A postura de Nuno Vasconcellos, ex-presidente da Ongoing, acabou por irritar deputados durante mais uma audição da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco. Apenas Mariana Mortágua fez perguntas, mas os deputados acordaram pôr fim à audição.
A sessão de Nuno Vasconcellos na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco não durou uma hora, e Fernando Negrão, o deputado social-democrata que preside aos trabalhos decidiu intervir.
“Ficou claro que o sr. se recusa sistematicamente e sem explicações plausíveis a admitir que seja titular de qualquer dívida. Não responde a nenhuma pergunta de forma construtiva. Nestes termos, em nome da dignidade dos trabalhos desta comissão, eu e todos os senhores deputados entendemos dar por terminada a mesma. Está encerrada esta audição. Boa tarde”, referiu, citado pelo Expresso.
Apenas a bloquista Mariana Mortágua fez perguntas ao antigo presidente da Ongoing e mesmo assim acabou por se irritar com a situação. “Não está aqui para nos ajudar, nem pretende esclarecer nada”. Assim, a deputada decidiu que não ia “dar tempo de antena ou palco”. A posição era a de todos os deputados e assim acabou a sessão parlamentar.
Nuno Vasconcellos, a ser ouvido por videoconferência a partir do Brasil, tinha atacado o Bloco de Esquerda, pedindo para o partido tirar uma informação errada sobre uma acusação de corrupção de que foi absolvido.
Vasconcellos disse por várias vezes que não estava ali como acusado, mas sim como “convidado”, e que não admitia o tom acusatório. O líder da Ongoing, grupo que tem de pagar €520 milhões ao Novo Banco, deixou várias perguntas por responder.
O presidente do grupo falido frisou ainda que as dívidas perante o Novo Banco não eram dele, mas da Ongoing, e recusou-se a nomear empresários que tinham ajudado, através de um aumento de capital, a diminuir garantias bancárias perante o Novo Banco.
O empresário acusou ainda o BCP e o seu presidente de serem “mentirosos”, isto depois de Mariana Mortágua ter revelado que o banco acusa o empresário de “insolvência culposa”.
“Os bancos pediam garantias e nós demos, acedemos a todas as solicitações a todos os credores”, salientou. “Se o BCP me acusa então o BCP é um banco mentiroso”, referiu, garantindo ainda que a história está “mal contada”.
“Eu tenho emails para o presidente [do BCP]”, realçou, assegurando depois que deu “uma garantia pessoal, um aval pessoal de 10 milhões de euros para cobrir juros”.
“Muitas histórias sobre a Ongoing, sobre mim e a minha família estão muito mal contadas”, rematou.