Bispo José Ornelas investigado após denúncia de que “protegeu abusadores de menores”

O bispo José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), está a ser investigado pelo Ministério Público (MP) depois de uma denúncia que diz que “protegeu abusadores de menores” em Moçambique e em Portugal.

Esta denúncia chegou à Procuradoria-Geral da República (PGR) através da Presidência da República, como confirma a PGR ao Público e à Rádio Renascença.

O Ministério Público (MP) está agora a investigar a eventual “comparticipação” do bispo José Orndelas “em encobrimento” de casos de abusos sexuais sobre crianças de um orfanato em Moçambique, dirigido por um padre pertencente à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus.

Os factos reportam a 2011 quando o bispo era o líder mundial daquela Congregação. Nessa altura, o professor português João Oliveira “ouviu de um aluno que frequentava o Centro Polivalente Leão Dehon o relato de alegados abusos cometidos sobre crianças no orfanato” dirigido por um padre italiano, com conta o Público.

O professor denunciou a situação a José Ornelas, acusando-o de nada ter feito. Foi esse mesmo professor que avançou com a denúncia agora apresentada à PGR, acusando o bispo de inacção.

Na denúncia que o MP está a investigar, salienta-se que o bispo “omitiu das autoridades o abuso de vários menores” e que “protegeu abusadores de menores em duas ocasiões distintas”, uma em Moçambique e outra em Portugal, conforme relata o Público.

Bispo recusa qualquer “negligência”

“Não sinto que tenha existido negligência da minha parte”, aponta José Ornelas em declarações ao jornal, frisando que cumpriu “com toda a sinceridade com os procedimentos adequados”.

O bispo refere que abriu um “inquérito interno” para investigar “professores e alunos para apurar da possibilidade de existência de qualquer abuso”.

O caso acabou por não resultar em nada. O bispo limitou-se a enviar duas cartas ao professor que denunciou os abusos.

Se tivesse surgido qualquer dúvida, uma que fosse, da possibilidade de abusos, não teria dúvidas de que teria dado instruções para que tal fosse participado às autoridades competentes”, destaca José Ornelas ao Público.

Enquanto presidente da CEP, foi José Ornelas quem criou a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa. “Pessoalmente, já participei ou tomei parte na participação às autoridades judiciárias ocorrências desta natureza; e fá-lo-ei sempre, desde que exista alguma razoabilidade na acusação“, aponta o bispo.

Entretanto, a CEP publicou um comunicado onde refere que, após ter recebido as denúncias do professor, José Ornelas “imediatamente, deu indicações para que estas suspeitas fossem investigadas pelas competentes autoridades locais da Congregação, as quais não encontraram nenhuma evidência de possíveis abusos”.

“Posteriormente, quer a Procuradoria Geral de Moçambique, quer a Procuradoria italiana de Bergamo, em Itália, onde residia um dos sacerdotes visados (cuja nacionalidade é italiana), investigaram detalhadamente todas as situações e arquivaram essas mesmas investigações, ilibando o missionário em questão”, sublinha também o comunicado.

“O Presidente da CEP declara todo o seu interesse em que qualquer caso pendente seja investigado e esclarecido, declarando-se disponível para toda a colaboração a fim de que esse objectivo seja conhecido”, aponta ainda a instituição.

 

ZAP //

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