Depois de sete anos anos numa tendência de descida e com mínimos históricos de 0,5% em 2020, as taxas de juro da dívida pública vão subir, como parte do esforço do BCE para controlar a inflação.
Os juros da dívida portuguesa estavam esta segunda-feira a subir a dois, a cinco e a 10 anos face a sexta-feira, alinhados com os de Espanha, Grécia, Irlanda e Itália. Às 8:25 em Lisboa, os juros a 10 anos avançavam para 1,204%, contra 1,178% na sexta-feira.
Neste prazo, os juros terminaram em terreno negativo nas sessões de 8, 11 e 15 de janeiro de 2020 e atingiram o atual mínimo de sempre, de -0,059%, em 15 de dezembro de 2020.
No mesmo sentido, os juros a cinco anos subiam, para 0,330%, contra 0,313% na sexta-feira, depois de terem recuado para o atual mínimo de sempre, de -0,506%, em 15 de dezembro de 2020.
Os juros a dois anos também avançavam, para -0,287%, contra -0,309% na sessão anterior e o mínimo de sempre, de -0,814%, em 29 de novembro de 2021.
Esta tendência de subida deve continuar, depois de ter começado em dezembro, com o anúncio do Banco Central Europeu de que vai acabar com vários programas de compras de dívidas e outros ativos que fornecem dinheiro muito barato à economia.
Christine Lagarde, presidente do BCE, anunciou o fim do programa de compras de emergência pandémica (PEPP) para este mês, sendo que este programa foi criado para colmatar o impacto da pandemia na economia através da compra de 1,85 biliões de euros em ativos financeiros aos bancos e fundos comerciais do euro. O objetivo é o controlo da inflação desenfreada, que o BCE quer manter nos 2%.
A taxa de juro média ponderada da nova dívida emitida por Portugal subiu rapidamente depois do anúncio, estando agora nos 0,6%, de acordo com os dados da agência da dívida pública (IGCP), que é tutelada pelo Ministério das Finanças. O custo de emitir nova dívida é praticamente o dobro agora em relação a 2021.
A inflação já vinha em crescimento de 2021 devido aos problemas em algumas cadeias de abastecimento de matérias-primas e o início da guerra na Ucrânia agravou ainda mais a situação.
Para além do fim do PEPP, o programa principal de compra de ativos, o APP, que foi criado em 2014, vai também ser reduzido nos próximos três meses. O objetivo é o controlo da inflação desenfreada, que o BCE quer manter nos 2%.
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) refere ao DN que, “num contexto de condições de financiamento em níveis historicamente reduzidos, o Eurossistema reconheceu em dezembro o aumento de riscos ascendentes sobre a inflação“.
“Desta forma, e refletindo a possibilidade de alteração da política monetária, as taxas de rendibilidade das dívidas soberanas europeias subiram até meados de fevereiro de 2022, quando a taxa de juro a 10 anos de Portugal atingiu 1,4%”, remata o CFP.
ZAP // Lusa