Baixa no PAN a quatro dias (ou a seis meses?) das eleições

Homem de Gouveia / LUSA

Mónica Freitas, deputada eleita pelo PAN na Madeira

Margarida Magalhães sai devido ao “golpe” que Inês de Sousa Real fez no partido e à “ascensão ilegal da menina Mónica Freitas”.

A autarca do PAN no executivo da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, no Funchal, Margarida Magalhães, comunicou nesta quarta-feira a sua desfiliação do partido, criticando o que diz ser “o golpe” da porta-voz nacional na estrutura regional.

“Foi com grande tristeza e desalento que acompanhei o golpe da dr.ª Inês Sousa Real na estrutura local e a ascensão da menina Mónica Freitas em circunstâncias totalmente ilegais e que tanto nos tem constrangido”, escreve Margarida Magalhães, na carta de desfiliação, a que a Lusa teve hoje acesso.

A autarca, que passa a independente, diz não conseguir compactuar e ter “vergonha das múltiplas ilegalidades cometidas por Inês Sousa Real, que usa e abusa dos estatutos (como o recente acórdão N.º 126 de 2024 do Tribunal Constitucional comprova) a seu belo prazer para cumprir os seus devaneios e vinganças pessoais“.

Na carta de desfiliação, Margarida Magalhães confessa a sua “incomodidade política no que se refere ao futuro do PAN” e fala de “vergonha” por ver o partido ser representado na Assembleia Legislativa da Madeira por alguém que, no seu entender, “não defende as causas ambiental, das pessoas e dos animais e está antes ao serviço do partido dominante na região e dos grupos económicos associados a este”.

Também censura a alegada “lei da rolha” sobre todo o processo na estrutura regional e confessa a sua frustração por ver o PAN transformado na Madeira numa “bengala” útil à perpetuação de um regime gasto de 48 anos.

Margarida Magalhães, que ocupa na junta o cargo de 1.ª vogal, eleita pela coligação Confiança, liderada pelo PS, considera que o partido “hoje não é um espaço de debate democrático, pois o braço compressor persegue e esmaga todos aqueles que pensam por si e principalmente aqueles que ousam pensar diferente de Inês Sousa Real”.

Foi agora ou há seis meses?

Em campanha para as legislativas nacionais de domingo, Inês de Sousa Real apresentou outra versão da história: a saída já foi há seis meses.

“Se está a falar da mulher de Joaquim Sousa, que se desfiliou em Setembro, eu lamento que a mesma só agora venha comunicar”, começou por dizer aos jornalistas, no Porto.

Aliás, Margarida Magalhães é agora candidata pelo PPM, “o que denota que não há qualquer compromisso com os valores do PAN”.

“Parece-me que é claramente um aproveitamento político para tentar prejudicar o trabalho sério que o PAN tem feito”, acrescentou a líder nacional do partido.

Há cerca de duas semanas, o Tribunal Constitucional deu razão a Joaquim Sousa numa ação que apresentou contra a comissão política nacional do PAN, por ter decidido a sua suspensão de militante em setembro de 2023.

Mónica Freitas substituiu Joaquim Sousa como cabeça-de-lista a poucos dias da entrega da lista às eleições regionais na Madeira. Havia uma “incompatibilidade”.

A jovem Mónica Freitas acabou por ser essencial na formação do Governo madeirense, quando assinou um acordo de incidência parlamentar de quatro anos com a coligação PSD/CDS-PP. Entretanto deverá haver novas eleições devido à demissão do presidente Miguel Albuquerque.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP // Lusa

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