– Então? Numa jornada de Benfica-Sporting e de um importante Rio Ave-FC Porto, este indivíduo aborda o Belenenses-Santa Clara neste espaço?
– É verdade.
Por duas razões: a primeira é que fui eleita a Miss Mundo em 1943… Não.
A primeira razão é que este jogo, surpreendentemente, era uma disputa direta por um lugar europeu; quer dizer, se o Belenenses tiver passaporte. É preciso ter os documentos em dia para jogar na Europa.
A segunda razão é que, quando estamos na última semana do campeonato, ao fazer a retrospetiva destas brincadeiras musicais, reparei que três equipas nunca passaram por cá nesta época. Belenenses e Santa Clara eram duas delas. Nesta contagem final, esses três emblemas também têm direito a estar aqui.
Vamos à luta pela Europa.
Quando? Está para breve? O início seria às cinco da tarde, já passam mais de quatro minutos e nada. Mas pronto: um jogo em Portugal começar exatamente à hora prevista… É pouco frequente.
Há aqui problemas, no Jamor.
Primeiro, ainda é um problema, ou no mínimo é uma confusão, ver um jogo neste estádio que não é a final da Taça de Portugal.
Segundo, tenho problemas em dizer Belenenses SAD. Parece que estou a anunciar a entrada em campo de uma associação de socorros mútuos.
Terceiro, e já com o jogo em andamento, comecei a pensar que havia problemas na transmissão televisiva: só mostrava metade do campo. Dois minutos, grande oportunidade para Cryzan; seis minutos, a mesma coisa; sete minutos, queixas de grande penalidade e golo de Carlos Júnior; onze minutos, novo golo do Santa Clara mas que seria anulado por fora-de-jogo.
Há ali problemas no Belenenses.
Marco, guarda-redes visitante, inventou logo a seguir e poderia ter oferecido o empate ao adversário.
Foi a partir daí que o Belenenses acordou e o campo inclinou, agora para o outro lado. Mateo Cassierra, Afonso Sousa e Chico Teixeira queriam ter marcado. Estiveram perto disso. Mas o guarda-redes que tinha inventado agora estava a brilhar. Três defesas de Marco, as duas primeiras espetaculares!
Segunda parte, Belenenses pouco convincente e três alterações ao mesmo tempo decididas por Petit. Que resultaram: no minuto seguinte à tripla substituição, golo. Do Santa Clara.
Bis de Carlos Júnior. É brasileiro, tem Carlos no nome e, em frente à baliza, mostra que é um homem que sabe o que quer.
Bom, eu cá já começo a ter dúvidas em relação à utilização de fitas métricas nos jogos de futebol. Fitas métricas virtuais que anularam um golo ao Belenenses por causa de oito centímetros e que, na primeira parte, já tinham cancelado os festejos do Santa Clara por causa de 16 centímetros. Oito centímetros. Isso é menos do que o comprimento das réguas que utilizava na escola. Que já eram pequeninas.
Não sei que regras devem ser alteradas; mas sei que oito centímetros não iriam alterar estas jogadas.
E a partida foi chegando ao final, sem mudanças no resultado. Aliás, no último quarto de hora as claras situações de golo foram elaboradas pelo Santa Clara.
O Belenenses não vai chegar à Europa. Tenho pena pelos portugueses. As estatísticas oficiais hão-de aparecer daqui a umas semanas mas desconfio que a equipa mais portuguesa deste campeonato foi o Belenenses, ao lado do campeão Sporting.
Mas, neste jogo, não foi melhor. Sim, Marco evitou golos quase certos no primeiro tempo mas este Santa Clara sabe jogar à bola. E, se ficar à frente da equipa da espada após a última jornada, em julho alguém estrangeiro vai pôr o pé nos Açores.