que a mãe de um líder de uma gangue, que se encontrava doente, ter tido uma viagem cancelada, informaram as autoridades do país.

Os quatro homens, com idades entre os 23 e os 48 anos, foram torturados e mortos depois de serem chamados à favela Jardim Santo Inácio, na cidade de Salvador, na semana passada. Um quinto motorista fugiu e alertou a polícia. Este e duas das vítimas trabalhavam para a empresa de transporte 99. As outras duas vítimas trabalhavam para a Uber, noticiou na quinta-feira o Guardian.

Num comunicado divulgado no mesmo dia, a polícia referiu que o motivo dos assassinatos ainda estava a ser investigado, havendo indícios que apontam “para uma vingança contra os motoristas, depois que uma viagem foi recusada”.

Na sexta-feira, dois suspeitos dos assassinatos foram mortos num tiroteio com a polícia. O corpo de um terceiro homem, suspeito de ordenar as mortes, foi também encontrado pelas autoridades. “O gangster ordenou que essas pessoas fossem mortas porque a sua mãe ligou para a Uber, mas o carro nunca chegou”, disse o governador da Bahia, Rui Costa.

Segundo o relato do motorista que sobreviveu, este foi chamado para a favela na sexta-feira, tendo sido forçado a sair do carro e conduzido para trás de um barraco, onde já se encontrava um motorista morto e os outros estavam a ser torturados. O homem foi também amarrado e torturado, mas conseguiu escapar quando um dos outros colegas conseguiu pegou na arma de um membro do gangue.

As aplicações de partilha de passageiros, como a Uber e a 99, cresceram no Brasil nos últimos anos. A Uber tem mais de 600 mil motoristas no país, muitos dos quais começaram a trabalhar para a empresa após uma recessão que deixou 12 milhões de desempregados.

Segundo a Reuters, os crimes contra motoristas da Uber em São Paulo aumentaram desde 2016, depois que a empresa começou a aceitar pagamentos em dinheiro. Esta passou então a exigir um número de segurança social e a data de nascimento dos passageiros que pagavam em dinheiro.

“A Uber lamenta profundamente esse crime brutal e chocante”, disse uma porta-voz da empresa, enquanto a 99 referiu: “Ficamos profundamente tristes com esses horríveis atos de violência”. Ambas disseram que usam inteligência artificial avaliar riscos.

Atila Santana, presidente do sindicato dos motoristas de aplicações da Bahia, afirmou que as empresas devem ser tão rigorosas na escolha de passageiros quanto na escolha de motoristas. “As empresa não querem mais burocracia porque os utilizadores trazem dinheiro. Elas [as empresa] colocam os motoristas em risco”, frisou.

ZAP //

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