O comendador Joe Berardo disse hoje à agência Lusa que está interessado nas obras de Miró, do extinto BPN, que vão a leilão, na próxima semana, na Christie’s em Londres, e lamentou que nunca tivessem sido expostos em Portugal.
“Vou estar atento ao leilão, estou interessado, porque se trata de uma grande colecção”, disse o presidente da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea Colecção Berardo, que excluiu a possibilidade de comprar a totalidade da colecção.
“Isso ninguém, nem quem tenha muito dinheiro, vai fazer. Estes quadros nunca mais vão voltar a estar juntos e foi uma pena termos tido este ‘jackpot’ que, por ordem do Ministério das Finanças, ficou num cofre, e nunca os expuseram”, afirmou o comendador. “Foi uma pena não terem aproveitado a oportunidade e terem-nos exposto ao público aqui em Portugal”, reforçou.
O comendador Berardo disse à Lusa que a sua ideia é, caso consiga rematar algumas obras, que estas venham a fazer parte da sua colecção de arte moderna e contemporânea, actualmente exposta no Museu Colecção Berardo, instalado no módulo de exposições do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
A colecção de 85 obras do pintor espanhol Joan Miró, que está nas mãos do Estado português desde a nacionalização do ex-Banco Português de Negócios (BPN), tem leilão marcado para terça e quarta-feira, pela Christie’s, em Londres.
Fonte parlamentar do Partido Socialista disse à Lusa que apresentou uma providência cautelar, para impedir que o Governo venda em leilão as 85 obras de Miró, foi hoje entregue no Tribunal Administrativo de Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, a deputada Gabriela Canavilhas confirmou o envio da providência cautelar, anunciada na quarta-feira, no parlamento, para o Tribunal, para “evitar a venda lesiva para o Estado” da colecção proveniente da nacionalização do BPN.
“Esgotámos toda a nossa capacidade de alertar para o cumprimento da lei. Restou-nos recorrer ao tribunal”, apontou Gabriela Canavilhas sobre esta nova iniciativa para tentar suspender o processo, depois de o PS ter apresentado no parlamento um projecto de resolução contra a venda, chumbado pela maioria, tal como outro, no mesmo sentido, apresentado pelo PCP.
“Estamos certos de que há irregularidades no processo”, disse, convicta, a deputada socialista e ex-ministra da Cultura, sobre as expectativas do resultado da providência cautelar.
O PS alerta para o facto de a colecção do ex-BPN, ter passado a “constituir propriedade definitiva do Estado a partir de 2012”, tendo o pintor uma importância “absolutamente inquestionável, não havendo em Portugal nenhum acervo deste pintor – ou de qualquer outro deste período com esta magnitude e grandeza – que se lhe compare em valor”.
/Lusa
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