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Atmosfera contaminada impediu helicóptero de sobrevoar vulcão do Fogo

A contaminação da atmosfera no perímetro da cratera do vulcão do Fogo impediu o helicóptero da cooperação portuguesa de sobrevoar a cratera de Chã das Caldeiras, disse esta sexta-feira o almirante da fragata Álvares Cabral.

Segundo Silvestre Correia, a decisão foi tomada após uma visita conjunta ao terreno de responsáveis da Proteção Civil cabo-verdiana e da fragata portuguesa, que se encontra desde quinta-feira ao largo de São Filipe a apoiar as operações humanitárias na sequência da erupção vulcânica que assola a ilha do Fogo desde 23 de novembro.

“Tecnicamente, não é viável sobrevoar” a área de Chã das Caldeiras, o planalto onde se situam os cones vulcânicos no Fogo, salientou o almirante português, argumentando que a contaminação da atmosfera com vários tipos de gases, sobretudo dióxido de enxofre e dióxido de carbono, poderá causar “danos irreversíveis e irreparáveis” nas turbinas da aeronave.

“Pode causar riscos que, no nosso entender, não são passíveis de ser assumidos nestas circunstâncias”, justificou o almirante, ressalvando, porém, que o helicóptero já sobrevoou parte da ilha do Fogo e que permanecerá na fragata “para alguma eventualidade pontual”.

Segundo Silvestre Correia, entre essas eventualidades figura uma evacuação ou uma deslocação a um local particular da ilha, “com uma missão objetiva que justifique correr o risco com a aeronave.”

Material humanitário entregue

Sobre o material de cariz humanitário que trouxe de Portugal, Silvestre Correia indicou que todo o material já foi descarregado e que cabe agora à proteção civil de Cabo Verde fazer a respetiva coordenação no terreno, mediante as necessidades.

Uma distribuição que Marisa Morais, a ministra da Administração Interna cabo-verdiana, confirmou, depois de ambos terem passado pelos três centros de acolhimento – Achada Furna (sul do Fogo) e Monte Grande e Mosteiros (norte) -, que albergam os cerca de 850 deslocados de Portela e Bangaeira, as principais localidades de Chã das Caldeiras.

Marisa Morais insistiu junto dos jornalistas na ideia de imprevisibilidade das erupções, face às constantes perguntas sobre se há previsões quanto ao fim da atividade vulcânica.

A esse propósito, lembrou que, em 1995, ano em que se registou a última erupção no Fogo, a atividade vulcânica durou 54 dias e que, na de 1951, “um pouco mais”, havendo, neste momento, uma “estimativa” por parte dos cientistas de mês e meio a três meses.

“É apenas uma estimativa. Temos de aguardar para ver e ir solucionando os problemas”, insistiu.

Esta sexta-feira, a fragata portuguesa desembarcou todo o equipamento de emergência trazido de Portugal, entre medicamentos, alimentos, casas de banho portáteis, cobertores, colchões, água, máscaras e óculos.

Durante o dia, uma equipa de médicos e psicólogos da Marinha portuguesa percorreu os três centros de acolhimento na ilha do Fogo, ajudando a equipa cabo-verdiana que tem acompanhado os desalojados desde o primeiro dia.

Hoje, Portela estava despida de vida, assemelhando-se a uma “cidade fantasma“, sendo visíveis dentro de algumas habitações alguns pertences pessoais caídos à pressa na sequência da evacuação das populações.

A nova frente de lava surgida quinta-feira à noite abrandou a velocidade, ficando a alguns metros de Portela, embora a proteção civil se mantenha “sempre alerta” para qualquer mudança de comportamento, uma vez que o vulcão “é imprevisível”.

/Lusa

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