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Costa pede “força ao PS já e agora”. Ativistas interrompem discurso e estragam a “festa”

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Mário Cruz / Lusa

O secretário-geral do PS dramatizou hoje a questão das eleições europeias, advertindo que é preciso dar força aos socialistas “já e agora” e que os adversários sabem que uma vitória nas legislativas começa em 26 de maio.  

Este aviso foi deixado por António Costa no jantar/comício do 46º aniversário do PS, em Lisboa, que contou com a presença do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e de vários ministros, com particular destaque para Mário Centeno e Augusto Santos Silva.

Neste jantar, foi homenageado o antigo líder parlamentar socialista Alberto Martins pelos 50 anos da Crise Académica de 1969, contestação estudantil ao regime do Estado Novo que este ministro dos governos de António Guterres e José Sócrates chefiou enquanto presidente da Associação Académica de Coimbra.

Antes do discurso final de Alberto Martins, António Costa referiu que alguns setores opositores do Governo dizem que as eleições de maio próximo “são só europeias“.

“Convém que ninguém seja ingénuo. Eu sei bem, todos nós sabemos bem, o que é que eles desejam destas eleições europeias”, disse. Segundo António Costa, o objetivo desses setores políticos “é enfraquecer o Governo do PS, impedir que se prossiga o cumprimento do programa do executivo”.

“Eles sabem bem que uma grande vitória em outubro começa agora com uma grande vitória já no próximo dia 26 de maio”, afirmou. Ainda na mesma lógica de discurso, o líder socialista considerou que as eleições europeias serão tão importantes como as eleições autárquicas de 2017 e mesmo tão importantes como as próximas legislativas.

“Peço a todos e a todas que nos mobilizemos mesmo a sério, porque estas eleições europeias são tão decisivas como foram as autárquicas de há dois anos, são tão decisivas como as legislativas de outubro”, sustentou, após ter deixado elogios ao cabeça-de-lista socialista às europeias, Pedro Marques, que se encontra nos Açores.

António Costa dedicou a parte final do seu discurso, com cerca de 30 minutos, à questão da mobilização partidária, procurando desfazer a ideia de que as únicas eleições importantes no país são as legislativas.

“Precisamos de dar força ao PS já e agora nas europeias e não apenas quando chegarmos a setembro e formos à Madeira ganhar pela primeira vez essas eleições regionais. Dar força ao PS não é só em outubro quando ganharmos as eleições legislativas”, declarou.

Mário Cruz / Lusa

Ativistas interrompem discurso e estragam a “festa”

O discurso do secretário-geral do PS, António Costa, no 46.º aniversário do seu partido, foi interrompido pela inesperada intervenção de um grupo de jovens que protesta contra o novo aeroporto no Montijo.

De forma inesperada, quatro jovens aproximaram-se do palco dos oradores, na antiga Feira Internacional de Lisboa (FIL), e lançaram aviões de papel, mostrando também um cartaz onde se podia ler “Mais aviões só a brincar”.

António Costa arregalou os olhos quando um jovem de barbas lhe puxou o microfone e tentou tomar a palavra, mal o líder do PS começava a discursar.

“Lamentamos estragar a vossa festa, mas o rio Tejo, aqui ao lado, a nossa cidade e as futuras gerações nada têm para celebrar“, escreveram num comunicado os mesmos membros do grupo de jovens, que não se identificou. Em menos de meio minuto, os jovens foram retirados do palco e António Costa prosseguiu o seu discurso.

Ao Observador, um dos participantes no protesto relatou o que se passou, garantindo que entraram “pacificamente” e “com todo o respeito por todas as pessoas que lá estavam”: “O que fizemos foi no contexto da rebelião internacional Extinction Rebellion. Tem havido em vários pontos do mundo ações todos os dias desde a semana passada — em defesa do planeta Terra e da nossa existência e da existência de outros no planeta”, referiu o jovem.

O intuito do protesto era “apelar ao primeiro-ministro para dizer a verdade às pessoas sobre o impacto do acordo que ele próprio assinou com a multinacional Vinci para a construção de um novo aeroporto em Lisboa e para ampliação da aeroporto da Portela. O aeroporto do Montijo vai ser construído no Estuário do Tejo, em plena reserva natura. Vão fazê-lo antes de haver estudo de impacto ambiental”, apontou.

O Extinction Rebellion é um movimento de ativismo ecológico internacional que defende as ações de desobediência civil pacíficas como estratégia para sensibilizar os responsáveis políticas para a emergência e gravidade da crise ambiental atual. Em Londres, cidade na qual o protestou mobilizou mais ativistas, foram detidas mais de mil pessoas durante uma semana de acampamentos e bloqueio de estradas, pontes e praças centrais da cidade.

Em Portugal, o movimento originou na última semana nove iniciativas de protesto, entre as quais invasões pacíficas à CMTV e EDP, bloqueio da entrada da refinaria da Galp e várias ações de rua.

Neste jantar do 46.º aniversário do PS, foi homenageado o antigo líder parlamentar socialista Alberto Martins pelos 50 anos da Crise Académica de 1969, contestação estudantil ao regime do Estado Novo que este ministro dos governos de António Guterres e José Sócrates chefiou enquanto presidente da Associação Académica de Coimbra.

A 17 de abril de 1969, Alberto Martins pediu a palavra a Américo Thomaz, pedido recusado. Foi o deflagrar da crise académica de 1969, já considerada a antecâmara do 25 de abril, que havia de acontecer cinco anos depois.

Antes do jantar, em conversa com o Público, Alberto Martins tinha já dito o que a crise académica de 1969 podia ensinar ao presente: “Só quem compreende o passado pode sonhar e construir o futuro”. “A luta pela liberdade e pela democracia faz-se todos os dias”, afirmou António Costa no púlpito onde os jovens ativistas não chegaram a ter oportunidade de falar.

Mal saíram de cena, retirados pelos seguranças, o secretário-geral do PS começou por lembrar que o jantar servia para assinalar “três momentos fundamentais” da luta pela liberdade: o meio século da crise coimbrã, os 46 anos do PS e os 45 do 25 de abril. “Em todas as gerações houve socialistas na primeira linha do combate pela liberdade”, uma “luta que continua porque há sempre novas ameaças à democracia e à liberdade”, frisou.

ZAP // Lusa

19 Comments

  1. Já que o Costa não ia dizer nada de importante (a não ser “alimentar” a matilha com frases feitas!), mais valia ouvir o que o tal grupo tinha a dizer!!

  2. Como é que o presidente socialista tenta quase com imposição impor as suas ideias ao povo , como se o povo engolisse aquilo tudo sem pestanejar?

    • Em primeiro lugar não é presidente socialista, é secretário geral do ps.
      Em segundo não tenta impor ideias, cada pessoa pensa por si e se não se identifica com a linha Ideológica ou com as propostas simplesmente tem a opção do voto
      Não é como a maioria que fica em casa em vez de ir votar.
      Em terceiro lugar Costa não é diferente de outros líderes políticos que de alguma forma tentam também convencer os outros com as suas ideias.
      Isto é política, e funciona aqui e em muitos sítios do mundo, menos na China e outros onde o totalitarismo impera…

  3. E como os gajos que estiveram no parlamento europeu não tem nada para apresentar que tivessem feito, querem agora que nós votemos nos partidos, confiando que os líderes decidam por nós.

    Penso que deveríamos votar no tipo que apresente trabalho feito,e nunca naquele que faz promessas.

    Vão gastar uma pipa de massa na campanha, confiando que depois o dividendo em dinheiro dos nossos votos os indemnize. Cada voto na caixinha vale dinheiro, distribuído depois precentualmente em função da votação.

  4. Saudade do tempo em que o PS, parecia defender a democracia.!!

    Hoje, mais parece uma organização mafiosa!
    Querem o voto dos portugueses para???

  5. Ou este senhor, António Costa, esclarece a sua posição em relação à problemática da MUDANÇA DA HORA (questão primordial, ao contrário do que ele diz), ou não terá o meu voto. No caso do Conselho Europeu optar por acabar com a mudança da hora, o governo português vai escolher Hora de Inverno permanente ou Hora de Verão permanente? Isso tem de ficar bem delineado antes das próximas eleições legislativas, pois só será em função daquilo que for escolhido que o PS terá ou não o meu voto.

  6. O senhor Costa embora não seja candidato a nada anda de facto empenhadíssimo nestas eleições com uma alteração de humor enorme talvez por já ter percebido que muitos portugueses para além de não terem dinheiro para comprarem uma placa dentária também estão a ficar surdos e sem dinheiro para comprar aparelho auditivo, melhor seria neste caso optar pela oferta dos mesmos em vez de optar pela berraria mais parecendo dono disto tudo e deixar a sua imagem um pouco beliscada.

  7. Concordo com a Ana Isabel.
    “Não é presidente socialista, é secretário geral do PS, e ele não tenta impor ideias, cada pessoa pensa por si e se não se identifica com a linha Ideológica ou com as propostas simplesmente tem a opção do voto”, que deveria ser como na América que quem não for votar não tem direito a Abonos, subsídios …
    Esta “juventude” é que não tem educação, respeito pelo próximo, pela democracia. Não gosta dele, não vai lá. Será que gostaria que fizessem o mesmo no partido dele?
    Respeite se quer ser respeitado.

    • Cuidado porque anda por aqui muita juventude da 3ª idade que se recusam a comer tudo o que lhes queiram dar ou impor, quanto a respeito e educação de facto parece vir a perder peso de há 45 anos para cá, também não encontrará certamente nesse senhor um bom exemplo de respeito depois da rasteira política que aplicou a José Seguro.

    • “Esta “juventude” é que não tem educação, respeito pelo próximo, pela democracia. ”

      Não posso estar mais de acordo com esta afirmação, não são todos os jovens, mas existe uma clara diminuição em alguns valores.
      Infelizmente todos, de alguma forma, fomos assim, podíamos mudar o mundo sozinhos e achávamos que sabíamos tudo … depois levamos com a vida nas trombas e crescemos (infelizmente alguns esquecem do que foram e do que fizeram).
      Não concordo em nada com a atitude dos putos, mas esperava mais do nosso primeiro ministro, ele tem obrigação de ser mais maduro, tem a obrigação de ter poder de encaixe para estas situações e mais importante que isso pensar que governa todos os portugueses, não apenas aqueles que concordam com ele.
      Está juventude, apesar de mal educada e de claramente não saber estar, é portuguesa, e quer se goste ou não merece ser ouvida. Eles não foram extremistas ou violentos, apenas não respeitaram as convenções sociais.
      Sendo também governante destes mal educados, e sendo um homem experiente não deviria ter agido como um menino mimado, esperava, dava o micro ao puto, deixava o falar até se cansar, escutava atentamente com aquele sorriso que ele sabe fazer e no final deixava a porta aberta para o diálogo mesmo que 1 hora depois fechasse a porcaria da porta.
      Às vezes estes gajos mal educados tem bons argumentos e boas ideias, só não tem educação para passar a mensagem da forma e nos locais correctos.

  8. Este costa nem depois do passos ter carregado o Zé de impostos, ganhou as eleições. Claro que todos sabem porque é que a troika veio e cortou a direito. Mas com a sua habilidade manhosa, juntou-se à corja esquerdalha (aquelas que dizem que é preciso ir buscar dinheiro onde há) e formou uma geringonça para ir para o poleiro. Dando com uma das mãos e tirando com a outra, enganado parolos, lá se tem aguentado. Há algum tempo já falavam em maioria absoluta, quando da última vez nem as eleições ganharam. Agora farta-se de vender balelas a pensar que o Povo tem a memória curta e não sabe quem eles são…!

  9. Afinal é muito fácil assassinar um primeiro ministro em Portugal. Onde estavam os guarda costas no palco? A esta hora já devem ter sido dispensados. Na América ou Rússia o tipo tinha levado um tiro.

  10. Até me dá um arrepio na espinha se o Costa ganhar com maioria (espero que não). Ainda que não goste nem um pouco dos Direitistas, prefiro votar nos pequenos de esquerda. Não vá o diabo tecê-las e o nosso PM mande vir todos os migrantes para Portugal. Que ganhe o Costa sim mas com maioria é que não, Deus nos livre.

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