O recorde da Caixa e as contas que os portugueses agradecem

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José Sena Goulão/LUSA

Paulo Macedo durante a apresentação dos resultados da CGD

Banco público atingiu lucro inédito – já esperado – e o dinheiro será repartido pelos contribuintes. Mesmo que não pareça.

A Caixa Geral de Depósitos apresentou as suas contas de 2023 e, sem grandes surpresas, registou um lucro anual inédito.

O presidente Paulo Macedo, possível ministro das Finanças no próximo Governo (mas que negou qualquer conversa sobre esse assunto), deixou passar as eleições legislativas 2024 e o relatório foi divulgado na sexta-feira passada.

O lucro foi de praticamente 1,3 mil milhões de euros. Subiu 53% em relação a 2022, quando teve um lucro de 843 milhões de euros.

Um valor nunca visto mas que acompanha os outros bancos que, ao longo do ano passado, subiram taxas de juro de créditos para valores também nunca vistos.

Os lucros foram muito impulsionados pela margem financeira (a diferença entre juros cobrados no crédito e juros pagos nos depósitos): 2,9 mil milhões de euros, o dobro do número anterior.

Num primeiro impulso, pode-se ter a reacção: mas como é que um banco público chega a lucro superior a mil milhões de euros, algo inédito? Como um banco público ganha tanto dinheiro à custa dos portugueses?

Mas os portugueses também agradecem. Por outro caminho.

O banco não vai baixar as taxas de juro e criar um efeito de arrastamento para os outros bancos – como, por exemplo, o Bloco de Esquerda propôs durante a campanha eleitoral.

Mas, com estes resultados, a Caixa Geral de Depósitos vai pagar 1.258 milhões de euros ao Estado: 525 milhões de dividendos, 529 milhões de impostos e 204 milhões de taxas de supervisão.

É muito dinheiro que entra nos cofres do Estado”, reage o especialista Pedro Sousa Carvalho na Antena 1.

“Não devemos demonizar os lucros da banca. Os lucros da Caixa são uma boa notícia para os contribuintes: toda esta riqueza gerada pelo banco acabará, mais tarde ou mais cedo, por regressar aos nossos bolsos – seja através de dividendos, ou porque o próprio banco passará a valer mais”.

No entanto, Pedro Sousa Carvalho deixa uma recomendação: o banco público deveria ter aproveitado esta margem mais tranquila para aumentar os juros que paga aos clientes pelos depósitos; e deveria baixar as comissões. E, aí sim, haveria um efeito de arrastamento: os bancos privados iriam atrás e fazer o mesmo, provavelmente.

ZAP //

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