
O carro onde seguia o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que envolveu uma vitima mortal por atropelamento
O antigo ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita considerou que o que houve de “inusitado” no atropelamento mortal de um trabalhador na A6, perto de Évora, pelo carro em que seguia “foi haver uma pessoa no meio da autoestrada”.
A 18 de junho de 2021, uma viatura oficial em que seguia Eduardo Cabrita atropelou mortalmente Nuno Santos, de 43 anos, trabalhador de uma empresa que fazia a manutenção da A6, ao quilómetro 77,6 da via, no sentido Estremoz-Évora.
No dia 3 de dezembro de 2021, o Ministério Público acusou o motorista Marco Pontes de homicídio por negligência grosseira.
Nesse mesmo dia, o então ministro da Administração Interna apresentado a sua demissão do cargo.
Esta quinta-feira, Eduardo Cabrita foi ouvido no Tribunal de Évora como testemunha no julgamento do seu ex-motorista Marco Pontes.
O antigo governante começou por relatar o que aconteceu, referindo que, durante a viagem de regresso a Lisboa após uma deslocação a Portalegre, conversava com o seu adjunto, respondia a mensagens e chamadas e não olhava para a estrada.
“Só me apercebi que havia algo de anómalo quando o motorista e o tenente-coronel Paulo Machado [o oficial de ligação da GNR no ministério], a falar alto, [disseram] ‘o que é isto’ e, muito em cima, apercebi-me de uma pessoa no meio da via”, descreveu.
Segundo o ex-ministro da Administração Interna, o carro que o transportava, conduzido por Marco Pontes, deu “uma guinada para o lado direito” e travou, mas não conseguiu evitar o embate, “do lado esquerdo” da viatura, com o peão.
“Inusitado foi haver uma pessoa no meio da via”
Cabrita considerou que o que houve de “inusitado” no atropelamento mortal do trabalhador pelo carro em que seguia “foi haver uma pessoa no meio da autoestrada”.
“Penaliza-me tremendamente que a morte de Nuno Santos [o trabalhador que morreu] tenha marcado este acidente rodoviário, mas o que há de inusitado, de tantas viagens que fiz, foi haver uma pessoa no meio de autoestrada”, afirmou.
“É inusitado ver uma pessoa a meio da estrada, numa autoestrada que não estava fechada ao trânsito nem estava limitada”, reafirmou.
Cabrita disse não ter a noção da velocidade a que seguia o veículo.
Em relação aos veículos que transportam governantes, o ex-ministro esclareceu que “o responsável pela condução é o motorista” e que se cumprem as regras, notando que sempre que fosse preciso cumprir um horário avisava o condutor, o que “aqui não aconteceu”.
Sobre a sinalização de trabalhos na via, o ex-ministro reafirmou que na zona do acidente não observou qualquer sinal e que, quando já estava a sair do local num outro carro da comitiva, é que viu “uma carrinha de obras parada umas centenas de metros adiante”.
Cabrita elogiou condução de Marco Pontes
“Em mais de 10 anos nunca tive um acidente na estrada”, afirmou, referindo-se ao período em que ocupou cargos governativos.
Cabrita revelou que conheceu Marco Pontes na altura em que foi secretário de Estado da Administração Local, cargo que ocupou entre 2005 e 2009, reconhecendo que foi o motorista que mais vezes o conduziu, enquanto foi ministro da Administração Interna.
“Nunca houve sequer um toque de chapa ao longo de seis anos até este trágico acidente”, frisou, apontando-lhe “absoluta segurança na forma como conduz” e também qualidades pessoais.
À saída do tribunal, o antigo governante limitou-se a dizer aos jornalistas que, com este depoimento, fez “aquilo que cabe às testemunhas fazer num processo, que é contribuir para o apuramento da verdade”.
ZAP // Lusa
Ainda me intriga é que supostamente um dos países mais seguros do mundo, estas criaturas tenham direito a escolta policial e as ruas onde eles são necessários não os há. Cabrita devia ter feito o mesmo que fez ao Ucraniano, indemnizar a família da vítima e ter efectuado um pedido de desculpas. Nem Marcelo insistiu para tratamento igual ainda para mais a viatura onde seguia o Sinistro supostamente acima da velocidade permitida por lei. Neste país a Justiça tem poucas vestes, anda quase nua…