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Aviões da Boeing que caíram não tinham sistema de segurança opcional

A Boeing terá vendido os aviões 737 Max que caíram na Indonésia e na Etiópia sem dois sistemas de segurança que a fabricante norte-americana oferece às companhias aéreas por um custo adicional.

Ainda não está claro o que fez com que o voo 610 da Lion Air e o voo 302 da Ethiopian Airlines tivessem caído, mas os investigadores disseram que os dados dos voos mostram claras semelhanças entre os dois acidentes.

Os dois sistemas de segurança estão relacionados com a estabilidade do avião, de acordo com o The New York Times, e deverão deixar de tornar-se opcionais, terá já decidido a Boeing, que vai incluir instruções específicas para os pilotos e treiná-los de forma diferente.

Para a Boeing e outros fabricantes de aeronaves, a prática de cobrar para atualizar um avião padrão pode ser lucrativa. As principais companhias aéreas de todo o mundo devem pagar muito para que os aviões sejam equipados com acessórios personalizados.

Às vezes, os recursos opcionais envolvem estética ou conforto, como assentos premium, iluminação sofisticada ou casas de banho extra, explica a Globo. Mas outros recursos envolvem sistemas de comunicação, navegação ou de segurança e são mais fundamentais para as operações do avião.

Muitas companhias aéreas, especialmente as de baixo custo, como a Lion Air, da Indonésia, optaram por não comprá-las e os órgãos reguladores não o requisitaram.

A investigação sobre o que causou os dois acidentes fatais, que no total provocaram 346 mortes, ainda está a decorrer, mas suspeita-se que as causas da queda da aeronave Lion Air na Indonésia em outubro de 2018 estão associadas à falha de um sensor.

Também foi revelado que o comandante da Ethiopian Airlines não recebeu treino no novo simulador para o Boeing 738 Max 8 antes do fatídico voo de 10 de março. Um piloto, colega de Getachew, revelou sob anonimato à agência Reuters que estava previsto que o comandante recebesse treino no final de março, dois meses depois da Ethiopian Airlines ter recebido um simulador.

Pilotos leram manual de instruções durante a queda

As últimas palavras dos pilotos que iam ao comando do Boeing 737 da Lion Air, que caiu ao mar de Java em outubro, na Indonésia, matando 189 ocupantes, foram captadas pela caixa-negra do avião e agora divulgadas pelos investigadores.

Das gravações captadas na cabine, percebe-se que quando o avião começou a desobedecer aos pilotos e a balançar para baixo, o piloto entregou os comandos do avião ao seu copiloto e folheou o manual da aeronave à procura de uma explicação e de uma forma de evitar que o avião continuasse a descer. Nos últimos segundos da gravação, ouve-se um copiloto a rezar.

Segundo o The Guardian, que também cita as informações da Reuters, as gravações do cockpit mostram que ambos os pilotos procuraram num livro de instruções como controlar o avião que não parava “de cambalear para baixo” contra os seus comandos. Este livro de instruções será um Manual de Ação Rápida que é consultado pelos pilotos para verificar se todos os procedimentos foram seguidos e ajudar na tomada de decisão.

Os registos de voz captados no Boeing da Lion Air mostram que os problemas começaram dois minutos após a descolagem, quando o piloto reportou um “problema de controle de voo” ao controle do tráfego aéreo.

O diálogo mantido pela tripulação de voo foi agora conhecida. Os investigadores consideram, agora, que esta informação poderá ser útil, depois de se ter registado um outro desastre, envolvendo o mesmo modelo de avião, na Etiópia, a 10 de março, e em que morreram todos os 157 passageiros a bordo.

No voo da Indonésia, piloto e copiloto mantiveram-se calmos e só no fim o piloto de 31 anos, nascido na Índia, pediu ao copiloto que pilotasse para ele próprio consultar o manual. Ficou em silêncio. Nos últimos segundos da gravação ouve-se o copiloto, um indonésio de 41 anos, a dizer “Allahu Akbar”, a expressão árabe para “Deus é Grande”.

ZAP //

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