/

BCE anuncia primeira subida dos juros em 11 anos — e põe fim aos juros negativos

Ronald Wittek / EPA

A presidente do BCE, Christine Lagarde.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje que decidiu aumentar em 50 pontos base as suas três taxas de juro diretoras, a primeira subida em 11 anos, com o objetivo de travar a inflação.

Desta forma, o BCE põe um fim à era dos juros negativos na zona euro.

A taxa de juro das principais operações de refinanciamento passa de 0% para 0,50%, a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez fica agora em 0,75% e a taxa de depósito que estava em terreno negativo (-0,50%) sobe para 0%. Esta subida terá efeitos a partir de 27 de julho.

“O Conselho do BCE considerou apropriado dar um primeiro passo maior, na sua trajetória de normalização das taxas de juro diretoras, do que o sinalizado na reunião anterior”, refere em comunicado o banco central, que optou por uma subida de 50 pontos base em vez dos 25 pontos base indicados inicialmente.

“Nas próximas reuniões do BCE, será adequado que se continue a normalização das taxas de juro”, anunciou ainda o órgão, prevendo-se novas subidas nas próximas reuniões.

O Conselho de BCE também “aprovou o Instrumento de Proteção da Transmissão” (TPI). Este instrumento poderá intervir para impedir um aumento desproporcionado das taxas de juro da dívida de alguns países.

“O Conselho do BCE considerou que a criação do TPI é necessário para apoiar a transmissão eficaz da política monetária”, salientou Christine Lagarde.

Em conferência de imprensa, a mulher forte da política monetária europeia disse que “a atividade económica está a abrandar” e que as empresas continuam a enfrentar “custos mais elevados” e “disrupções nas cadeias de abastecimento”. No entanto, há sinais de que a situação “possa estar a melhorar”.

Citado pelo Observador, Lagarde disse ainda que se a inflação continuar “indesejavelmente elevada”, os governos devem tomar medidas de apoio “localizadas”.

A subida das taxas de juro para valores mais elevados foi sustentada pelo caminho seguido pelos restantes Bancos Centrais, como aconteceu no Canadá (que subiu os juros em 100 pontos base), na Inglaterra (que aumentou quatro vezes a taxa de juro, para 1,25%) e nos Estados Unidos da América (que subiu os juros três vezes, para 1,75%).

Outro momento importante do anúncio de hoje teve que ver com as dívidas públicas, já que logo após o comunicado do mês de junho, os investidores passaram a exigir juros cada vez mais altos aos países do sul da Europa, como Itália, Espanha, Grécia ou Portugal, como forma de testar a sua resistência.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.