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O Presidente dos EUA explica tarifas sobre os parceiros comerciais globais. Para Trump, é um “remédio muito bonito”
As principais bolsas europeias abriram esta semana em queda livre, a seguir a tendência das praças asiáticas, devido à inflexibilidade de Donald Trump sobre as tarifas impostas aos parceiros comerciais dos EUA, na semana passada. O presidente dos EUA diz que é o efeito de um “remédio muito bonito”.
A bolsa de Lisboa abriu esta segunda-feira em forte queda, com o índice PSI (Portuguese Stock Index) a cair 5,26%, para os 6.286,68 pontos.
Já o EuroStoxx 600 estava a recuar mais de 5% e as bolsas de Londres, Paris e Frankfurt desciam 4,58%, 5,78% e 6,58%, respetivamente, enquanto as de Madrid e Milão se desvalorizavam 5,51% e 6,90%. A bolsa de Frankfurt chegou a estar a recuar mais de 9%.
O preço do petróleo Brent para entrega em junho, a referência na Europa, baixava para 62,77 dólares, contra 65,77 dólares na sexta-feira.
O euro estava a avançar, a cotar-se a 1,1028 dólares no mercado de câmbios de Frankfurt, contra 1,0956 dólares na sexta-feira.
Lisboa em forte baixa
Cerca das 08h45 em Lisboa, a bolsa de Lisboa negociava em forte baixa, alinhada com as congéneres europeias, com as 15 ações do PSI a caírem mais de 3,36%, lideradas pelas dos CTT, que baixavam 7,38% para 6,65 euros.
O PSI mantinha a tendência da abertura e baixava 5,94% para 6.241,55 pontos, um mínimo desde 17 de abril de 2024, com a cotação dos 15 ‘papéis’ a descer.
Às ações dos CTT seguiam-se as da Galp, que desciam 7,01% para 13,40 euros.
As ações da Ibersol, BCP e Semapa recuavam mais de 6%, designadamente 6,98% para 8 euros, 6,51% para 0,46 euros e 6,26% para 14,04 euros.
Com a mesma tendência, cinco ações caíam mais de 5% – EDP e EDP Renováveis, que se desvalorizavam 5,99% para 2,97 euros e 5,97% para 6,93 euros. REN, Mota-Engil e Corticeira Amorim baixavam 5,85% para 2,65 euros, 5,69% para 2,95 euros e 5,67% para 7,16 euros.
Mais moderadamente, mas a descer mais de 4%, os títulos da Jerónimo Martins, Altri e NOS desciam 4,59% para 19,52 euros, 4,56% para 5,63 euros e 4,30% para 4,11 euros.
Já a Sonae e a Navigator perdiam 3,94% para 1,0 euros e 3,36% para 3,10 euros.
Maior queda da história em Taiwan
O índice de referência da Bolsa de Valores de Taipé, o Taiex, afundou 9,7%, a maior queda diária da sua história, refletindo o pânico dos investidores na sequência das taxas impostas por Washington sobre produtos taiwaneses.
As empresas tecnológicas foram as que mais perderam no dia, com a TSMC, a Hon Hai (Foxconn) e a MediaTek a caírem abaixo do limite diário de 10% assim que a sessão começou.
As perdas da TSMC, o maior fabricante de chips do mundo, significam que as ações da empresa caíram 25,3% desde o seu máximo histórico em 22 de janeiro, representando uma queda de 7,4 biliões de dólares de Taiwan (cerca de 203 mil milhões de euros) em valor de mercado.
De recordar que Trump anunciou, na passada terça-feira, uma nova ronda de “tarifas recíprocas” contra vários países e territórios, incluindo Taiwan, a quem será aplicada uma taxa de 32% a partir de 9 de abril (quarta-feira), em resposta a alegadas práticas como a manipulação de moeda ou o transbordo ilegal de mercadorias.
O líder de Taiwan, William Lai, reiterou que Taipé não imporá “tarifas de retaliação” contra os Estados Unidos, mas procurará dialogar com Washington com base na premissa de “zero tarifas bilaterais”.
“Para garantir a competitividade de Taiwan, aumentaremos as importações dos EUA e tomaremos outras medidas. Trabalhando em conjunto, daremos início a uma era dourada de prosperidade partilhada”, afirmou.
Embora os semicondutores de Taiwan – o principal motor da sua economia – tenham sido excluídos das novas taxas alfandegárias, a medida suscitou preocupações quanto ao ambiente comercial mais hostil entre Taipé e Washington.
Taiwan tem o sexto maior excedente no comércio com os EUA, com exportações recorde de mais de 110 mil milhões de dólares (100 mil milhões de euros) em 2024, impulsionadas pela crescente procura americana desses chips avançados de inteligência artificial.
O remédio é amargo, mas “muito bonito”
Face à tosse das bolsas, inclusivamente de Wall Street, Trump diz que isto é o efeito do remédio amargo – que terá efeitos positivos a curto prazo.
O presidente norte-americano diz que esta é a única forma de curar os défice financeiros que existem com várias economias, como a União Europeia (UE) e a China, prometendo inverter este cenário rapidamente.
“A única forma de resolver o défice financeiro é através de tarifas, que estão agora a trazer dezenas de milhares de milhões de dólares para os EUA (…) Um dia as pessoas vão perceber que as tarifas são uma coisa muito bonita, para os EUA”, defendeu Trump, este domingo, numa publicação na Truth Social.
Entretanto, segundo o conselheiro económico da Casa Branca, Kevin Hassett, mais de 50 países contactaram a administração norte-americana a solicitar o início de negociações sobre as tarifas alfandegárias anunciadas.
Os países que propuseram abrir negociações “fazem-no porque entendem que vão suportar uma parcela significativa destas tarifas”, disse o diretor do Conselho Económico Nacional e que apoia o Presidente dos EUA em matéria de política económica.
China preparada para travar guerra
O jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) admitiu que as taxas impostas por Washington terão impacto na economia chinesa, mas ressalvou que a liderança em Pequim já vinha a preparar-se para este momento.
“O Comité Central do Partido [Comunista] já tinha previsto esta nova ronda de contenção e repressão económica e comercial contra a China, estimou plenamente o seu potencial impacto e preparou planos de resposta com tempo de antecipação e reservas suficientes”, afirmou o Diário do Povo.
Reconhecendo que a aplicação de taxas alfandegárias adicionais de 34% sobre as importações oriundas da China, além das taxas de 20% impostas anteriormente, resultará numa “redução do comércio bilateral com os EUA” e num “impacto negativo a curto prazo para as exportações”, o jornal lembrou que “muitos produtos dos EUA têm elevada dependência da China”.
Apontando a “grande dimensão” da economia chinesa, o jornal lembrou que a China dispõe de instrumentos de política monetária, como a redução do rácio de reservas obrigatórias e das taxas de juro, para estimular o consumo interno com uma “força extraordinária”, o que permitiria ao país asiático reduzir a sua dependência das exportações.
“O mercado interno tem uma ampla margem de manobra”, afirmou o jornal oficial do Partido Comunista Chinês. E sublinhou ainda a capacidade do país para transformar o efeito adverso das medidas dos EUA num “impulso” para acelerar a transformação económica e a “inovação industrial”.
“Estrangular, reprimir e restringir apenas forçará a China a acelerar os avanços tecnológicos fundamentais em áreas-chave”, avisou.
Ainda assim, na sexta-feira, Pequim lançou várias contramedidas às taxas anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.
As medidas de Pequim incluem taxas de 34% sobre produtos oriundos dos EUA, sanções contra empresas norte-americanas, restrições à exportação de certas terras raras ou a abertura de investigações antimonopólio e ‘antidumping’ contra empresas e produtos norte-americanos.
ZAP // Lusa
Prevejo, apesar de não ser expert na matéria, que mal haja renegociações dos vários sobre as tarifas impostas aos produtos dos EUA e todos vai sair a ganhar. Mas continuem a odiar o Trump… Mesmo não sabendo porquê….