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Até as bactérias precisam de espaço. Células esmagadas desligam a fotossíntese

(dr) Kristin A. Moore e Jeffrey C. Cameron

Quando as bactérias ficam esmagadas, podem entrar num modo de defesa e desligar a fotossíntese, concluiu uma investigação recente, levada a cabo por cientistas da University of Colorado Boulder, nos Estados Unidos.

A equipa da universidade norte-americana acompanhou a vida de cianobactérias à medida que cresceram e se dividiram em colónias complexas. Durante o processo, os investigadores descobriram algo inesperado: sempre que estes organismos unicelulares ficavam muito apertados, começavam a desligar o mecanismo essencial para transformar a luz solar em açúcar.

Além disso, estes organismos minúsculos diminuíram ainda mais o seu tamanho, segundo Jeffrey Cameron, professor assistente do Departamento de Bioquímica. As descobertas, que surgem no artigo publicado na Nature Microbiology, fornecem uma nova abordagem sobre a fotossíntese, um processo que sustenta a maior parte da vida na Terra.

Numa colónia, as células do lado de fora são muito expostas à luz, ao contrário das que se encontram no lado de dentro, que têm uma baixa exposição.

Quando Cameron começou a analisar os crescimentos das cianobactérias, o cientista apercebeu-se de que, quanto mais as colónias cresciam, mais esmagadas se sentiam as bactérias do meio. Na sequência desse fenómeno, essas bactérias começaram a “brilhar”, sob um certo tipo de luz.

No fundo, as cianobactérias emanavam calor para o meio ambiente, quase como quando um ser humano sua quando se sente muito apertado dentro de um autocarro, por exemplo. Os investigadores descobriram ainda que as cianobactérias no interior da colónia “brilhavam” muito mais do que as das margens, e cresciam muito mais devagar.

Mas por que motivo era interrompida a fotossíntese? A equipa chegou à conclusão que, quando as cianobacterias se tornaram confinadas a um espaço muito pequeno, começaram a perder os ficobilissomas, uma estrutura baseada em proteínas que recolhe a luz solar, transportando-a depois para os locais de reação, onde a energia é convertida em glicose.

Cameron espera que estes resultados ajudem os cientistas a desenvolver “micróbios feitos à medida” capazes de, no futuro, transformar luz em eletricidade.

ZAP //

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