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Bolsonaro apela a “intervenção militar” e deixa ameaça de golpe de Estado

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Joédson Alves / EPA

Jair Bolsonaro e o seu filho Eduardo atacam a separação de poderes em reação às investigações da Justiça. O Presidente brasileiro aludiu a uma “intervenção militar pontual”.

A cena política no Brasil está cada vez mais mergulhada em polémica. Já na quinta-feira, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente brasileiro, alertava para uma “rutura institucional”.

“O poder moderador para restabelecer a harmonia entre os poderes não é o Supremo Tribunal Federal [STF], são as Forças Armadas“, disse Eduardo Bolsonaro, citado pelo Expresso.

Através do Twitter, também Jair Bolsonaro aludiu a uma “intervenção militar pontual”. O líder brasileiro partilhou uma entrevista de um constitucionalista que defende este caminho ao abrigo da constituição. O artigo 142 explica que as Forças Armadas estão “sob a autoridade suprema do Presidente da República e destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Alguns dos juristas consultados pelo EL PAÍS Brasil sugerem que o presidente, que já tinha participado de manifestações golpistas, incorreu no crime de incitar um golpe de Estado.

Bolsonaro também já tinha demonstrado o seu descontentamento com a ordem de apreensão de computadores, telemóveis e tablets de 29 dos seus apoiantes, além da quebra dos sigilos bancário e fiscal de quatro deles.

“Ontem foi o último dia. Peço a Deus que ilumine as poucas pessoas que ousam se julgar melhor e mais poderosos que os outros que se coloquem no seu devido lugar, que nós respeitamos”, começou por dizer Bolsonaro.

“Não podemos falar em democracia sem um Judiciário independente, sem um Legislativo independente, para que possam tomar decisões não monocraticamente, por vezes, mas as questões que interessam ao povo que tomem, de modo a que seja ouvido o colegiado. Acabou, porra”, acrescentou.

Confrontos entre apoiantes e críticos de Bolsonaro

Apoiantes e críticos do Presidente brasileiro Jair Bolsonaro entraram este domingo em confronto causando distúrbios violentos que deixaram várias pessoas feridas.

Os incidentes ocorreram na conhecida e central Avenida Paulista, na cidade brasileira de São Paulo, para a qual foram convocadas manifestações pelo chamado “Bolsonarismo”, a favor do Presidente Jair Bolsonaro, e também por grupos de opositores ao atual chefe de Estado do país, de extrema-direita, que protestam contra o “autoritarismo”.

Os primeiros manifestaram o seu apoio a Bolsonaro, exigindo o “encerramento” do Parlamento e do Supremo Tribunal, que acusam de “conspirar” contra o governo, enquanto os segundos afirmaram que iriam para a rua em “defesa da democracia”.

As manifestações, que também tiveram lugar noutras cidades do país, foram convocadas numa altura em que o Brasil, com quase meio milhão de pessoas, é o segundo país do mundo com o maior número de infeções por covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, e o quarto em número de mortes, com 28.834, de acordo com os últimos dados oficiais.

Na Avenida Paulista, os confrontos entre os dois lados levaram a polícia a intervir com gás lacrimogéneo e balas de borracha e três pessoas foram detidas, segundo o G1, portal da Globo.

Várias pessoas ficaram feridas nos distúrbios, incluindo o fotógrafo Fernando Bizerra da agência de notícias espanhola Efe, que estava a fazer a cobertura dos acontecimentos e foi atingido por um objeto na perna esquerda e depois levado para um hospital para tratamento, relata aquele órgão de comunicação social.

Pouco antes, em Brasília, o Presidente Bolsonaro esteve presente num evento organizado pelos seus apoiantes, no qual também se manifestaram contra o Parlamento e o Supremo Tribunal e exigiram “uma intervenção militar”.

Bolsonaro não fez declarações e limitou-se a cumprimentar e a abraçar muitos dos participantes, levantando algumas crianças nos braços e posando para fotos, tudo sem usar a máscara, com a qual é obrigatório circular nas ruas de Brasília por causa da pandemia.

Depois de saudar os seus apoiantes, estimados em cerca de 3.000, o chefe de Estado dirigiu-se a um grupo de polícias a cavalo, montou num dos animais e caminhou entre o povo, que após aquele ato do Presidente dispersou sem grandes incidentes.

Bolsonaro, bem como três dos seus filhos que também estão envolvidos em atividades políticas, são atualmente objeto de várias investigações que estão nas mãos da Procuradoria-Geral da República e supervisionadas pelo Supremo Tribunal.

No caso do Presidente, é alegadamente suspeito de tentar intervir ilegalmente na Polícia Federal, um órgão autónomo que depende do Ministério da Justiça, sendo o antigo ministro, Sergio Moro, quem denunciou as alegadas irregularidades.

No sábado, Bolsonaro publicou uma série de mensagens nas redes sociais aludindo aos problemas do seu governo com o sistema de justiça e concluiu com uma forte declaração: “Tudo aponta para uma crise”, escreveu.

ZAP // Lusa

13 Comments

    • Nao é o que dizem as atuais pesquisas sobre o governo. Seu presidente detém hoje apoio de pouco mais de 30% dos brasileiros pesquisados! #somos70%!!!

  1. Extrema direita… Dá vontade de rir… Eram baderneiros pertencentes a torcida uniformidade do Corinthians que perdeu o patrocínio milionário do Banco Federal CEF juntamente com os Antifas…Reportagem tendenciosa ou mal informada.
    Lendo a faixa sobre a democracia, percebe se nitidamente que foi uma manobra para ecoar na extrema imprensa contra o governo Bolsonaro.

  2. O reinado petista teve o seu fim, devido a atrocidades fortemente desmascaradas pela perseguição e investigação da corrupção, que deixou de se excepção e passou a ser regra.
    Ainda vivo incrédulo, relativamente ao sucesso do decurso da maioria das investigações anti-corrupção que decorreram, nomeadamente terem dado liberdade às policias para investigar, pois todo o esquema e envolvidos pertencerem a essa ideologia.
    Hoje, a verdade floresceu, tem uma maioria que não abdica e prossegue em frente numa luta em defesa de direitos fundamentais.

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