O BPI é o primeiro banco a começar a cobrar a partir desta quarta-feira a alguns clientes na realização de transferências MB Way. Mas não é o único.
Dentro de mês e meio também o BCP vai começar a fazê-lo. Nem todos os clientes dos dois bancos serão atingidos por esses custos, mas poderá ser o ponto de partida para outras instituições lhes seguirem as pisadas. Mas há forma de contornar esses custos.
Foi no início de fevereiro que o BPI atualizou o seu preçário a dar conta de que a partir deste dia 1 de maio começava a aplicar uma comissão de 1,248 euros por cada transferência MB Way.
Essa quantia passa a ser cobrada apenas aos clientes do banco que optem por usar a app do MB Way, criada pela SIBS, a gestora do Multibanco e comum a todos os bancos. Isentos ficam os clientes que realizem este tipo de transferências, mas através da app BPI.
Cerca de dois meses após o BPI, foi a vez de também o BCP dar conta no início de abril de que no preçário a entrar em vigor a 17 de junho também iria passar a aplicar uma comissão sobre as transferências MB Way. No caso do banco liderado por Miguel Maya, o custo a cobrar vai variar consoante a plataforma utilizada.
Os clientes que a partir dessa data utilizem a app Millennium para realizarem transferências MB Way passam a pagar 0,52 euros por cada operação. Já os que façam o mesmo tipo de transferências, mas utilizem a app MB Way, o custo de cada operação passa a ser de 1,258 euros.
Isentos de qualquer custo estão os clientes com soluções integradas, como o “Cliente Frequente”, “Millennium GO!”, “Programa Prestige, “Programa Prestige Direto” e “Portugal Prestige”. Clientes com até 23 anos de idade também não pagam por esse serviço.
O tipo de estrutura do comissionamento das transferências MB Way que o BPI e o BCP estão a implementar promove uma relação de troca em que isentam ou cobram menos desde que os clientes mantenham uma ligação forte com a instituição.
Os clientes destes bancos que pretendam eliminar ou reduzir da sua fatura de custos a cobrança pelas transferências MB Way têm como vias as contas pacote e o uso da app do banco. Quem não esteja disposto a isso, a alternativa é trocar ou abrir conta noutra instituição financeira que não aplique comissões.
Grande parte dos bancos, contudo, já está preparada para cobrar pelas transferências MB Way, algo que já está refletido aliás nos respetivos preçários, apesar de não as estarem a aplicar. O custo pode ir até aos 1,56 euros, valor que é usado pelo ActivoBank nas transferências MB Way para contas domiciliadas noutros bancos.
A associação de defesa dos consumidores, recorda o Eco, referia a este propósito que os preços aplicados a uma operação na app móvel MB Way “são desproporcionais”. Nesse sentido, apela ao Banco de Portugal que passe a estipular um teto máximo de 0,2% ao valor das comissões a cobrar em cada transferência com MB Way.
Bancos digitais
Há ainda outra via: recorrer à oferta da banca digital. Existem diversos operadores desse universo que não cobram pelas transferências bancárias.
Entre os operadores em que tal é possível está a Revolut. É um banco digital que já tem licença para operar na Europa e já acumulou mais de 140 mil clientes em Portugal desde a chegada ao mercado nacional em outubro de 2017.
A Revolut permite a criação e o carregamento de uma conta que funciona através de uma aplicação que se instala no telemóvel. É através dessa aplicação que é possível realizar pagamentos ou transferências, após a criação de um cartão virtual, mas também físico. A realização de transferências bancárias, seja dentro ou fora do país, é gratuita, e só entre contas Revolut.
O mesmo tipo de isenção é garantida em operadores digitais como a N26, a Monese ou a Paypal, sendo que qualquer destes operadores tem autorização para operar na Europa e em Portugal.