Depois de o PCP ter rompido o espírito de acordos à esquerda, foi a vez de o Bloco de Esquerda deixar avisos para 2021.
Em entrevista ao portal esquerda.net, divulgada esta terça-feira, Mariana Mortágua deixa claro que a abstenção do Bloco de Esquerda aquando da votação do Orçamento Suplementar pode não ser o mesmo sentido de voto dos bloquistas para o Orçamento de 2021.
Quando questionada sobre se o BE se absteve para “salvar” o Orçamento, tendo em conta o voto contra dos comunistas, Mortágua explicou que o partido já tinha anunciado o seu sentido de voto, insistindo que o partido “vota com as suas razões – e o voto dos outros não é uma razão”.
Em relação ao futuro, a bloquista deixa claro que votar contra o Suplementar seria “recusar ao país o urgente de financiamento de medidas de emergência”, mas isso não significa que este processo se tenha tratado de uma “primeira volta” para a viabilização do próximo Orçamento.
“Espero que o PS não se engane acerca disso. Para ser viabilizado pela esquerda, o Orçamento do Estado para 2021 tem de responder à crise pela esquerda. Ainda se sabe muito pouco acerca das ideias do governo para esse Orçamento. (…) No futuro, o país pagaria caro se, em outubro, soluções fortes cedessem lugar a consensos falsos”, justificou.
O Orçamento Suplementar contou com a viabilização dos bloquistas porque “não reabria nem refazia” todo o Orçamento para 2020, mantendo os compromissos com a esquerda. No entanto, no OE2021 a história pode ser diferente.