Eduardo Cabrita demite-se do Governo

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António Cotrim / Lusa

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

Eduardo Cabrita defendeu que ao longo dos últimos meses houve um “aproveitamento político de uma tragédia pessoal”.

Numa conferência de imprensa, que não teve espaço para perguntas dos jornalistas, o ministro da Administração Interna demitiu-se do cargo.

A decisão surge após se saber que o carro em que seguia  Eduardo Cabrita quando atropelou mortalmente um trabalhador, na A6, seguia a 163 km/h. O seu motorista foi acusado de homicídio por negligência.

Cabrita sublinha que se manteve no cargo nos últimos meses contando com a solidariedade de António Costa, mas que a partir de hoje não pode permitir que o “aproveitamento político” seja utilizado para “condicionar a atuação do Governo”.

“No dia 18 de junho a viatura que me transportava foi vítima de um acidente que tragicamente determinou a perda de uma vida”, referiu, acrescentando que “desde então foi com grande sacrifício pessoal que verifiquei com estupefação o aproveitamento político de uma tragédia pessoal”, afirmou explicando por que razão não teceu declarações sobre o assunto nos últimos meses.

O discurso de Cabrita começou com uma análise à sua governação. “Sou ministro da Administração desde outubro de 2017, assumi estas funções num contexto particularmente difícil para o país em verdadeira situação de trauma nacional na sequência dos incêndios que provocaram a morte a mais de uma centena de PTS. Desde então tenho trabalhado intensamente para assegurar que Portugal é um país seguro”, destacou, enaltecendo todo o trabalho que foi feito por si no ministério que liderou.

Agora, o Ministério Público refere que o motorista Marco Pontes não teve uma “condução segura”, seguindo sempre pela via da esquerda e não se precavendo para um eventual “embate da viatura”.

O motorista viajava a mais de 40 quilómetros por hora do que a velocidade máxima prevista no Código da Estrada. Sem trânsito na autoestrada, o Ministério Público ressalva que em nada “se justificou a opção pela condução pela via da esquerda”.

Depois destas informações serem tornadas públicas esta manhã, o ministro da Administração Interna afirmou que era “só um passageiro” do carro envolvido no atropelamento na A6, que resultou na morte de um trabalhador de limpeza de estradas, e defende que a dedução da acusação ao motorista conhecida esta sexta-feira corresponde ao “Estado de direito a funcionar”, escreve o Público.

Em declarações feitas à margem de um evento em Lagos, Algarve, e reproduzidas pela CNN Portugal, o ministro referiu que “todo o esclarecimento dos factos terá de ser efetuado”.

“É um ciclo que termina”

António Costa já reagiu à decisão de Eduardo Cabrita, dizendo que este é um “ciclo que termina”.

Aceitei o seu pedido de exoneração, já comuniquei ao Presidente da República e oportunamente designarei uma personalidade para substituir”, apontou o primeiro-ministro “agradecendo os seis anos de colaboração” de Cabrita.

Em relação às declarações de Cabrita desta manhã, Costa rejeitou comentar, referindo “respeitar” os trâmites das instituições portuguesas.

O primeiro-ministro negou ainda que a demissão do ministro pouco antes das eleições sirva como “capa” de proteção ao Governo socialista.

ZAP //

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6 Comments

  1. Só agora?! Uma peça destas nunca devia ter chegado ao Governo e muito menos por lá ter andado durante anos!…
    Claro que as cenas deste tóto deram origem a muito aproveitamento político e claro que ele não tem qualquer responsabilidade no acidente.

    • Cabrita não tem responsabilidade no acidente? Cabrita não tem responsabilidade em coisíssima nenhuma! Cabrita é a própria definição do homem sem responsabilidade.

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