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Bloco de Esquerda acusa Costa de arrogância e aconselha humildade

Luís Forra / Lusa

A coordenadora do BE respondeu a Costa dizendo que os partidos ganham em respeitar-se uns aos outros e que não ganha nada em fazer uma campanha sobre comentários.

A coordenadora do BE respondeu este domingo à entrevista de António Costa ao Expresso, considerando “normal” que em campanha eleitoral os partidos mostrem “as suas diferenças”, mas que seria “bom” o líder socialista ter “a humildade de reconhecer o que foi feito em conjunto”.

“As escolhas ficam com quem as faz em cada momento. Eu acho normal que os partidos nesta altura mostrem as diferenças que têm, mas é bom que também tenhamos a humildade de reconhecer o que foi feito em conjunto – sem apagar as diferenças, claro – e apresentarmos o que queremos para o país”, afirmou Catarina Martins em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à 40ª edição da Agrival — Feira Agrícola do Vale do Sousa, em Penafiel.

Considerando que “cada partido sabe como quer fazer esta campanha e como quer apresentar-se” e que não se ganha “nada em fazer uma campanha sobre comentários”, a líder bloquista defendeu que “os partidos ganham em respeitar-se uns aos outros” e que “o mais importante” e que “conta verdadeiramente para a estabilidade de um país é a estabilidade do salário, da pensão, do acesso à saúde e do que é essencial na vida concreta”.

“O desejo de uma maioria absoluta pode levar à arrogância e à tentação de fazer caricaturas”, disse Catarina Martins ao jornal ECO. “Prefiro a humildade de reconhecer o caminho que fizemos e discutir as diferenças que apresentamos para o país”, acrescentou.

Além disso, a líder do partido discorda de António Costa e nega que o Bloco de Esquerda seja um gerador de ingovernabilidade. “O Bloco é um fator de estabilidade e segurança na vida das pessoas, no seu salário e na garantia de que se pode viver melhor. Creio que ninguém duvida disso”, explicou Catarina Martins.

Na entrevista de Costa ao Expresso, o primeiro-ministro mandou uma “bicada” ao Bloco, fazendo a comparação com o exemplo espanhol. “Um cenário à espanhola, com um PS fraco e o nosso Podemos forte, seguramente inviabilizaria a estabilidade política“, atirou, dizendo que é preciso reconhecer os riscos que podem advir desta situação.

É preciso ler “a entrevista toda”

Costa está numa demanda para percorrer os 700 quilómetros da Estrada Nacional 2, mas nem por isso perdeu a oportunidade de responder a Catarina Martins em relação às críticas da líder bloquista. Em São Brás de Alportel, em Faro, o primeiro-ministro recomendou que Martins lesse a entrevista na íntegra.

“Se estiver interessada em ler a entrevista ao Expresso, que a leia toda e não só a resposta a uma única pergunta que, se tirada do contexto, pode ter um sentido inverso daquele que tem no conjunto da conversa”, esclareceu Costa.

Ainda assim, o chefe do Executivo tentou distanciar-se da polémica e focou-se apenas na questão da EN2. “Não vou estar aqui com essa polémica. Aquilo que tinha a dizer na entrevista, disse. Hoje estamos aqui e vamos estar nos próximos dias para falar da Estrada Nacional 2″, disse aos jornalistas, citado pelo Observador.

ZAP // Lusa

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