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Azeite já é vendido ilegalmente na Internet

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Aumento do preço e escassez do azeite está a alimentar práticas fraudulentas online em Portugal. São vendidos garrafões por rotular, alegadamente “caseiros”, com valores muito abaixo do preço de mercado.

O aumento do preço do azeite está a causar preocupações sérias em vários setores, incluindo entre os consumidores, agricultores e autoridades. Agora, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertam para o surgimento de práticas fraudulentas, especialmente no comércio online, avança o Jornal de Notícias.

São frequentes as ofertas de azeite em garrafões sem rótulos, supostamente “caseiros” e com “baixa acidez”, muitas vezes por valores bem abaixo dos do mercado. Estes produtos, cuja origem é questionável, são ofertados desde Trás-os-Montes até o Alentejo.

Segundo o secretário-geral da CAP, Luís Mira, o cenário é tão grave que a CAP está a criar um canal de denúncias via email para os seus associados.

A ASAE também tem estado particularmente ativa no combate a estas práticas, dada a importância do azeite na economia e dieta portuguesas. Foram instaurados 18 processos crimes por falsificação de azeite em 2022 e 2023, resultando na apreensão de 84 563 litros de produto fraudulento, avaliados em mais de 427 mil euros. No Alentejo, foram também apreendidas 12 toneladas de azeitonas, oriundas de diversos furtos.

“A nova gasolina”

O preço disparou recentemente devido a quebras na produção, impulsionadas em parte por períodos de seca na Península Ibérica.

Nos últimos tempos, assistimos até a uma inversão de papéis entre Portugal e Espanha: se anteriormente eram os portugueses que se deslocavam a Espanha para abastecer de combustível, devido aos preços mais acessíveis, agora são os espanhóis que cruzam a fronteira em busca de azeite mais barato em terra lusa — é a “nova gasolina”.

Em Setembro, garrafas de 750 ml chegaram a custar 13 euros nas lojas — e é aí que entra o terreno fértil para práticas de vendas ilícitas, que exploram a demanda crescente e a falta de oferta.

Tem tudo a ver com “as dinâmicas próprias de abastecimento de cada insígnia, de acordo com os stocks disponíveis”, explica ao JN uma fonte da empresa Dia Portugal que detém o Minipreço.

“Não havendo stock de produto, todas as novas compras efectuadas a fornecedores desde o dia 1 de Setembro já reflectem estes aumentos anunciados com a consequente transposição para os lineares das nossas lojas”, realça a mesma fonte.

“Os novos preços praticados justificam-se pelas maiores quebras de produção mundiais de azeite da última década, que chegam a atingir valores na ordem dos 40-50%”, acrescenta a fonte da Dia Portugal.

João Pereira, presidente da Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior, alerta que este é um problema que tende a agravar-se com a continuação da escalada dos preços. Para ele, a fiscalização e a educação do consumidor são chaves para mitigar as práticas fraudulentas.

ZAP //

3 Comments

  1. Provavelmente existem muitos produtores de azeite de qualidade que fazem a sua venda através de publicidade de boca a boca, anúncios na Internet ou até de publicidade à porta de cada, mas venda é ilícita porque o estado não recebe o IVA dessa venda.
    O estado é aquele sócio silencioso que não faz nada e quer receber pelo trabalho dos outros.

  2. então mas eu vendo muita coisa para Espanha , se a minha Empresa quiser comprar 20 Litros de Azeite e depois vender não posso? Agora também mandam no nosso negocio?

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