O músico Bob Dylan foi hoje formalmente acusado e vai ser julgado pela justiça francesa por injúria e incitamento ao ódio, depois de ter, numa entrevista, alegadamente comparado os croatas aos nazis.
O caso remonta a outubro do ano passado, quando o músico americano, em entrevista à revista “Rolling Stone”, disse, a propósito da escravatura e da guerra da secessão nos Estados Unidos: “Se tiveres Ku Klux Klan no sangue, os negros vão notar, mesmo nos dias de hoje, tal como os judeus detectam o sangue nazi e os sérvios o sangue croata.”
Na sequência destas comparações, um grupo representativo dos croatas em França apresentou uma queixa contra o músico e contra a revista “Rolling Stone”.
Após a dissolução da Jugoslávia, Croácia e Sérvia envolveram-se num conflito sangrento entre 1991 e 1995, que causou cerca de 20 mil mortos.
As declarações que geraram polémica seguiam-se a comentários de Bob Dylan acerca do seu próprio país, onde, segundo o músico, o racismo e a segregação entre brancos e negros ainda persiste.
Quando, em meados de novembro, o músico se deslocou a Paris para concertos e para receber a legião de honra, atribuída pela ministra da Cultura francesa, Aurélie Filippetti, a justiça local interrogou-o a propósito do caso.
Esta segunda-feira, a justiça francesa decidiu pronunciá-lo formalmente e julgá-lo por injúria e incitamento ao ódio. O caso será apreciado por um tribunal de Paris especializado em delitos de expressão.
Questionado pela AFP, um representante em França da produtora Sony-BMG Music, que representa Bob Dylan, disse não ter “nada a dizer”.
Robert Allen Zimmerman, mais conhecido pelo seu nome artístico, Bob Dylan, nasceu em Duluth, nos Estados Unidos, a 24 de maio de 1941, neto de imigrantes judeus russos.
Em 2004, Dylan foi eleito pela revista Rolling Stone o 7º maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o 2º melhor artista da música de todos os tempos, ficando atrás somente dos Beatles. Uma das suas principais canções, “Like a Rolling Stone”, foi escolhida como a melhor de todos os tempos.
Em 2012, Bob Dylan foi condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente dos Estados Unidos Barack Obama.
ZAP/Lusa