Novo ataque a civis. NATO classifica Rússia como ameaça direta, enquanto Boris acusa Putin de “masculinidade tóxica”

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Kiko Huesca / EPA

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.

As forças de reação rápida da NATO, que irão aumentar dos atuais 40 mil para 300 mil, estarão “prontas até ao próximo ano” e serão atribuídas a países do leste da Europa, anunciou esta quarta-feira o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.

“Iremos tomar a decisão agora, e depois vamos começar a implementação”, estando “disponíveis e prontas no próximo ano, esse é que é o plano”, afirmou Stoltenberg, sublinhando, à entrada da cimeira dos chefes de Estado e de Governo da Aliança Atlântica, que decorre em Madrid, que “a Rússia representa uma ameaça directa à segurança da NATO”.

Stoltenberg afirmou que as forças em questão vão ser “pagas e organizadas pelos diferentes Aliados NATO, ficarão baseadas nos seus países de origem mas vão ser atribuídas previamente a países e territórios específicos, para serem responsáveis pela proteção desses territórios”.

“Irão treinar aí, irão aprender a operar em conjunto com as forças de defesa desses países e também iremos preposicionar equipamento, [como] equipamento pesado, reservas de combustível e muitas outras coisas de que irão precisar para poderem operar naquele território específico”, sublinhou.

Também nesta quarta-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que os países da NATO continuarão a fornecer armas à Ucrânia pelo tempo que for necessário.

“É bom que os países que estão aqui reunidos, mas muitos outros também, contribuam para que a Ucrânia possa defender-se – fornecendo meios financeiros, ajuda humanitária, mas também fornecendo as armas de que a Ucrânia precisa urgentemente”, declarou Scholz.

“A mensagem é: continuaremos a fazê-lo – e a fazê-lo intensamente – enquanto for necessário, para permitir que a Ucrânia se defenda”, acrescentou.

Entretanto, a agência de notícias estatal russa TASS relatou os comentários do representante da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, Dmitry Polyansky Segundo este, a operação militar especial continuará até que a Ucrânia “pare de bombardear o Donbas” e “até que nenhuma ameaça” subsista ao seu território.

Enquanto isso, na mesma cimeira, o representante da China, Zhang Jun, afirmou que a agressão russa na Ucrânia tem origem na expansão da NATO para o leste europeu.

Rússia já disparou mais de 2800 mísseis

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, anunciou na terça-feira que o Exército russo já disparou um total de 2.811 mísseis contra as cidades ucranianas, desde o início da guerra em 24 de fevereiro. “Temos todas as provas do que as tropas russas estão a fazer contra o nosso povo”, escreveu no Telegram, citado pela agência Lusa.

Esta quarta-feira, num discurso virtual ao conselho de segurança da ONU, acusou o líder russo Vladimir Putin de se tornar “um terrorista” liderando um “estado terrorista” e pediu a expulsão da Rússia das Nações Unidas, segundo avançou o Guardian.

O chefe de Estado instou a ONU a estabelecer um tribunal internacional para investigar “as ações dos ocupantes russos em solo ucraniano” e responsabilizar o país, sendo necessária uma ação urgente “para fazer a Rússia parar com a matança”, caso contrário, a “atividade terrorista” do país se espalhará para outras nações.

Zelenskyy recordou o ataque a um centro comercial em Krementchouk, na Ucrânia, onde se encontravam mais de mil pessoas, provocando a morte de pelo menos 20. “O míssil russo atingiu (…) de forma deliberada. Eles queriam matar o maior número de pessoas numa cidade tranquila, no centro comercial comum”, observou.

O Presidente ucraniano mostrou uma imagem de um parque de estacionamento cheio, na segunda-feira, em Kremenchuk, evidenciando que é falsa a alegação russa de que o centro estaria desativado. Pelo menos 20 pessoas morreram.

“Por este ato de terrorismo de Estado, como por todos os outros, a Rússia será responsabilizada. No campo de batalha na Ucrânia, pelo reforço das sanções e, claro, no tribunal”, acrescentou.

Esta quarta-feira, a Rússia atacou novamente, atingindo um edifício residencial, em Mykolaiv, no sul da Ucrânia, e causando pelo menos dois mortos. De acordo com o autarca da cidade, Oleksandr Senkevych, oito mísseis atingiram Mykolaiv.

Realidade “é mais assustadora que qualquer filme”

Em entrevista à NBC, Zelenskyy disse que testemunhar as consequências das atrocidades que a Ucrânia alega terem ocorrido mudou a forma como vê as pessoas.

“Houve uma sensação aterrorizante e a perceção de que parecia algo retirado de um filme, um filme de guerra violento. Mas percebo que não é um filme, não é um livro, não é um filme biográfico, não é nada disso. É a realidade. E a realidade é mais aterrorizante do que o filme de que falei”, declarou o chefe de Estado.

E acrescentou: “Agora entendo que a realidade é mais assustadora do que qualquer filme, e o que me mudou ou me surpreendeu foi que antes eu não achava que as pessoas eram capazes disto, que as pessoas são capazes de tais atrocidades”.

“Não sabia que isso poderia ser feito por pessoas que, 30 anos antes, moravam connosco na União Soviética, um único país. Eu nunca pensei que a Humanidade pudesse ser capaz disso, e isso muda a forma como se olha para as pessoas”, acrescentou ainda.

Britânicos acusam Putin de “masculinidade tóxica”

Em entrevista à LBC, o secretário de Estado da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, disse que o Presidente russo tem “síndrome do homem pequeno”.

“Acredito que a visão de Putin de si mesmo e do mundo é uma síndrome de homem pequeno, uma visão machista. Raramente se ouve a frase síndrome da mulher pequena. Ouvimos sempre sobre a síndrome do homem pequeno, e ele tem isso em abundância”, referiu.

Também o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson havia afirmado que Putin não teria começado a guerra na Ucrânia se fosse mulher, descrevendo o conflito como “louco, machista”, em declarações ao canal alemão ZDF.

“Se Putin fosse uma mulher, o que obviamente não é, mas se fosse, realmente acredito que ele não teria embarcado nesta loucura, nesta guerra machista, com invasão e violência que tem. Se quer um exemplo perfeito de masculinidade tóxica, é o que ele está a fazer na Ucrânia”, sublinhou.

Taísa Pagno , ZAP //

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