(dr) PSD

Joaquim Miranda Sarmento
Joaquim Miranda Sarmento foi eleito há apenas dois meses mas já começa a originar clima de insatisfação dentro do partido.
Desde o momento da sua eleição que Joaquim Miranda Sarmento não reuniu consenso global, dentro do Partido Social Democrata (PSD).
Há pouco mais de dois meses, em Julho, o anterior coordenador do Conselho Estratégico Nacional do ex-líder Rui Rio foi o único candidato ao cargo de líder parlamentar do PSD.
Mesmo assim, só mereceu 59% dos votos: 46 a favor, 20 brancos e 20 votos nulos.
“Não creio que seja útil fazer comparações, preocupa-me sempre a avaliação que os meus pares fazem à saída, não à entrada”, reagiu o líder parlamentar, na altura.
Pouco tempo depois, a tal avaliação está longe de ser globalmente positiva. Há já um clima de insatisfação, segundo o jornal i.
O último episódio decorreu na quinta-feira: o envio de um e-mail, por parte do próprio Miranda Sarmento, a pedir para os deputados do PSD votarem no candidato do Chega à vice-presidência da Assembleia da República, Rui Paulo Sousa.
“Nunca se verificou a nível institucional termos um presidente do grupo parlamentar a apelar ao voto noutro partido”, lamenta um membro do PSD.
Um deputado social democrata contou que muitos colegas não seguiram a indicação do seu líder no parlamento porque sentiram-se “intimidados e pressionados a votar a favor da candidatura de um partido que representa tudo aquilo em que não se reveem, nomeadamente ao nível do populismo, das questões ideológicas de extrema-direita”.
Miranda Sarmento foi questionado sobre esse desvio dos deputados do PSD, na quinta-feira: “Os deputados, soberanos, decidiram rejeitar. Eu não fui a votos. O deputado do Chega é que não foi eleito”.
Com este rumo da liderança da bancada parlamentar do PSD, há um “rombo muito grande na credibilidade da liderança” do partido – é que o presidente Luís Montenegro sugeriu esse pedido de voto no candidato do Chega.
As desconfianças já vêm de trás: discurso “desastroso” na sua estreia no Parlamento, gestão de deputados com “autêntico autoritarismo” e afastamento de deputados do PSD de comissões parlamentares sem qualquer justificação.
“Há deputados que foram afastados de tudo. Não são chamados para intervir, estão apenas a fazer figura de corpo presente. O líder da bancada diz sempre que o PS governa com tiques de autoritarismo, mas quem está essencialmente a governar a bancada do PSD tem esses mesmos tique”, avisou outro elemento do PSD.
A insatisfação tem aumentado, os deputados deixam cada vez mais de ser solidários com a direcção da bancada parlamentar.
Além disso, mesmo dentro do PSD, há receio de aproximação ao Chega, algo que não foi visível durante os mandatos de Rui Rio.
Joaquim Miranda, um técnico muito bom.