
Não amadurece, não apodrece e fica fresca durante meio dia, descascada. Uma nova banana geneticamente modificada promete ajudar a reduzir o desperdício alimentar por todo o mundo.
A banana como a conhecemos “é assexuada“, afirma Gilad Gershon, diretor executivo da Tropic, uma empresa de biotecnologia que trabalha contra o desperdício alimentar — “um grande e mesmo muito mau contribuinte para as emissões de gases com efeito de estufa”, diz ao The Guardian.
O CEO referia-se ao facto de a bananeira não produzir sementes viáveis para a reprodução. As bananas reproduzem-se através da propagação vegetativa, formando rizomas subterrâneos que se transformam em novas plantas, que são, geneticamente, idênticas à “mãe”.
“Não há reprodução real nas bananas. Estamos a comer hoje as mesmas bananas que os nossos avós comiam na década de 1950“, explica: “a única oportunidade real que temos de ajustar a banana para enfrentar os desafios que a indústria está a enfrentar é através da edição de genes”. E é isso que a sua empresa está a fazer.
A nova banana geneticamente modificada da Tropic mantém-se fresca mais tempo e não apodrece durante a colheita e transporte como acontece com muitas outras frutas ou mesmo outras variedades de bananas. A solução da empresa para resolver a “assexualidade” da banana passa por silenciar um gene que produz a polifenoloxidase, uma enzima responsável pelo efeito de escurecimento da fruta.
“Utilizamos a edição genética para aumentar o rendimento, prolongar o prazo de validade e melhorar a resistência natural às doenças, o que significa muito mais bananas, com recurso a muito menos terras agrícolas, menos químicos, menos desperdício alimentar, menos emissões de carbono e menos custos para os produtores”, lê-se no site da empresa, que também já trabalha na modificação genética do café e do arroz.
“Estimamos que as nossas bananas que não amadurecem podem reduzir o desperdício alimentar e as emissões equivalentes de CO2 ao longo da cadeia de abastecimento em mais de 25%“, o que “poderia contribuir para uma redução anual das emissões de CO2 de mais de 9 milhões de toneladas só no mercado de exportação de bananas.”
“Prolongamos o prazo de validade das bananas, reduzindo o escurecimento e retardando o amadurecimento, para reduzir o desperdício global de alimentos”, garante a Tropic, que promete bananas mais saudáveis e naturalmente resistentes a doenças como a Sigatoka Negra — a doença mais destrutiva da cultura da bananeira, que tanto custa aos agricultores mundiais — e o mal-do-Panamá, doença que afeta todas as regiões produtores de banana pelo mundo fora e que destrói plantações inteiras a um ritmo alarmante.
“As bananas são a quarta maior cultura a nível mundial, mas também uma cultura em que a perecibilidade é muito elevada. Algumas estimativas dizem que 50% das bananas cultivadas nunca são consumidas”, diz ainda o CEO ao jornal britânico. A nível mundial, cerca de 33% dos produtos são deitados fora antes de poderem ser consumidos.
A banana que não escurece já foi aprovada para venda em países como as Filipinas, a Colômbia, as Honduras, os EUA e o Canadá.