BCE prepara-se para subir novamente as taxas de juro

Stephen Jaffe / International Monetary Fund / Flickr

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde

O BCE quer continuar a endurecer as condições de acesso ao crédito para “travar a procura”, explicou Christine Lagarde. A prioridade é não deixar a inflação “enraizar-se”.

O Banco Central Europeu (BCE) deve continuar a subir as taxas de juro na reunião desta quinta-feira e os economistas antecipam um novo aumento de 75 pontos base, apesar do risco de recessão.

A instituição pretende endurecer mais as condições de acesso ao crédito para “travar a procura”, explicou Christine Lagarde, presidente do BCE, no final de setembro.

A prioridade é não deixar a inflação “enraizar-se”, acrescentou ainda Lagarde, depois de os últimos dados apontarem para uma taxa de inflação homóloga de 9,9% em setembro na zona euro, bastante longe dos 2% que o BCE fixou como meta.

O BCE já decidiu duas subidas das taxas de juro desde o início do verão, terminando uma década de política monetária expansionista. Julho começou com um aumento de 50 pontos base, que em setembro acelerou para uma subida de 75 pontos base — o mesmo que é esperado agora.

O BCE subiu as taxas de juro em julho, pela primeira vez em 11 anos. No entanto, a inflação teima em não baixar e o risco de recessão é cada vez mais real.

Em setembro, o BCE subiu novamente as taxas de juro de referência, em todos os prazos, em 75 pontos-base – uma subida histórica. Mas a inflação acabou por disparar ainda mais do que o esperado – em Portugal, foi de 9,3%.

Apesar de Lagarde já ter afirmado que o instrumento mais adequado para travar a inflação é o das taxas de juro, o BCE deve começar a discutir uma nova etapa — de redução do seu balanço, que aumentou bastante depois de anos de política anticrise, com sucessivos programas de compra de ativos para manter as taxas de juro baixas e apoiar a economia.

Essa política de “aperto quantitativo” não deverá acontecer antes dos primeiros meses de 2023, de acordo com os analistas, que analisaram os riscos de abalar os mercados financeiros num contexto já bastante volátil.

O BCE pode ainda indicar o que pretende fazer quanto aos empréstimos concedidos nos últimos anos aos bancos com prazo alargado e juros muito baixos, às vezes até negativos, para os incitar a conceder crédito.

Agora que sobem as taxas de juro e a taxa de depósitos já não é negativa, os juros que os bancos pagam são inferiores ao que recebem por depositar o excesso de reservas no BCE, o que leva a instituição a estudar alterações nas condições dessas operações.

ZAP // Lusa

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