Os bancos não estão a cumprir o que “tanto apregoam”

ZAP // Darwinius / Wikimedia; Rawpixel

Lucros recorde por causa dos juros, mas comissões ficam quase iguais. “Tanto apregoam a consciência social”…

Os sucessivos recordes nas taxas de juro originaram, como se esperava, lucros recorde nos bancos que operam em Portugal, em 2023.

Ao longo do ano passado, os cinco maiores bancos atingiram lucros agregados de 4.4 mil milhões de euros, mais 72,5% do que no ano anterior.

É um lucro de 8.200 euros por minuto para os bancos, contabilizou Nuno Rico, especialista em assuntos financeiros da Deco Proteste, na SIC Notícias.

O banco público, a Caixa Geral de Depósitos, foi o banco com lucro maior: 1,3 mil milhões de euros. Subiu 53% em relação a 2022.

Estes números beneficiam os portugueses. A Caixa vai pagar 1.258 milhões de euros ao Estado: 525 milhões de dividendos, 529 milhões de impostos e 204 milhões de taxas de supervisão. “É muito dinheiro que entra nos cofres do Estado”, disse o especialista Pedro Sousa Carvalho.

Apesar deste benefício para os clientes, nos bancos privados as vantagens são quase nulas.

Os juros dos créditos aumentaram, os dos depósitos nem tanto, e agora, mesmo com estas margens históricas, os valores das comissões não estão a diminuir.

Em 2022 as comissões quase não foram alteradas, em 2023 registou-se uma diminuição do preço, mas muito ligeira – exceptuando o Novo Banco, onde as comissões ficaram mais caras.

O mesmo Nuno Rico disse na CNN Portugal que “é incompreensível que os valores cobrados aos clientes apresentem uma redução residual, tendo inclusive aumentado no caso do Novo Banco, apesar das várias proibições e limitações à cobrança de comissões introduzidas pela legislação durante o ano passado”.

O especialista da Deco Proteste reforça que, quando houve comissões bancárias mais baixas, só aconteceram devido às proibições e limitações impostas pela nova legislação.

Esta recusa em baixar os valores das comissões é “um excelente exemplo de alguma ausência de consciência social, tantas vezes apregoada” pelos bancos.

Mesmo em ano de lucros históricos, foram demitidos mais de 60 mil bancários e encerradas centenas de balcões ao longo de 2023.

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