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Banco de Portugal revê em alta crescimento do PIB para 2016 mas em baixa para 2017

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(dr) Banco de Portugal

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal

O Banco de Portugal reviu ligeiramente em alta a projeção de crescimento para 2016, para 1,2%, mas piorou a do próximo ano, para 1,4%, estimando uma taxa de crescimento para 2017 mais pessimista do que a do Governo.

No Boletim Económico de dezembro hoje publicado, o Banco de Portugal atualizou as suas projeções de crescimento para a economia portuguesa para os anos de 2016 a 2019 e espera agora que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 1,2% este ano, ligeiramente acima dos 1,1% antecipados em outubro, numa altura em que não foram apresentadas previsões para os anos seguintes.

Para o próximo ano, e já depois de conhecer o Orçamento do Estado para 2017, a instituição liderada por Carlos Costa prevê um crescimento de 1,4%, uma projeção mais pessimista do que os 1,6% antecipados no boletim de junho.

Para 2018, o banco central continua a esperar um crescimento de 1,5% e para 2019 é esperado um crescimento também de 1,5%.

No relatório que acompanha o OE2017, o Governo estimou que o PIB aumente 1,2% este ano, uma previsão em linha com a divulgada agora pelo Banco de Portugal.

O executivo socialista de António Costa espera que o ritmo de crescimento económico acelere em 2017, para os 1,5%, apontando para um crescimento ligeiramente acima da projeção do banco central (de 1,4%).

Tendo em conta estes números, o Banco de Portugal afirma que, até 2019, “a economia portuguesa deverá manter a trajetória de recuperação moderada que tem caracterizado os anos mais recentes” e sublinha que a estabilização do crescimento nos 1,5% em 2018 e em 2019 implica que “o PIB atinja [nessa altura] um nível idêntico ao registado em 2008”.

Assim, para os anos de 2017 a 2019, “o crescimento do PIB deverá ser próximo, embora inferior, ao projetado para a área do euro”, uma situação que não será suficiente para reverter o diferencial negativo acumulado entre 2010 e 2013.

O Banco de Portugal argumenta que “esta ausência de convergência real face à área do euro reflete a persistência de constrangimentos estruturais ao crescimento da economia portuguesa”, considerando que “assumem uma relevância especial” fatores como “os elevados níveis de endividamento dos setores público e privado, uma evolução demográfica desfavorável e a persistência de ineficiências nos mercados do trabalho e do produto que requerem a continuação do processo de reformas estruturais”.

O banco central antecipa que “a procura externa deverá acelerar ao longo do horizonte de projeção, embora com um dinamismo inferior ao observado no período anterior à crise financeira internacional” e estima também que as condições monetárias e financeiras “deverão manter-se globalmente acomodatícias”, ao mesmo tempo que o preço das matérias-primas “deverá inverter no horizonte de projeção a trajetória de queda dos anos recentes”.

Assim, a instituição considera que há um “enquadramento globalmente favorável” e que, durante este período, as exportações de bens e serviços deverão registar “um dinamismo superior ao da procura externa, tal como observado nos últimos anos”, sendo “a componente da procura global com maior contributo para o crescimento da atividade”.

Para todos os anos considerados, o banco central admite que as exportações líquidas de importações serão o principal contributo para o crescimento de Portugal, mantendo-se com um contributo de 0,8 a 0,9 pontos percentuais até 2019, período em que o contributo da procura interna para o aumento do produto oscilará entre os 0,4 e os 0,6 pontos percentuais.

O Banco de Portugal espera também que este “maior dinamismo da economia portuguesa” em relação a 2016 seja “sustentado por uma aceleração da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), baseada numa recuperação do investimento empresarial”, antecipando, por outro lado, que o consumo privado desacelere face ao observado nos anos mais recentes.

O consumo privado deverá registar um crescimento “ligeiramente inferior” ao do PIB, crescendo entre 1,3% e 1,4% nos anos de 2017 a 2019, o que implica que, no último ano da projeção, ficará num nível “marginalmente acima do registado em 2008”.

Quanto ao mercado de trabalho, espera-se que haja uma “recuperação gradual”, projetando-se “a continuação do crescimento do emprego, embora a um ritmo progressivamente mais moderado, e a manutenção da trajetória descendente da taxa de desemprego, que o Banco de Portugal prevê que seja de 11% da população ativa este ano, de 10,1% no próximo e que caia progressivamente nos anos seguintes, atingindo os 8,5% em 2019.

Relativamente à inflação, o banco central antecipa que se verifique um aumento do Índice Harmonizado dos Preços no Consumidor (IHPC) nos próximos anos, passando os 0,8% este ano para os 1,5% em 2019.

/Lusa

1 Comment

  1. Parecem revisões da treta…
    Mais uma décima menos uma décima, para aparecerem na fotografia, quando uma décima no crescimento é tão difícil de prever como acertar no totobola.
    Se fosse um processo científico e credível, não teríamos valores diferentes no BP, INEM, BCE, FMI, UE e agências de rating.
    Basta uma ligeira alteração no preço do crude, ou uma política de importações de Trump, para as previsões irem todas para o lixo.
    E nesse caso a resposta das instituições é sempre igual: “afinal eram previsões”….

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