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Bolívia. Identificadas “ações deliberadas” de manipulação eleitoral a favor de Evo Morales

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Alain Bachellier / Flickr

Evo Morales, o presidente da Bolívia

A Organização de Estados Americanos (OEA) publicou o relatório final sobre as eleições de 20 de outubro na Bolívia, revelando “ações deliberadas que procuraram manipular os resultados das eleições” a favor do agora ex-Presidente Evo Morales e do seu partido, o Movimento Ao Socialismo (MAS).

Segundo noticiou esta quinta-feira o Observador, entre as doze “ações deliberadas”, encontra-se um conjunto de servidores “para os quais se desviou de maneira intencional o fluxo de informação do [Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares]”.

Estes servidores alternativos “registaram atividade” no momento em que a divulgação dos resultados foi alvo de um apagão. Nessa altura, Evo Morales tinha maioria (83,76% dos votos), mas seria obrigado a disputar uma segunda volta. A contagem voltou a ser pública já com 89,34% dos votos contabilizados e com Evo Morales a vencer à primeira volta.

Os resultados finais, anunciados no dia seguinte às eleições, colocaram Evo Morales e o MAS com 47,08% dos votos, tendo menos de 50% mas mais do que 10% necessários de vantagem sobre o segundo classificado, Carlos Mesa (Comunidade Cidadã), a quem foram contabilizados 36,51% dos votos.

“A análise estatística realizada revela que a vitória à primeira volta de Evo Morales foi estatisticamente improvável e que a sua proclamação se verificou por um aumento massivo e inexplicável dos votos do MAS nos 5% finais do cômputo”, indica o relatório.

No relatório lê-se ainda: “Sem esse aumento, mesmo que o MAS tivesse conseguido a maioria dos votos, não teria obtido a diferença de 10% necessária para evitar a segunda volta. Este incremento deu-se a partir de quebras marcadas nas linhas de tendência de voto no oficialismo e na Comunidade Cidadã, a nível nacional e departamental. O tamanho das ruturas é extremamente incomum e coloca em dúvida a credibilidade do processo”.

Este relatório surgiu no seguimento de um relatório preliminar, divulgado a 10 de novembro de 2019, onde foi apontada uma “clara manipulação” dos resultados eleitorais.  A revelação levou a que a polícia se revoltasse contra Evo Morales. A 12 de novembro, os militares sugeriram que se afastasse do poder.

Dois dias depois, Evo Morales recebeu asilo político no México. A vice-presidente do Senado, Jeanine Añez, assumiu a presidência de forma interina a 12 de novembro, depois de uma votação boicotada pelo MAS e que, por essa razão, não teve quórum.

ZAP //

3 Comments

  1. Falsificação de resultados: A ÚNICA MANEIRA DOS COMUNISTAS E SEUS DEJECTOS SOCIALISTAS GANHAREM UMA ELEIÇÃO. Será que as urnas electrónicas testadas na Tugalândia também são da Smartmatic venezuelana?!!!! Esquerdopatas são iguais em toda a galáxia!!!!!!! O povo é burro, mas nem tanto…!!!!

  2. Correntes de direita ou simplesmente oligárquicas usavam e abusavam do autoritarismo e da manipulação para permanecer no poder e impedir opositores de avançarem.

    Nas últimas décadas a rejeição internacional forçou essas correntes a absterem-se do autoritarismo e honrar pelo menos minimamente os princípios de não dificultar a alternância de poder.

    Do outro lado, as correntes ‘progressistas’ e francamente de esquerda continuaram suas práticas de impedimento de oposições, apenas aperfeiçoando os métodos de legalização do ilegal.

    Cuba é um dos exemplos infelizes mas eloquentes de como conseguir que um regime permaneça no poder por muitas décadas, com um partido único e eliminação de candidatos oposicionistas com alguma chance prática, e ainda ser considerada pelas esquerdas como um regime plenamente democrático. Aliás, mais democrático do que os dos países menos à esquerda…

    A Venezuela talvez esteja em segundo lugar, com mudanças das regras políticas que permitiram maioria Legislativa para coonestar mudanças constitucionais, acompanhadas de intervenções no Judiciário para dar ganho jurídico a todas as iniciativas do governo. Quando, mesmo assim, a oposição conseguiu maioria no Legislativo, novas mudanças nas regras políticas acompanhadas de mudanças constitucionais e referendo judiciário. A manipulação grosseira não consegue disfarçar a anti-democracia mas o fato é que, também por décadas, Chavez está no poder (a necessidade de colocar o preposto Maduro não muda o fato). Também a Venezuela tornou-se um modelo de democracia para as esquerdas…

    A Bolívia seguia pelo mesmo caminho: mudanças de regras políticas, constitucionais e do judiciário para garantir a Evo Morales a perpetuação no poder. Com tudo isso, ainda foram necessárias fraudes no processo eleitoral para diminuir os riscos causados pela oposição.

    Não se pode acusar as esquerdas de inconsistência. Defenderam a democracia na URSS e na China contra todas as propagandas mentirosas do imperialismo norte-americano até muitos anos depois da queda do Muro de Berlim. Ainda hoje é incapaz de qualquer auto-crítica quanto à sua defesa de regimes ditatoriais.

    Não é surpresa, portanto, que hoje se mostrem indignadas com o golpe praticado na Bolívia contra o legitimamente eleito presidente Evo Morales.

    Absolutamente normal!

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